Capítulo 5

973 133 75
                                    


"Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a sua vida pelos seus amigos".

______

João 15:13

- Ester, Patrícia?! Oi, tudo bem? - Daniel deu um abraço rápido nelas, enquanto Ester o olhava incrédula.

- Que surpresa, não é mesmo? Que mundo pequeno! - Daniel exclamou evitando olhar diretamente para Ester.

- Vocês já se conhecem? - Sara perguntou confusa, observando-os.

- Acho que eu já vi essa cena antes... - Patrícia acrescentou sorrindo baixinho no ouvido de Ester e ela lhe deu uma cotovelada.

- É... sim, nos conhecemos na universidade. Ester está fazendo parte da JCA - Daniel respondeu.

- Ah, entendi. Daniel é meu tutor na universidade - Sara explicou, olhando para as duas com um sorriso.

- O que vocês acham de sentarmos ali? - Daniel convidou tirando o foco de si e apontando para uma mesa. - Temos lugar.

- Tudo bem! - Patrícia respondeu por elas. Seguiram em direção a uma mesa muito bem ornamentada, com uma toalha florida e uma cesta de bombons no centro. Conversaram durante algum tempo, quando Sara, impaciente, levantou-se.

- Vou dar uma volta. - Patrícia e Ester se entreolharam, pois sabiam o que aquilo significava.

Sara avistou de longe quem procurava e foi em sua direção. Pedro conversava com Jeferson.

- Oi, Pedro! - ela exclamou querendo demonstrar descontração, mas seu coração batia descompassado e suas pernas tremiam.

Jeferson, que estava conversando com ele, saiu com alguma desculpa e deixou os dois a sós; deixando Pedro desconfortável. Ele sabia que hora ou outra se encontrariam ali, mas não imaginou que ela fosse até ele.

- Oi, Sara. Parabéns pelo aniversário - cumprimentou calmamente, sem a fitar nos olhos. Desde o momento que chegou a festa, imaginou a hora que a veria, e ali estava ela. A esperança que ele tinha de que ao vê-la não sentiria nada, foi por água a baixo, agora suas mãos suavam de nervosismo.

- Obrigada... Podemos conversar? - Sara perguntou antes que perdesse a coragem. Olhou para Pedro em busca de algum sinal positivo, mas ele mantinha-se neutro, para seu desespero.

- Tudo bem - respondeu se direcionando a um lugar mais afastado, próximo de um banquinho, para que Sara pudesse sentar-se. Ela seguiu ao seu lado.

- E então? - Pedro perguntou tentando não olhar nos olhos verdes de Sara, senão, poderia fraquejar.

- Bom, é que... eu queria saber, como você está de verdade. - Sara estava em dúvida quanto à pergunta. Já havia ensaiado em sua mente tantas vezes o que falaria para Pedro quando tivesse essa oportunidade, e agora estava ali ao lado dele e não sabia o que dizer, sentia-se uma boba.

- Era isso que você queria falar comigo? Eu estou muito bem, obrigado por se importar.

- O que você quer dizer com eu me importar? - Sara não havia gostado do tom que ele usou. - Pedro, estou há dois anos me importando com você e você não vê! - estava difícil manter a postura frente ao ceticismo de Pedro, ela estava tentando, oras!

- Eu não quis dizer isso - se assustou com a declaração repentina de Sara, não esperava por isso. O melhor agora seria se manter na defensiva, o que era para ser apenas uma simples conversa, estava tomando um rumo imprevisível.

- Quis sim, Pedro. Você acha que ninguém se importa com você, é isso? Agora você vai me ouvir! - exclamou consternada, falaria tudo o que guardou esses anos. Fitou Pedro e ele parecia assustado, ignorou isso e começou. - Quando eu soube que você estava em coma, quase fiquei maluca, me desesperei e não saí do seu lado no hospital. Então, quando você acordou, simplesmente me rejeitou. Fiquei sentada naquele corredor o tempo inteiro, esperando você me deixar entrar, todos os dias foi a mesma coisa... você não só excluiu a mim de sua vida, mas todos os seus amigos. Quando voltou para casa, eu ligava todos os dias para saber como você estava, com a esperança que aceitasse falar comigo, mas nunca, Pedro! Nenhuma só vez você quis falar comigo ou me ver, e isso me deixou arrasada, era como se eu não significasse nada para você, como se... - Sara fez uma pausa para tentar controlar as lágrimas que ameaçavam sair e o olhou esperando alguma reação.

Uma chance para a esperança - DegustaçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora