I'm a princess cut from marble
Smoother than a storm
And the scars that mark my body
They're silver and gold
My blood is a flood
Of rubies, precious stones
It keeps my veins hot, the fires find a home in me.Yellow Flicker Beat - Lorde.
Acordei sobressaltada, com o coração aos pulos engasgando-me com a falta de ar. Podia jurar que uma bala tinha adentrado uns três centímetros do meu peito e que eu tinha caído imóvel sobre soalho velho. O outro lado da cama está frio.
Sustenho a respiração e olho o meu peito com receio. Expiro calmamente. Foi só um pesadelo. Mas que pesadelo! Pequenos raios de sol invadem o meu quarto por entre os espaços da portada da janela. O relógio digital em forma de "A" marcava seis horas da manhã em ponto.
Elevo o meu corpo, sentando-me na cama. Estico os meus dedos procurando o calor de Persil, a gata mais encantadora do mundo mas encontro apenas a macia colcha de algodão sobre a cama. Persil pertencia a Eveline, a minha irmã mais nova. Deve ter ido ter com ela.
Balanço as minhas pernas para fora da cama e deslizo os meus pés para dentro das pantufas quentes. Havia luz suficiente no quarto para que eu caminhasse sem embarrar em nada. Por entre o corredor frio da nossa casa andei até ao quarto da minha mãe onde encontrei Eveline agarrada a ela, mais uma vez. Olhei os seus corpos entrelaçados num só, Persil aninhada no fundo da cama e voltei a fechar a porta como antes a encontrara.
Dirigi-me para a casa de banho para tomar o meu banho matinal e deslizei o meu pijama entrando no polibã. Gotas de água quente começaram a deslizar o meu corpo, da cabeça aos pés, forçando-me a fechar os olhos automaticamente.
"Aurora, querida?" Ouço a voz da minha progenitora e um sorriso aparece no meu rosto enquanto ensaboo o meu corpo.
"No banho mãe." Apenas disse. Desliguei a água e saí pegando numa toalha branca de pelo macio para me enxugar.
"Despacha-te querida, não queremos que chegues atrasada." Os seus passos miúdos ouvem-se do lado exterior da porta. Tenho a certeza que vai para a cozinha.
Enxuguei o meu corpo e enrolei uma toalha ao meu cabelo castanho liso enquanto que outra já estava enrolada ao meu corpo pálido e magro. Era o meu último dia nesta casa. Partiria, em menos de uma hora, para chegar atempadamente ao Campus da Universidade de Queen Mary.
Chego ao meu quarto olhando todas as malas de viagem que tinha preparado ontem à noite enquanto Eveline chorava no seu quarto por ser o seu último dia comigo. A angústia que eu sempre sinto quando ela está com dor enche o meu peito e ameaça aparecer no meu rosto sob a forma de lágrimas. Agora eu estou realmente em risco de chorar.
Apresso-me a vestir a minha lingerie preta seguidamente das minhas calças de ganga preta apertadas e rasgadas nos joelhos, da minha camisola de lã preta e deslizo por fim os meus pés para dentro das minhas botas estilo de caça.
"Estou pronta." Enxergo Eveline a comer o seu pequeno almoço sentada num dos bancos e Emily, a minha progenitora, a tomar o seu também mas desta vez encostada à bancada.
(...)
Eu posso ver as montanhas que ontem subi com Eveline. Por momentos, sinto saudade de algo...a ideia de partir e deixar aquela pequena aldeia... Sabia que estava certa em ir pois isso decidiria o meu futuro e iria facilitar a minha conexão com o meu grupo de tráfico. O dinheiro seria a duplicar mas o trabalho também.
Ninguém da minha família pequena tinha conhecimento de tal coisa, apenas eu. Evelyn era muito inocente e Emily apenas ainda se culpa pela morte desajeitada do monstro a que chamava de Marido.
(...)
"Vamos ter tantas saudades tuas..." Eveline. Conheço o seu tom de choro e mais uma vez encontro-me em risco de chorar. Sabia que a sua dor era grande mas iria ser compensada.
"Vem cá." Puxei o seu corpo pequeno e abracei-o firmemente fazendo pequenas carícias nos seus cabelos entrançados.
"Temos de ir Eveline." A minha mãe limpa os olhos que lacrimejavam e agarra o corpo da pequena.
"Aurora." Ela berra chorando cada vez mais.
"Deixa Eveline. Não tarda estarei em casa." Sussurrei e esta deixou-se levar pela minha progenitora.
"Adeus, Aurora." Acenei enquanto a minha mãe adentrava o carro e se preparava para conduzir de volta a casa. Era justo.
Alcanço o meu telemóvel e ligo para Julian, um colega de grupo.
Chamada:
"Sim chefe?" O seu tom era rouco e respirações ofegantes ouviam-se do outro lado da linha.
"Cheguei, podes vir buscar-me à entrada?" Limpei a pequena lágrima que ameaçava cair e borrar-me o rosto.
"Estou aí em dois minutos."
Desligou.
Chamada terminada.
Avistei um corpo magro mas musculado correr na minha direcção. Julian. Este aproxima-se e estende os braços para me abraçar. Pouso as minhas mãos no seu peito e encosto a minha cabeça à sua maçã-de-adão.
"O teu quarto é no topo dos dormitórios. A tua companheira é subitamente uma cabra."
"Não te preocupes. Se ela me encher a cabeça, eu expludo com ela." Ambos soltamos umas gargalhadas secas.
"Vamos." Julian acrescenta e separamos os nossos corpos. Eu sabia que ele tinha estado com alguém. Aquele perfume de rosas entranhado no seu pullover não era meu e muito menos era dele. Havia uma ela.
Ambos caminhamos para dentro do Campus, passando o enorme portão verde, dirigindo-nos ao quarto que seria meu dormitório. Quando estávamos quase a chegar ao mesmo, ouvimos pequenos estalos que nos levaram a pensar que seriam de armas a serem carregadas.
O meu olhar cruza-se com o de Julian e o meu corpo desloca-se apressadamente para a porta. Rodo a maçaneta dourada e dou entrada para o quarto. Dois corpos se voltam imediatamente olhando-me com olhar suspeito.
Os meus olhos percorreram o corpo do sujeito moreno que se encontrava vestido todo de preto e aparentava ter os seus vinte anos. O seu cabelo era igualmente preto mas os seus olhos eram cor de mel. Já a sua companheira vestia cores melancólicas e bastante alarmantes para o meu gosto.
Arrasto as malas e puxo Julian para dentro do quarto soltando um sorriso para as duas figuras que me percorriam com o olhar. Julian fez-me sinal de "o dormitório está limpo. Nada de armas" e apenas limitei a mover o meu corpo até ao lado vazio do quarto.
"Bem-vinda, Aurora." O moreno profere num tom rouco e sai do quarto acompanhado da rapariga. Julian franze as sobrancelhas e eu arregalo os olhos ao ouvir o meu nome ser dito com uma naturalidade que só Deus sabe. Mas que raio, como sabia ele o meu nome? Quem é ele?
___________________________________________________________________________________
Bom, é tudo por hoje.
Espero que tenham gostado do primeiro capítulo e tenham vontade de ler os próximos.
Um cheirinho a mistério não faz mal a ninguém.
Com todo o amor,
Blessed Girl xx.
VOCÊ ESTÁ LENDO
The Ringleader {Z.M.} (Terminada) #wattys2016
Fanfiction" Insistes em vícios que te retiram a lucidez. "