Capítulo 4

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"Fazer o bem é relevante? Sim! Mas apenas para mostrar a nova realidade adquirida por meio de Cristo na cruz, do contrário, pode ser mais uma tentativa de obter redenção por conta própria, o que é impossível".

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Rodrigo Baia

Ester achou melhor ir ao shopping, com mais opções de lojas, para comprar o presente de Sara. Parou no estacionamento e desceu do carro. Caminhando, viu uma pessoa que não conseguiu descrever ser homem ou mulher, estava vestido com muitas peças de roupas. Só quando se aproximou discerniu se tratar de uma mulher.

- Oi? - chamou Ester, e a mulher que, até então, olhava para baixo levantou a cabeça, sua expressão era de dúvida. Ester observou que seu rosto estava sujo e com manchas avermelhadas.

- Oi - ela respondeu mecanicamente.

- Posso sentar ao seu lado? - perguntou Ester, em pé na sua frente.

A mulher não respondeu.

- Então, como se chama?

- Ninguém quer saber meu nome... - respondeu com rispidez e virou-se para o outro lado.

- Eu estava passando e te vi aqui, então pensei, por que não parar pra conversar com aquela mulher?

- E o que quer conversar comigo? - inquiriu na mesma posição.

- Ah, sobre várias coisas, você pode começar me dizendo como é o seu nome, o meu é Ester.

- Maria da Graça - respondeu desconfiada com aquela garota parada na sua frente.

- Nossa, que nome bonito, graça me lembra de algo muito importante para mim.

- E o que é? - perguntou por fim, percebendo que a garota não sairia dali, pois ela sentou-se, não perto dela, mas em outro ponto da calçada.

- Graça é algo que não pagamos, e me lembra o amor de Deus, que não podemos pagar, nem se tentássemos de tudo, nunca conseguiríamos.

Maria da Graça ficou olhando para Ester e teve estranheza da situação que estava acontecendo ali. Uma menina bem vestida conversando com uma mendiga, havia algo de errado.

- De verdade, o que você quer comigo? - questionou secamente.

Ester viu que a mulher não estava gostando do rumo da conversa, então, tentou outra forma.

- Eu só queria saber como é ser invisível! - Ester exclamou com a esperança que isso impactasse Maria da Graça, e logo percebeu que sim, pois ela ficou com uma expressão de espanto.

- É terrível no início, mas depois acostuma - desabafou cansada, se essa garota desejava fazer mal a ela, sua vida não poderia ficar pior.

- Imagino que sim, mas, nós humanos não nos importamos com ninguém além de nós mesmos. Inclusive, eu conheço uma história que me lembra exatamente isso. Você quer ouvir?

- Pode ser - respondeu sem muito ânimo, percebendo que algumas pessoas passavam observando as duas.

- Havia um homem, que foi do interior para a cidade vender seus produtos, porém, no meio da estrada apareceram ladrões que o roubaram e o espancaram, então, o homem ficou jogado à beira da morte na estrada, todo machucado e ensanguentado... - Ester fez uma pausa e viu tristeza no olhar da mulher, porém, continuou - Passou um homem por ele, olhou-o e disse: Deus tenha misericórdia desse homem. Mesmo assim, foi embora, sem ajudá-lo. Veio então, outro homem, este fez a mesma coisa, apenas olhou e disse: se eu não estivesse tão apressado, eu pararia para ajudar este pobre homem; e seguiu viagem. Então, veio mais outro, e na hora que viu o homem no chão, foi rapidamente ajudá-lo. Pegou alguns remédios que carregava, cuidou de seus ferimentos, o colocou em seu cavalo e o levou até a cidade mais próxima. Chegando a uma pensão, deixou o machucado homem lá, mas antes de ir embora, pagou a conta antecipadamente e ainda a alimentação e os cuidados necessários; e assim o homem pôde viver.

Uma chance para a esperança - DegustaçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora