Capítulo 2

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Assim que chegamos ao aeroporto, encontrei minha amiga Carol já nos esperando ansiosa, com a passagem na mão, balançando acima da sua cabeça com um sorriso nos lábios.
-Nem acredito! - gritou de longe - estou tão ansiosa!
Sorri e a abracei. Minha irmã fez o mesmo, ainda mais contagiada por ter alguém no mesmo ânimo. Eu queria estar assim tão feliz.
-Quem é? - perguntou minha madrasta, a olhando dos pés a cabeça com uma cara incrivelmente enjoada.
-Uma amiga. Meu pai não te disse que não iríamos só nós três?
-Não - comentou, com a cara fechada - achei francamente que ninguém iria atrapalhar nossa viagem em família.
Aquilo foi a gota d'água para me irritar ainda mais. Viagem em família? Ela estava ali justamente para ganhar créditos com meu pai, jamais me considerou da família, jamais me tratou com compaixão. O que ela estava querendo? Me fazer de palhaça?
Peguei minha mala e tentei ficar longe dela o mais rápido possível enquanto não chegava a hora do embarque.
Assim que finalmente anunciaram nosso voo, embarcamos no avião que sequer atrasou mais de 10 minutos e logo já estávamos nos ares.
Não foi uma viagem cansativa, durou apenas três horas, mas poderia ter durado bem mais.
Fortaleza, uma cidade linda, feliz e com incríveis três graus abaixo da linha do equador. Mal pus os pés em solo cearense e senti o sol queimando em nossas cabeças. Comecei a suar no mesmo segundo.
Peguei um grampo do bolso da calça e prendi meu cabelo todo em um coque. Assim que me voltei para a direita, vi a Marcela com a maior cara de quem não estava nem um pouco satisfeita com o destino da minha viagem. Vi seus olhos rodeando para todos os lados, como quem procurava uma volta imediata para o Sul.
-Qual o problema? - perguntei, com um sorriso nos lábios - por acaso não achava que Fortaleza era uma cidade fria, achava?
Seus olhos pararam nos meus. Era óbvio a vontade que eu estava de irritá-la, mas atingi-la não era assim tão fácil quanto me atingir. Ela lançou os cabelos para os lados e abanou-se levemente com sua própria mão.
-Pelo contrário, querida - disse, ironicamente - estou amando essa cidade, aposto que vou querer voltar mais vezes. Não sei se quero voltar para casa um dia.
-Acho justo - falei, tentando causar o mesmo efeito - espero que goste daqui.
E me afastei. Não foi uma boa, pensei. Apesar de querer demonstrar a raiva que eu sentia dela, não era legal ficar a provocando dessa forma. Ela era a nova mulher do meu pai, eu tinha que aceitar; de uma forma ou de outra.
Tentei ocupar meu dia da melhor forma possível. Tentei me animar junto com minha irmã e a Carol, afinal, elas estavam ali por mim. Era o meu pedido, eu deveria estar feliz. Prometi a mim mesma que me esforçaria.
Assim que chegamos em um hotel maravilhoso a beira-mar, vi que poderia ficar satisfeita. Meu pai fez de tudo para que essa viagem fosse perfeita, e eu fiz de tudo para que eu ganhasse finalmente minha independência. Apesar de ter a Marcela ao meu lado, eu lutaria para provar o quão responsável eu poderia ser a quase 3.000 km de distância de casa. E minha satisfação ninguém tiraria de mim.

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Atenção!
Não sei se devo continuar a história. Por favor, se gostou (ao menos um pouco) me diga.
Obrigada de qualquer forma por ter lido até aqui ❤️

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