Laços de Amor

1° - O Príncipe Encantado

"As vezes sentimentos de felicidade e tristeza parecem estar a bordo de uma enorme montanha-russa, oscilando num sobe e desce constante."

Eu poderia começar essa história com um "era uma vez", mas não estou falando de um simples conto de fadas qualquer, essa história é real e aconteceu comigo...

A minha vida era perfeita, eu tinha os melhores pais do mundo, eles estavam casados há quase trinta anos e eu era o único fruto desse amor, meus pais tiveram dificuldades para engravidar, fizeram todos os tratamentos imagináveis, quando estavam pensando em desistir, fui concebida naturalmente e mamãe sempre me chamou de seu pequeno milagre.

Por ser um bebê tão desejado, meus pais me mimaram muito e eu sempre tive os meus menores desejos realizados. Mas nada era dado de mão beijada, eu tinha que fazer por merecê-lo era tipo a bíblia sabe "É dando-se que se recebe". Lembro-me que quando completei oito anos pedi de presente de aniversário um bichinho de estimação, no dia seguinte papai me levou para o "SOS Rescue" um abrigo para animais abandonados, disse que eu poderia escolher qualquer um daqueles bichinhos, mas seria minha responsabilidade, alimentá-lo e levá-lo para passear. Escolhi uma cadela que não tinha uma das patas traseiras e papai me perguntou o motivo de tê-la escolhido, sendo que existiam  tantos cachorros mais bonitos e com quatro patas.

— Não vê como ela é linda papai? Olha como os olhos dela brilham, ela sorrir com aquele rabinho que não para de balançar, ela nos escolheu para dar amor.

Papai sorriu satisfeito e me deu um beijo na testa. Não sabia eu naquela época, mas papai tinha me levado lá para me ensinar uma lição e eu aprendi que o amor estava além da simples aparência. Ele poderia ter ido em um petshop e escolhido um cachorro de raça exótica e com pedigree, mas se tivesse feito aquilo eu nunca teria conhecido Luna e nunca teria usufruído do seu amor incondicional até o seu último dia de vida.

Chegou o dia que eu completaria quinze anos, a festa dos sonhos de onze entre cada dez garotas. Mamãe vinha planejando aquele momento desde o dia em que descobriu através de uma ultrassonografia que eu seria uma menina.

Minha mãe era uma mulher maravilhosa, a melhor mãe do mundo! No auge dos seus cinquenta anos aparentava muito menos idade, ela não era uma mulher plastificada ou cheia de Botox. Mamãe era linda naturalmente e papai sempre dizia que não existia mulher mais bela.

Meus pais estavam casados há exatos vinte e quatro anos. Os dois se conheciam desde a infância, começaram a namorar ainda na adolescência e viviam um relacionamento de muito amor e cumplicidade.

Quem cresce em um lar onde diariamente presencia o amor  entre duas pessoas, não deseja menos para si próprio e eu sonhava em ter um dia um relacionamento igual ao deles. Quando os dois estavam juntos o ar parecia ter um cheiro diferente, uma energia diferente, quase tão palpável quanto um abraço apertado. Papai e mamãe eram as metades que se completavam.

- Está com os pensamentos no mundo da lua Branca de Neve?

Virei na direção daquela voz melodiosa e escancarei o meu sorriso ao perscrutar aquele rosto tão conhecido e tão amado.

- Quando você vai parar de me chamar dessa maneira mamãe? Não sou mais criança. - ralhei com ela, mas não estava nem um pouco zangada.

- Para mim você sempre será aquela menininha de cabelos compridos que corria pela casa usando um vestido amarelo e azul, fita vermelha no cabelo e dizia ser a Branca de Neve.

- Não mamãe, eu quero esquecer! - coloquei as mãos no rosto fazendo drama. - Eu pagava o maior mico, que vergonha.

- Melanie! - mamãe exclamou. - Você era a Branca de Neve mais linda que já vi.