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"How's life? tell me how is your family"

28 de março

Eu sento no sofá com pernas cruzadas, um coque mal feito no cabelo e uma xícara fumegante de café nas mãos.
Saboreio enquanto passo os canais a procura de algo para assistir. Paro em um reality show de música.
Há uma garota nesse programa que eu admiro e a apresentação dela está prestes a começar. Espero realmente que não demore. Quando a apresentação começa eu estou dando o último gole de café. Pouso a xícara na mesinha de centro e me recosto no sofá.
-Essa garota tem que ganhar o programa.- murmurro pra mim mesma. Ela canta uma música sobre abandonar uma pessoa especial e temer não recupera-la nunca mais. Sou interrompida pelo soar da campainha. Me levanto a contra-gosto para atender. Olho pelo olho mágico e o vejo.
Vestido em uma bermuda e camiseta azul. Com um sorriso tenso no rosto, mas um olhar sincero que quase faz meu coração parar de bater. E alí nas mãos as margaridas. As costumeiras margaridas que ele sempre me trazia.
Abro a porta ainda em choque.
-Adam?
-Oi Lise.
Fora de controle eu me jogo nos braços dele como eu costumava fazer e ele afunda o rosto no meu pescoço como ele costumava fazer. Mas nada é como costumava ser.
Me afasto sem graça dos braços dele e recebo as flores que ele trouxe. Desta vez elas estavam lindas e robustas por causa da primavera.
-Meu Deus, entra.
Ele obedece, tímido. Tira os sapatos, costume que recebeu em casa, e senta no meu sofá. Eu sento na poltrona ao lado e o observo.
Ele parece mais magro, o rosto meio fino. Mas continua lindo como era.
-E aí?- ele pergunta.
Eu não consigo esconder minha alegria.
-Estou indo. Estou tão feliz por ter feito tempo para me ver.
Ele sorri um pouco mais.
-Estou feliz em te ver também. Sorte ter te encontrado aqui. Não avisei nem nada.
-Não tenho saído muito, estou trabalhando em uma música e não sobra muito tempo.
Ele acena com a cabeça.
-Como está a vida?
-Esta tudo bem. Eu me mudei para um apartamento, você soube?- eu fiz que não- Na zona sul ao lado de uma escola. É legal. Da pra ver um parque muito bonito que é perto.
-Sorte sua. Não aguento ter que olhar pra janela da senhora Smith toda manhã.
Ele ri. Senti tanta falta daquela risada que ouvi-la novamente me deixa momentaneamente em paz.
-Me fale sobre sua família!- eu peço- não os vejo á um tempão.
-Estão todos bem. Rodrick, o caçula da minha tia, lembra?- faço que sim- ele passou em uma faculdade no kansas. Minha tia não quer deixar ele ir, mas todos sabemos que ela vai acabar cedendo. Minha mãe ainda pergunta sobre você.
-Fale que mandei um beijo.
-E a sua mãe? Como ela está?
-Bem. Ela comprou uma casa nova e mal vem me ver, há tantas coisas para mudar.
Ele acena com a cabeça.
O silêncio se instaura no ambiente.
-Você está bem.
-Você também está.
-Está trabalhando em um filme novo, não é?-pergunto.
-Estou. Ele consome todo o meu tempo. Sou o principal dessa vez.
-Sério?!- fico feliz.
Mais uma vez o silêncio. A guarda dele está alta. E a culpa é minha. Eu sei o porquê.