- O Sr. Willian mandou uma carta, pessoal.- Sérgio gritou no meio da fábrica de massas, onde trabalhava desde de seu início, sendo o braço direito de Willian.
- Leia!- gritou um dos empregados, que não eram muitos, apenas o suficiente para deixar uma pequena fábrica funcionando, que fizeram uma roda em torno de Sérgio, que continha nas mãos um papel.
" Meu estimado amigo Sérgio, muito obrigado mais uma vez por me ajudar tão grandemente. Queria agradecer a vocês amigos trabalhadores, que se empenharam e mesmo eu não estando com vocês, tem trabalhado e deixado a fábrica funcionando. Agora gostaria de colocar aqui a nossa situação. Talvez não pareça tão complicada, porém não se deixem iludir. Sabem que nossa fábrica vem crescendo cada vez mais e mais, e muitas pessoas nos elogiam, tanto que, talvez, possamos abrir filiais nas cidades vizinhas. Mas há um fator que vem crescendo, juntamente com nossa fábrica. A deflação. Depois da segunda guerra fria, em 2090, todos nós sabemos que ela vinha crescendo, e o governo tentou, sem sucesso, escondê-la de nós, porém agora é impossível esconder uma coisa que vem prejudicando a muitos burgueses, e principalmente nós fabricantes. Ou seja mais trabalho... Eu não quero isso e estou tentando resolver o problema, mas é difícil resolver um problema tão grande de tão longe. Além do mais não posso voltar, sabem disso. Meu pai morreu e minha mãe ficou desamparada, desde então venho fazendo tudo para deixá-la feliz, mas ela ficou sabendo de que, seu antigo e melhor patrão, também esposo de sua já falecida melhor amiga, Sr.Doberman havia morrido, e quis visitar a filha dele, que era uma pra ela também, e eu não podia deixá-la vir sozinha, e fazer viagem tão longa, então a acompanhei. Porém ela tinha outros planos, além de visitar e consolar Maryanne Doberman, queria que nos apaixonássemos e nos casássemos, o que só fui saber aqui, quando minha mãe me pediu para levá-la para um encontro. Por isso não vou poder voltar nem tão cedo, pois além de minha mãe não me deixar voltar, eu descobri que Mary desperta em mim sentimentos. Peço a paciência de todos e saibam que não os esqueci.
Willian Clarke."
- O que faremos, Sérgio?- um dos empregados perguntou aflito, enquanto o burburio ecoava.
- Esperemos... Esperemos.
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Maryanne levantou-se animada com a nova ideia que tivera. No meio da noite acordou com sede. Foi a cozinha e, quando abriu a geladeira para pegar água, percebeu que uma música de piano ecoava pelo andar de baixo. Foi então que ela teve a ideia de fazer um baile, um baile gigante onde todos da cidade, e amigos do seu pai fossem convidados.
Maryanne desceu pulando de dois em dois degraus, até que esbarrou-se com alguém e quase caiu em cima da pessoa, só não caiu por estar descalça e de roupão, e não com aqueles vestidos cheios de anáguas.
-Sart. Doberman?! Me perdoe, eu não a vi.- Carlos falou ajeitando a blusa.
-Oh! Não se desculpe, sei que não fez por mal, e eu estava muito agitada.- Maryanne falou com um sorriso de orelha a orelha.
-E o que a deixaria tão feliz, senhorita?
- Nem lhe conto. Mas não se anseie, eu, na verdade, queria que o senhor e a Cintia juntassem todos os empregados na sala de festas que eu gostaria de falar com vocês.
- Sim, senhorita.- falou retirando-se com uma breve inclinação.
Maryanne andou rápido até o quarto de Cassandra e bateu na porta, conservando, ainda, o sorriso gigantesco.
- Oh! Pequena! Mas que surpresa! O que faz aqui? E que sorriso é esse?- Cassandra deu um sorriso de lado, malicioso, mas Maryanne não entendeu. Claro! Mal sabia ela que Cassandra presenciara a cena do "quase beijo" de Willian com ela, pela janela do quarto. Cassandra, agora, só esperava que Maryanne estivesse com aquele sorriso devido ao momento que ela presenciara na noite passada.
- Querida Cassandra! Eu tive, esta noite, uma ideia mirabolante. - falou Maryanne enquanto adentrava o quarto e sentava na cama. "Se quiser dizer que vai casar-se com meu filho..." pensou Cassandra " Eu autorizo, é claro!" - Meu pai, um pouco antes de morrer, me falou uma coisa, na verdade pediu uma coisa, que eu não cumpri. Ele disse: Seja forte, encare o mundo, não desfaleça, mostre confiança e continue meu legado.
E eu fracassei!- Maryanne deu um suspiro. Então entrou Willian pela porta, que até ali ouvia a conversa atantamente. Maryanne surpriendeu-se.
- Não diga isso Mary. Todos ficam fracos quando ha recaídas na vida.
- Sim Will, mas meu pai pediu, eu nem tentei. Assim que ele morreu, o que eu fiz? Me tranquei no quarto e fiquei sentada, no chão, sem fazer absolutamente nada. Comia? Muito raro. Dormia? Se eu disser que todos os dias vi o sol nascer, vocês entendem? Eu estava morrendo aos poucos. Tratava a todos com grosseria, e nem quero me lembrar do que fiz com a Katia, da ultima vez que foi levar meu cafe da manhã. E só Deus sabe o que teria acontecido se Cintia não tivesse cuidado da casa para mim. Eu fui totalmente irresponsável. E me arrependo amargamente. Se voce, Cassandra, não tivesse vindo, eu com certeza agora não estaria aqui, com os meus cabelos novamente bem cuidados, sem aquelas horríveis olheiras, que ainda nem saíram totalmente, ou devidamente vestida, bom não que roupão seja uma roupa apresentável. - Maryanne estava desconcertada, e Cassandra abraçou-a.
- Pequena, nós todos entendemos, e estamos felizes por você não ter deixado o seu passado te dominar por mais um ano. Se anime.
- Sim! Por isso que eu tive essa ideia.- Maryanne exclamou já com o sorriso novamente no rosto.
- Que ideia?- perguntaram Cassandra e Willian em coro.
- Eu vou falar a minha ideia no salão de festas, para os empregados, se vocês quiserem ouvir, venham comigo.- Maryanne falou indo até a porta.
- Eu ainda tenho que trocar de roupa, vão indo vocês dois que eu já vou.- Cassandra falou.
Willian saiu primeiro, Maryanne deu um sorriso para Cassandra e pediu que ela não se atrasasse. Ao sair e virar-se para o corredor, deparou-se com Willian.
- Que susto! Achei que você já tivesse ido.
- Decidi te esperar.- Willian estendeu o braço para para que Maryanne o acompanhasse.
- Que deu em você?- Maryanne falou surpreendida como ele passou a tratá-la melhor, de repente.
- Eu gostaria de conversar com você, depois. Talvez pudéssemos ir ao pomar?!
- Claro! Mas você não me respondeu...- eles chegaram ao salão de festas, onde todos os empregados ja estavam.
- Eu, apenas, estou certo de que ganho mais sendo bondoso.
- Talvez sim! Não se ganha nada sendo mau.- ela falou com um sorriso de lado, intrigada.
- Pois essa foi a conclusão que cheguei.- e então Willian se juntou aos empregados para ouvir o que Maryanne tinha a dizer.
Ela se posicionou de frente para todos de modo que os pudesse fitar.
- Obrigada, pessoal, por me darem um pouco do seu tempo. Eu sei que o que vou falar, talvez assuste alguns, portanto ouçam até o final. Ninguém aqui desconhece a situação financeira desta casa. Todos sabem que o único dinheiro que temos, é o que meu pai deixou como herança. Mas o dinheiro acaba. E como todos sabem tambem, quase a vila toda acha que essa casa não tem mais habitantes. Ontem a noite eu escutei alguém tocando piano, e então me veio a mente uma ideia. Farei um baile e convidarei todos da vila, assim todos verão que ainda há uma herdeira, e será neste baile que eu reatarei os laços econômicos que meu pai um dia teve. Então vou precisar da ajuda e da paciência de vocês para conseguir recuperar a fortuna de meu pai. E não só isso... Precisarei que todos colaborem para organização do baile...- todos a olhavam com felicidade e cochichavam, enquanto Maryanne esperava um resposta e retorcia as mãos ansiosa.
- Estamos esperando suas ordens, senhorita.- Carlos falou tomando a frente. E então todos bateram palmas. Finalmente o"mandato" da casa estava nas mãos de uma pessoa que tinha condições, que para eles era muito forte, mas que ela ainda não havia percebido.
Maryanne então dispensou todos, dizendo que no dia seguinte começariam os preparativos, que hoje teriam apenas de fazer uma faxina na casa inteira, pois no dia seguinte precisaria de todos na cozinha e na decoração. Todos saíram e Cassandra logo veio abraçar Mary a parabenizando.
- Querida sua ideia é ótima. Oxalá que dê certo.- Maryanne agradeceu o elogio e Cassandra despediu-se, não sem antes oferecer sua ajuda, para qualquer coisa.
Encontrando-se sozinha, Maryanne abriu a sacada do salão, que era quase do mesmo tamanho deste e que dava para o lado direito da casa onde tinha um lindo jardim, onde mais ao fundo, podia se ver o pomar e por fim a curva da praia. Foi então que ouviu o som que ouvira na noite passada. O piano era tocado com calma, e a música lindamente ecoada pela acústica perfeita do salão. Maryanne precisava ver quem era. Entrou e viu uma garotinha sentada ao piano. Seus pés não chegavam ao chão, mas isso não fazia com que ela perdesse a postura. Maryanne foi aproximando-se devagar, pois não queria assustar a menina. E quando cegou ao lado do piano foi que a menina percebeu que não estava sozinha, e interrompeu a música, desceu do banco do piano e saiu correndo. Maryanne queria conversar com ela e então, para chamar sua atenção sentou-se ao piano e começou a tocar uma música qualquer. Então não ouviu mais os passos correndo e olhou pra trás. A menina a olhava fascinada.
- Olá! Não queria que tivesse parado de tocar. Venha aqui, não fique assustada.- um pouco receosa a menina, vagarosamente, foi aproximando-se. Quando chegou ao piano, Maryanne apontou um lugar para ela sentar no banco.
- Qual é o seu nome?
- Linda.- a menina respondeu timidamente.
- Legal! Esse nome tem tudo a ver com você, sabia?!
- Minha mãe diz a mesma coisa. E a propósito, você toca muito bem!- Linda falou com um brilho nos olhos.
- Você também toca maravilhosamente. Onde aprendeu?- Maryanne queria saber.
- Uma vez eu e minha mãe fomos fazer trabalho extra em um baile na casa vizinha, pois com a deflação, o salário tem abaixado. Foi lá que vi uma moça tocar, eu fiquei a observando e ouvindo. Quando cheguei aqui novamente, vim até este piano a noite e toquei.
- Você simplesmente tocou?!
- Sim.
- Então você tem um dom. Nossa! Você sabe o nome das notas?
- Não, apesar de que gostaria de saber.
Maryanne queria ajudar aquela garota de alguma forma. Mas logo uma mulher bem mais velha do que ela veio e chamou Linda.
- Desculpe senhorita, mas minha mãe me chama.
- Me chame de Mary.- Linda apenas assentiu e correu para a mãe.
Maryanne subiu para o seu quarto e ficou lá fazendo os preparativos, para colocar em pratica sua ideia.
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Presa no Passado
Fiction HistoriqueDepois da morte de seu pai Maryanne fica sem chão e não sabe o que fazer. As últimas palavras de seu pai foram " Seja forte." Mas ela se mostra indefesa ao mundo depois desse trágico acontecimento. O que fazer? Depois de três anos presa no grande ca...