Capítulo 5 - Sequestrada

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Minha vez na fila estava perto. Até que não demorou muito, pois tudo o que fazíamos era nos descrever em coisas básicas e, além do mais, conheci uma garota na fila muito legal. Ela era loira, baixinha e muito magra, se chamava Natalia. Pegar fila não se tornou tão tedioso conversando com ela.
-De onde você é mesmo? - perguntou, sorrindo.
-Paraná - falei, sorrindo também - e você?
-São Paulo. Detestável, mas irei me mudar pra Minas em alguns dias.
Detestável? Eu amava São Paulo, sentia que era um lugar mágico. Bem, alguns pontos...
-O que veio fazer aqui?
-Viagem em família - falou, fazendo careta e revirando os olhos - todos os anos temos que vir pra cá ver meus tios. E cá entre nós: eu odeio praia.
Estava ali uma pessoa que eu considerava anormal. Se ela não fosse tão legal e receptiva, eu teria saído de perto dela no mesmo instante.
-Eu amo. Não vivo sem.
-Eu amo neve. Amo frio. Estou com saudades do inverno.
Eu sorri, apesar de não concordar. Inverno me dava dores nos ossos das pernas que quase me impossibilitava de andar. Calor, isso sim era vida.
-Loira - disse a mulher do estabelecimento - sua vez.
Ela parecia meio bruta e olhou a Natalia de cima a baixo, colocando a ficha de inscrição sobre a bancada.
A Natalia fez tudo rapidinho. Ela entrou em uma das portas do local. Eu havia notado que todas as garotas entravam por ali, tinha que fazer algo lá dentro. Mas não vi nenhuma sair. Isso me fez pensar que deveria ter outra saída lá dentro e que aquela porta era só para quem estava entrando.
A mulher me estendeu a ficha e fixou os olhos em mim.
-Seu cabelo é ruivo mesmo? - Eu balancei a cabeça. Ela sorriu de canto. - Forte concorrente.
Aquilo era ridículo. Só por causa de um cabelo alaranjado? Ignorei e voltei a inscrição. Pedia nome, idade, cidade, telefone para contato, altura, cor dos olho e dos cabelos. Eu não estava nem um pouco interessada naquilo, então nem sequer forcei a memória para tentar lembrar minha altura exata.
Entreguei a ficha e esperei ela dizer alguma coisa. Ela colocou em uma pilha e voltou a me olhar.
-Entre, eles tirarão uma foto sua para a participação. A saída é pelos fundos.
Agradeci e passei pela porta. Era um corredor longo que dava a outra porta no fim. Era como uma casa, apesar de não ter quadros, nem pinturas, nem nada que enfeitasse as paredes descascadas. Fiquei me perguntado se aquilo era realmente um concurso tão famoso que era capaz de eleger a musa de uma cidade como Fortaleza.
Eu abri a porta e notei que a Natalia ainda estava lá e o fotografo capturava suas poses.
Era uma sa vazia, sem janelas, sem mobília. Tudo o que havia era o fotógrafo, o tripé e a câmera. Ah, e duas portas, sem contar a qual eu entrava.
-Pode sair.
Ela saiu de frente da camera e foi até ele para ver as fotos. Ele as tapou e disse que ela não poderia ver. Mas não só isso: ele disse com uma voz extremamente rude.
A Natalia ficou um pouco vermelha, eu percebi. Ele só indicou a próxima porta e disse que era só segui-la que ela encontraria a saída.
Ela o fez, mas antes olhou pra mim e deu um sorriso tímido, talvez se sentindo envergonhada.
-Fique em frente a câmera - disse ele, já voltando a posicionar a lente voltada para mim.
Fiquei e fiz a pior das caras. Apenas dei um sorriso de lado e nada mais.
Ele a capturou e, sem a mínima vontade, disse que eu poderia sair.
Abri a porta e vi que a Natalia me esperava em um outro corredor longo. Fechei-a novamente e fomos caminhando lado a lado.
Olhei para os lados achando aquele lugar extremamente estranho. Pra quê corredores tão longos? Porque se isolar tanto para tirar duas fotos de cada participante? Afinal, uma foto em frente ao mar não ficaria mil vezes melhor?
-Ele foi grosso contigo - falei, um pouco zangada, lembrando do modo como o fotógrafo agiu.
-Não foi nada. São pessoas que trabalham sem vontade.
Eu concordei, apesar de não ser justificativa. Grosseria era algo inadimicível pra mim.
-Espero que seja a última porta - ela disse, girando a maçaneta - vou pra casa hoje. Não vejo a hora de...
Sua voz foi interrompida por uma enorme mão preta. Ou melhor, uma mão com uma luva preta, que já se seguia por uma blusa preta, calça preta, sapatos pretos e uma máscara preta. Nem um sinal de pele, estava inteiro disfarçado.
Ele arrastou a Natalia até seus braços e, pegando um pano do seu parceiro (que estava vestido igual a ele) colocou sobre suas narinas. E ela desmaiou.
Eu fiquei petrificada na hora, sem entender o que estava acontecendo. Aquilo devia ser a saída! Eu gritava na minha cabeça. O que eles estão fazendo? É alguma pegadinha? Faz parte do concurso?
Ele a arrastou para uma van preta (estávamos na garagem, pelo que parecia) e a jogou em um dos bancos.
Eu olhava para todos os lados. Não tinha nenhum portão, o sol não batia ali, não tinha pessoas... nenhuma saída.
O outro homem veio em minha direção. Eu tinha certeza que era homem pelo seu modo de andar, sua postura, os músculos por baixo da camiseta e o jeito agressivo que me puxou pelos braços com força.
-O que está fazendo? - gritei, tentando me soltar - o que está fazendo?
Ele só me apertava cada vez mais. Pegou o mesmo pano que colocaram no rosto da Natalia e vi seu parceiro colocando algum líquido transparente.
Eu não estava entendendo nada, mas o que eu estava vendo era que aquele líquido não iria causar em mim um bom efeito. Eu vou desmaiar! Minha cabeça gritava. O que vão fazer quando eu desmaiar?
No intuito de me livrar daquilo, mexi meus pés e chutei o vidro de líquido transparente que ele derramava sobre o pano, que se quebrou no chão.
-Essa vagabunda quebrou! - uma voz forte saiu da boca dele - Segura a vadia, caralho!
Ele me apertou com ainda mais força. Pegou o pano mesmo que sem o líquido e colocou em meu rosto.
Eu resisti, tentei desviar ou trancar a respiração de alguma forma... de nada adiantou.
O mundo foi ficando escuro. A última coisa que eu ouvi e senti foi um palavrão e um murro na cara.

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Oi gente! Tudo bom?
Espero que estejam gostando. Desculpa por ser tão enrolada, não consigo ir direto ao ponto! Hahahah
Agora sim chegou a parte de tensão! Não sei se continuo, então se gostou e quer ler mais, por favor, deixe um voto ou um comentário! Obrigada pelas vizualizações que, mesmo sendo poucas, já me deixam muito feliz ❤️

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