Vida De Roberta

10- Frio lágrimas

-Você usa roupas largas e não quer usar minha camiseta? *ele estica de novo pra mim*

Movo a cabeça negativamente e ele suspira, indo em minha direção.

-Não quero. *me recuo mais ainda*

-Eu também não quero você doente.

-Não quero sua camiseta. *bato minhas costas na parede com tudo, faço uma cara de dor, mas o frio tá mais intenso.*

Ele segura meu braço e me olha assustado:

-Você está congelando! *tenta tirar minha regata, mas puxo de volta* -Coloque a camiseta por bem ou por mal!

Bufo e pego sua camiseta, ele continua parado na minha frente.

-Vira de costas! *tento gritar, mas o frio faz meus lábios ficarem roxos e tremendo, fazendo um som sair falhado*

Ele se vira e cruza os braços, rapidamente tiro a regata e o sutiã e coloco a camiseta, sentindo o aroma do perfume dele (muito bom) e que são maiores que as camisetas de bandas que eu uso.

Passo direto por ele e me sento no sofá. Fico abraçando minhas pernas, porque ainda estou com um pouco de frio.

-Tá melhor ? *ele passa os braços no sofá*

Assinto com a cabeça e fico tentando prestar atenção na TV, mas só ouço o barulho dos meus dentes se batendo.

Sinto um braço quente me rodear e me afasto, ele me olha estranho:

-Você está chateada comigo por aquilo que te falei na piscina? *ele chega mais perto*

Concordo com a cabeça.

-Meu amor, você sabe que eu te acho linda, não sabe? *elege me abraça de novo, dessa vez eu deixo e apoio minha cabeça no seu ombro.*

Nego com a cabeça. Pessoas mentem só pra não te machucar, saber disso machuca mais.
Ele sabe, eu sei que não sou bonita, mas precisa mentir.

Minha avó era a única pessoa em que eu acreditava cegamente no que ela me dizia sobre tudo, ela era uma mãe que eu nunca tive, poderia viver num lugar simples e humilde, mas o carinho que ela me dava era mil vezes melhor do que coisas que meu pai me da de presente que vale uma fortuna, sabe por que?
Porque eu me sentia amada, tinha uma pessoa que cuidava de mim com amor, que se importava com você e ela dizia que apesar de tudo, eu era especial, e eu realmente me sentia especial, até ela morrer e eu ficar sozinha nesse lugar, ela me ensinou a nunca tratar alguém mal pela sua condição financeira, sua raça, seu jeito de se vestir e ela disse que você não deve ter rancor nem ódio de ninguém, que isso destrói pessoas e a você mesmo. Ela era a única pessoa que eu amava e que me amava. E essa pessoa se foi.

Quando percebo meus olhos já estão marejados e eu tento limpar o mais rápido possível, mas o Lucas já percebeu, eu odeio chorar na frente das pessoas, ele me abraça com força e eu retribuo, talvez precisasse de um abraço mesmo.

- Desculpa, e-eu não costumo chorar na frente de ninguém, então, aí me sinto uma estúpida... *sussurro a última parte e tento conter as lágrimas*

-Não tem problema, você não esconde quando está feliz, por que esconder quando está triste? *diz atenciosamente*

-Me sinto frágil, fraca, incompetente, eu não sei explicar, meu pai falava que os fracos choram... *escondo meu rosto que muito provavelmente vermelho*

-Ei, claro que não, então todos somos fracos, inclusive seu pai, duvido que ele nunca chorou, bebês choram, vai me dizer que ele nasceu adulto? *diz rindo*

Solto uma risada e percebo que ele é mais legal do que eu gostaria que ele fosse.