Capítulo 1

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Laura's POV

Todas as vidas são feitas de altos e baixos, de memória inesquecíveis e de pesadelos terríveis, de aventuras inexplicáveis e de deceções inacreditáveis.

Há cinco anos, numa tarde fria de Outono, a vida como eu a conhecia desmoronou. A minha família preparava-se, nesse dia, para o grande jogo de basquetebol da minha irmã mais nova, Daniela.

"- Meninas, os avós chegaram para vos levar! – Ouço minha mãe dizer enquanto procurava algo numa pilha de papéis.

- E vocês não vêm? – pergunta rapidamente Daniela, descendo apressada as escadas.

- Vamos sim querida, só temos de resolver uns problemas, mas chegaremos antes do jogo iniciar. – diz meu pai passando por trás dela, caminhando para junto do seu computador.

- Preparadas? – pergunta o meu avô, abrindo a porta de casa.

- Mas falta a Vanessa – e rapidamente vejo ela descer as escadas – Bom parece que estamos todas. Podemos ir. – afirmo

- Pronto, então vamos para o carro. Até já meninos. - Diz minha avó para os meus pais, antes de abandonar a casa.

- Pai? – chama Daniela e ele encara-a – Prometes que vais chegar a tempo? – o meu pai dá um doce sorriso, levantando-se.

- Prometo chegar a tempo e ser a pessoa que mais vai gritar de cada vez que pontuares. – diz dando-lhe um beijo na testa – Agora vai campeã! – diz dando de seguida um beijo a mim e à Vanessa."

Só de pensar que essa promessa nunca foi cumprida. Que a caminho do jogo, os meus pais tiveram um acidente trágico, que acabara com as suas vidas, fazendo com que ambos tivessem falecido no local, sem existir espaço para despedidas.

Ficamos, desde então, a viver com os nossos avós maternos. Mas assim que Vanessa completou os seus estudos na universidade e começou a gerir os negócios dos nossos pais, mudamo-nos para um apartamento, mesmo ao fundo da rua dos nossos avós.

Vanessa trabalha, agora, como diretora da empresa fundada pelos nossos pais, dando continuidade ao negócio da família. Eu acabei este ano o curso Música, uma vez que pretendo ser cantora, e a Daniela acabou o seu primeiro ano da universidade no curso de Gestão, com uma bolsa estatal para praticar surf.

Última chamada para o voo HA 7858 – soa o altifalante do aeroporto

- Obrigada por escolher a Hawaiian Airlines, tenha uma boa viagem! – ouço a funcionária da companhia aérea dizer, tendo apenas tempo de agradecer com um sorriso.

Assim que chego ao avião, vejo que o mesmo já se encontrava praticamente lotado.

- B16, B17, B18 – ouço Daniela murmurar enquanto caminhava à minha frente – Encontrei! – exclama rapidamente, sentando-se à janela.

- Finalmente férias! – afirma Vanessa assim que se instala de forma cómoda no assento do avião. – Depois de um ano de loucos, preciso mesmo destas férias. – diz, referindo-se ao trabalho.

- Ainda a Daniela conseguiu ajudar-te com o negócio dos chineses. – relembro, fazendo Vanessa concordar.

Daniela é a pessoa mais dedicada que alguma vez conheci. Tanto Vanessa como eu, sempre fomos boas alunas, mas devo confessar que Daniela supera-nos a qualquer nível. Conseguiu entrar na universidade com média de 4.0, sendo que no seu tempo livre pratica surf, tem aulas de espanhol e mandarim e ainda consegue fazer voluntariado.

Além disso, este ano, Vanessa pediu a ajuda de Daniela para finalizar um negócio importantíssimo com o Oriente, sendo que Daniela teve que, muitas vezes, trabalhar durante a madrugada, através de videoconferências, com os chineses, por causa do fuso horário.

Não poderia estar mais orgulhosa dela, que teve de crescer rapidamente depois da morte dos nossos pais, e sei que também eles estariam orgulhosos dela. De todas nós.

