18° - Por Todos Os Dias

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As escolhas que fazemos nem sempre são as mais fáceis... As vezes podemos magoar alguém no processo...


- Bom dia Melanie, poderia me trazer os documentos que o jurídico enviou ontem? Preciso revisar antes de reenviar para a filial Sul.

- Claro, levo agora mesmo.

Abri a gaveta da escrivaninha e retirei uma pasta vermelha de dentro. Tinha desenvolvido um método para catalogar os documentos de acordo com a sua prioridade. Verde para os de média prioridade, amarelo para os pontos de atenção, vermelho para os urgentes e azul documentos que deveriam ser despachados até o final do dia.

Alisei a barra da minha saia lápis e caminhei até a sala de Vinicius, bati antes de entrar. Ele estava sentado atrás da enorme mesa de Mogno escuro, de cabeça baixa examinava alguns papéis e falava ao mesmo tempo ao telefone. Levantou brevemente a cabeça e fez um gesto com a mão me convidando para sentar. Aproveitei que ele estava distraído e passei a observá-lo. Seus cabelos castanhos claros, estavam como sempre impecavelmente penteados e os raios de sol que entravam pela janela deixava-os brilhantes como ouro.

- Preciso que essa licitação seja analisada com mais atenção, não quero ter nenhuma dor de cabeça futura. - fez uma longa pausa. - Tudo bem Peter, vou deixar essa parte burocrática com você. Assim que estiver com os papéis assinados, me envie por Sedex.

Após finalizar a ligação Vinicius apertou o osso do nariz entre os olhos, ele sempre fazia aquilo quando uma eminente dor de cabeça estava a caminho. Seu rosto estava pálido quando ele levantou a cabeça.

- Desculpe-me por tê-la feito esperar, mas essa licitação está me dando uma tremenda dor de cabeça.

- Você disse que seria uma dor de cabeça futura. - não pude deixar de sorri.

- Será um futuro aneurisma, isso sim.

- Não conhecia esse seu lado dramático.

- Há muito mais coisas que você não sabe sobre mim.

- O que disse?

- Perguntei se você trouxe os papéis, tenho que assinar para enviar ao portador.

- Marquei todas as páginas que devem ser assinadas. - tirei os papéis da pasta e estendi para ele.

- Você está se tornando uma excelente assistente. - Vinicius assinou todas as páginas marcadas e rubricou as outras. - Você teria uma aspirina?

- Você está se tornando dependente de aspirina, tenho um remédio melhor para a sua dor de cabeça. - peguei os papéis recém assinados e os coloquei de volta na pasta. - Me espere aqui, já volto.

- Não irei a lugar nenhum.

Sai da sala e fui até a mesa de Kettner a minha assistente. Isso mesmo, eu a assistente do CEO tinha a minha própria secretária.

- Kettner você já está de saída?

- Saio em dez minutos, precisa de algo? - perguntou solicita.

- Por gentileza ligue para Pablo e diga para ele nos enviar um motoboy, essa pasta precisa ser entregue na Prime S/A o mais rápido possível.

Deixei a pasta nas mãos efecientes de Kettner e busquei dentro da minha bolsa um vidrinho de óleo essencial de cânfora. Quando voltei para a sala de Vinicius o encontrei deitado no sofá no canto do escritório os olhos dele estavam fechados, mas duvidei que ele estivesse dormindo. Abri o vidrinho e derramei algumas gotas nas pontas dos meus dedos, posicionei-me de modo a ter acesso a sua cabeça e comecei a massagear suas têmporas em movimentos circulares. Vinicius manteve os olhos fechados e parecia relaxar cada vez mais, até que começou a ressonar, ele tinha dormido. Com cuidado para não fazer barulho fechei as percianas para diminuir a claridade. Era fim de tarde e o escritório já estava ficando vazio. Despedi-me de alguns colegas que ainda estavam no andar e agradeci pela parceria daquela semana.

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