Daniela's POV
-Eu odeio-te - foi a única coisa que fui capaz de dizer, antes de sair do restaurante.
As vozes de fundo desapareciam entre os meus pensamentos que ecoavam mais alto. Abro a porta do restaurante e a leve brisa que se fazia sentir embate na minha cara, percorrendo pelo meu corpo.
À porta do restaurante havia um banco verde, um pouco enferrujado.
Sento-me.
A minha cabeça anda à roda com as palavras proferidas pelo Ryland.
Mas quem é que ele pensa que é? Grita o meu subconsciente uma e outra vez.
Permito o meu corpo relaxar e encosto-me às costas do banco, encarando o mar longínquo.
A noite estava agradável, com a lua crescente destacando-se dentre as inúmeras estrelas que cobriam o céu, refletindo sobre o mar. Vou ficando a admirar uma e outra estrela, e uma enorme e avassaladora saudade me atinge. Uma memória única e magnifica de há seis anos atrás, na última viagem de família.
"-Daniela, o que estás a fazer acordada a esta hora? – ouço a voz do meu pai vinha do exterior da casa
-Não consigo dormir! – digo continuando a olhar o céu australiano.
Ele não responde, mas não é por isso que olho para trás!
Passado uns breves minutos, ele regressa, colocando uma manta sobre as minhas costas, na qual logo me aconcheguei. Vejo, pelo canto do olho, ele sentar-se ao meu lado esquerdo e estendendo uma caneca de chocolate quente. Não penso duas vezes e logo a pego nela.
Ele não diz nada e ficamos ali, naquele momento confortante durante algum tempo.
-Tu gostas de olhar as estrelas, não gostas? – ele pergunta com a sua voz suave
-Sim, gosto de tentar encontrar a maior parte das constelações. – digo espontaneamente – Mas, aqui, este céu é diferente. – termino e sinto o olhar do meu pai desviar para o céu.
-Algumas daquelas estrela já brilham a milhares de anos! – ele afirma – Sabias?
-Elas estão mortas, não estão? – Pergunto e olho por fim para ele.
Encontrava-se com uma T-shirt branca e uns calções azuis escuros. Tinha a perna esquerda sobre a sua perna direita, e nas mãos segurava também ele um copo de chocolate quente.
Os seus olhos brilhavam, destacando-se da escuridão.
Aos doze anos, consigo perceber eu os meus pais trabalham em demasia e que estas férias são o melhor que lhes podiam ter acontecido.
Não vejo nos seus rostos o cansaço do trabalho, vejo alegria e amor.
-Sim, estão mortas. Mas houve uma altura em que elas eram tão brilhantes que a sua luz continua a viajar através do espaço. – Diz encarando o céu novamente – Nós ainda as conseguimos ver. – afirma, apontando para o céu iluminado
-Como é que tu consegues distinguir aquela que já morreram, daquelas que ainda não? – pergunto curiosa
-Não consegues! É impossível! – Afirma e eu olho novamente para o céu. – É um Mistério Magnífico, não é? – termina e rapidamente concordo com ele."
Os meus olhos estão agora marejados. Sinto o perfume de Laura, e apercebo-me que ela está cá fora, mesmo ao meu lado, sentada no banco verde enferrujado.

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És simplesmente perfeita - Em atualização
Hayran KurguLaura Marano é uma jovem de 20 anos que vive com as suas duas irmãs, Vanessa de 25 anos e Daniela de 18 anos. Juntas irão viver grandes aventuras e descobrir como, viver sozinhas, trará algumas dificuldades. Ross Lynch é um adolescente de 21 anos q...