Daniela é a mais nova e, apesar de todas termos tido uma forte ligação com os nossos pais, era facilmente percetível que ela era especial. Talvez pelo facto de Daniela ter sido considerada como uma gravidez de risco, obrigando a que a minha mãe efetuasse repouso por completo, durante grande parte do período de gestação. Isso fez com que os meus pais abrandassem um pouco o ritmo de trabalho deles, dando valor ao que realmente importa: a família.

Com o nascimento de Daniela, tudo parecia melhor. Os nossos pais passavam mais tempo em casa, dedicando-se a nós três. Tudo parecia certo, e à medida que Daniela foi crescendo, foi possível notar a forte ligação que ela tinha com o nosso pai.

A Hawaiian Airlines deseja a todos uma ótima estadia, a temperatura em Honolulu é de 28ºC. – termina a voz que soava pelo altifalante do avião, assim que o mesmo aterrou.

Mal descemos, Vanessa pega rapidamente no seu telemóvel.

- Acho que já temos o motorista do hotel à nossa espera. Pelo menos já tenho uma mensagem da direção do hotel a dar-nos as boas vindas a Honolulu e a desejar uma ótima estadia. – afirma assim que abre a mensagem.

- Eles são bastante atenciosos, não são? – questiona Daniela fazendo-me assentir – Vamos que ainda tenho de ir buscar a minha prancha. – diz saindo apressada do avião.

Fomos o caminho todo atentas ao que o motorista nos dizia, aos locais que nos indicava e às pistas que nos dava, quer em relação aos nativos, quer em relação aos comerciantes, dizendo quais os melhores e quais os que aliciavam mais os turistas.

Mal chegamos ao hotel, dirigi-me, juntamente com Vanessa, à receção para fazer o check-in de forma a aproveitarmos o resto da tarde maravilhosa que se fazia sentir.

- Reserva para Marano's. – Vanessa fala e, num espaço de segundos, a rececionista afirma ter tudo pronto para nos acolher, entregando-nos as chaves do quarto.

- Quarto personalizado 707. – afirma – Se precisar de alguma coisa, por favor não hesite em contactar. Vai ver que no quarto tem a lista de telefone com os vários departamentos do hotel. Se tiver alguma questão, por favor disponha. – termina.

-Muito obrigada! – Vanessa responde, pegando nas três chaves e entregando-as a cada uma de nós.

- Quarto personalizado? – questiono para Vanessa, assim que caminhávamos em direção ao elevador.

- Eu não vos disse. Quando estava a fazer a seleção do hotel, este dava para escolher quantas pessoas é que nós queríamos no quarto. E esses quartos chamam-se quartos personalizados. – termina fazendo-me assentir.

Fazemos um pequeno compasso de espera, para que o elevador chegasse ao piso zero e é quando Daniela interrompe os meus pensamentos.

- Laura? – chama, recebendo toda a minha atenção – Aquele ali não é o ex-colega de Vanessa? – pergunta fazendo-me olhar em redor

- Quem? – questiono quando não me apercebo de ninguém familiar. Daniela dá-me uma cotovelada para que olhasse em frente.

- Aquele que andou no mesmo curso que ela, e até está a trabalhar na empresa que queria fazer o negócio com Macau, só que nós conseguimos fazer primeiro! – afirma e tudo que eu consigo ver, à nossa frente, é um rapaz loiro. – Eu acho que ele se chama Riker, Riker qualquer coisa...- termina

-Riker Lynch! – digo recordando-me dele

-Sim, isso mesmo. Não é ele? – questiona novamente fazendo-me assentir.

Rapidamente vejo Riker olhar para trás, na nossa direção, procurando alguém.

- Vanessa? – Ele questiona assim que se depara com minha irmã, atrás de si, na sua diagonal – Vanessa Marano? – repete e consigo ver que Vanessa fica surpresa por o encontrar. – Olá! - é tudo que diz, chegando perto dela.

-Olá, Riker! – Vanessa responde, parecendo um pouco desconfortável

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És simplesmente perfeita - Em atualizaçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora