11 - Débora

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Muitas vezes somos obrigados a fazer uma mudança se queremos que algo realmente aconteça em nossas vidas. Eu, literalmente, me mudei.

No início do ano eu resolvi me mudar para a casa do meu irmão, Matthew. Era uma cidade totalmente diferente da que eu morava com nossa mãe. Eu estava em busca de um objetivo, e não estava achando nenhum morando lá.

Eu estava com medo. Com medo de não encontrar nada. Então fui em busca da única pessoa que nunca me desapontou desde criança. Meu irmão mais velho. Não foi o suficiente.

Consegui entrar na escola local. Conheci novos amigos, posso dizer que fiz uma boa amizade. Mas ainda não é o suficiente. Não sinto ser o suficiente.

Os dias passam ao meu redor e me sinto deslocada. Como se meu lugar não fosse aqui. Como se eu não fosse fazer falta, caso não estivesse aqui.

Meus pais se separaram a muito tempo. Matthew e eu moramos com nossa mãe, até que ele se mudou alguns anos atrás. Tudo mudou quando ele foi embora. Quando ele estava do meu lado os dias eram cinzas. Quando ele foi embora os dias perderam totalmente a cor. Minha mãe não ajudava muito. Ela nunca estava em casa, e quando nos encontrávamos, ocasionalmente, ela me jogava mais para baixo. Eu não aguentava. Me sentia fraca e inútil. Precisava descontar tudo o que eu sentia em alguém. Precisava gritar. Precisava colocar minha alma para fora para que eu pudesse respirar.

Me sentia triste o tempo todo. Ninguém a minha volta conseguia perceber, e eu me perguntava se era porquê ninguém ligava ou se simplesmente porquê não conseguiam me enxergar.

Mudar de cidade não adiantou. Ainda me sentia triste, e estava disposta a acabar com isso de uma vez por todas. Eu abracei meu irmão antes de ir para a aula. Talvez forte demais. Mas não me importava. Seria o último abraço nosso, eu queria que ele sempre se lembrasse disso.

Eu estava pronta e decidida. Eu me despedi de quem queria e estava confiante do que ia fazer. Até que a campainha tocou.

Era minha nova amiga, Clarie. Me salvando. Eu não tinha palavras para descrever o que estava sentindo naquele momento. Algumas semanas mais tarde descobri que era alívio.

Eu não queria deixar o mundo. Não queria que meus dias fossem cinzas e sem cor. Eu queria abraçar meu irmão mais vezes.

Eu comecei a enxergar o mundo de outra forma. Descobri que pensava melhor quando estava ao ar livre. Encontrei um lugar na praia. Um deck. É meio alto, mas me dá um prazer enorme ao sentir a brisa do vento e poder observar o mar.

Apoio minhas mão na barra minha frente e fico nas pontas dos pés para respirar melhor.

- Não está pensando em pular, está? - ouço uma voz atrás de mim e assusto.

- Você me assustou. - olho para seu rosto e tento me lembrar de onde eu o conheço. Percebo que ele faz o mesmo.

- Você é a irmã do Matthew, certo? - pergunta.

- Sim. - concordo. - Eu não me lembro de você, desculpa. Matthew tem muitos amigos.

- Eu conheci ele - diz sorrindo. - na festa de aniversário da Clarie. Você também estava lá, não é? Eu me lembro vagamente.

- Ah, sim... - começo a me lembrar. - Eu lembro de você. Qual seu nome mesmo?

- Luke. - ele estende a mão em cumprimento. - O seu é Débora, certo?

- Sim. - sorrio.

- Prazer em te conhecer, Débora. - Luke leva minha mão de encontro a sua boca, num gesto digno de um cavalheiro, sussurrando meu nome antes de pousar seus lábios gentilmente em minha pele.

A vida de uma rebelde. [EM MANUTENÇÃO] Onde histórias criam vida. Descubra agora