- Hora vamos! Se você contar para minha mãe isto eu mato você, estamos de acordo?- Willian perguntou assim que percebeu a presença de Maryanne no estábulo e viu que não haveria outro jeito para sua espia não o dedurar, se não ameaçá-la.
Assim que acabou o jantar, todos os empregados foram para o alojamento que ficava a uns cem metros da mansão, onde se dividiam em famílias. Cassandra foi para o seu quarto e trancou-se lá dentro, alegando que iria ler e precisava de calma, porém não se demorou muito para ouvir roncos vindo de lá de dentro. Willian despediu-se de Maryanne rapidamente com um beijo em sua mão e entrou em seu quarto. Maryanne subiu para a sala de artes, onde tinha uma bela visão da praia e ficou sentada no sofá observando-a. Num repente viu um cavaleiro cavalgando na areia e ia em direção ao seu estábulo, sem saber quem era foi ao escritório de seu pai, onde não se tinha tirado nada ainda, e pegou a espingarda dele. Saiu pela porta com todo cuidado possível, para que ninguém a visse. Foi até o estábulo e abriu a porta vagarosamente com uma mão e com a outra apontava a arma para a frente. Foi então que viu que o homem era nada menos nada mais que Willian, porém ele virou-se a tempo de vela com a arma apontada na sua direção. Ele levantou os braços assustado, pois com a luz da lua entrando pela porta não se via o rosto da desconhecida a sua frente, até que ela abaixou a arma foi ao interruptor e ligou as lâmpadas do estábulo.
- Eu não acho justo este acordo, você acha?!- Maryanne riu da situação de medo de Willian e se aproveitou disso.
- O que você quer? O que você quer para não contar para minha mãe que eu estava cavalgando no meio da noite?
- Não entendo por que esta tão preocupado em sua mãe saber disso!?
- Ela já me pediu para não fazer isso, mas não consigo evitar. Eu adoro cavalgar, principalmente à noite, mesmo ela dizendo que eu posso cair quebrar alguma coisa e morrer por ninguém ter ido me socorrer. Eu não quero que ela saiba porque não quero ocupada com mais uma preocupação.
- Para eu não contar para ela...-Maryanne falou enquanto caminhava em direção a sela pendurada em uma das cercas.- Vai ter que me levar pra cavalgar, agora.
Willian ficou um tanto surpreso, principalmente por ver Maryanne selando uma égua branca, bem na sua frente.
- Tudo bem, porém se começará chorar de medo porque estou indo muito rápido, a gente volta.- Ele falou enquanto via Maryanne calçar as botas femininas que estavam ao lado da égua, dentro da dela.
- Fechado!- Maryanne falou enquanto subia no animal. Willian chegou perto e segurou na sela.
- Chega pra trás!- Ele pediu dando impulso para subir.
- Não você não vai aqui, vai cavalgar no seu cavalo e eu no meu.- ele ficou surpreso, já que damas quase nunca cavalgavam sozinhas, muito menos a noite. Ele deu um sorriso de lado, o que fez Maryanne perder um pouco de seu autocontrole.
- Acho que você, Mary, deveria sentar-se corretamente, como uma dama.- ele falou ao perceber que ela estava sentada da forma que os homens sentavan-se quando iam cavalgar, o que não era muito apropriado para uma dama como ela.
- Me desculpe, mas detesto sentar daquele jeito. Se não se importar ficarei assim, e a propósito quando sairmos daqui estará escuro e ninguém vai ver. Além do mais você não vai contar.-ela criticou sorrindo. Ela saiu na frente em direção à praia, numa velocidade, que podia sentir até o sal da ar litorâneo. Foi aí que percebeu que Maryanne não era mais a garotinha de anos e anos antes, aquela que sua mãe o levava para brincar, não, ela havia crescido, e despertava sentimentos nele. Ele a chamara de criança no outro dia, mas não era verdade.
Willian saiu logo atrás e não deixou de perceber como a noite estava linda. A lua clareava tudo com muita intensidade, o barulho da onda era a única coisa que se podia ouvir, além do barulho dos cavalos e para completar a bela noite Mary estava com ele, sorridente, tanto que as vezes ele até confundia se o brilho da noite era da lua ou de seu olhar.
Maryanne sentia-se livre, mais do que qualquer outra coisa e cavalgou o mais longe que as fronteiras da fazenda podiam deixar,voltou, rodou a casa e percebeu que Willian estava parado, sentado na areia, parecia pensativo. Ela cavalgou até perto e desceu do cavalo apreensiva se devia perguntar o que aconteceu ou não, mas decidiu arriscar.
- O que houve?- Maryanne perguntou sentando-se ao lado dele. O vento estava mais forte agora, e ela agradeceu a Deus em pensamento por ter decidido colocar o vestido comprido, e não o que Katia queria que ela colocasse que era até os joelhos.
- Nada, eu só... Sei lá, parei para pensar.- ele a fitou.
- Às vezes pensar é muito bom, tanto para você como para as pessoas que estão ao seu redor.- Ela falou olhando para o mar.
- Não entendo...
- Quando pensamos, decidimos o que queremos, e decisões precisas são o que as pessoas gostam, ninguém gosta de pessoas indecisas.- ela o olhou novamente.
- Ah! Entendi.- ele sorriu e ela revirou os olhos sorrindo.
Foi então que Willian percebeu que a distância entre eles era pequena... Pequena o suficiente para beijá-la. Um pouco receoso aproximou-se vagarosamente, ela não parecia que ia recuar e o brilho em seus olhos o davam esperanças. Porém uma relinchada os fez parar e olhar para onde os cavalos deviam estar, porém não estavam.
- Ai! Céus! Os cavalos deviam estar aqui. Caramba!- Exclamou Maryanne levantando-se. Willian não gostou nem um pouco dos cavalos serem mais importantes que ele e atrapalharem o momento, mas ver Mary tentando pegar os cavalos o deixou de bom humor novamente.
- Do que está rindo! Me ajude a pegá-los!- ela ordenou enquanto parava na frente dele.
- Sim senhora!- ele fez continência.- Mas você já tentou as maçãs?- ele perguntou tirando de seu bolso uma maçã que estava partida ao meio.
- E o que tem elas?
- Apenas observe!-ele foi em direção estábulo, assobiando, enquanto balançava as maçãs. Os assobios chamaram a atenção dos cavalos, que vieram correndo em direção às maçãs. Assim que chegaram Willian rapidamente pegou as rédeas dos dois cavalos.
Assim que os dois cavalos estavam dentro do estábulo, Maryanne e Willian trataram de tirar as selas deles rapidamente, pois o sono os vencera.
- Boa noite Furacão.- Maryanne despediu-se da égua antes de Willian fechar a porta do estábulo.
Os dois caminharam lado a lado e em silêncio até chegarem ao segundo andar.
- Bom... Boa noite!- Willian quebrou o silêncio quando chegaram em frente à escada que dava para o terceiro andar onde Maryanne iria subir.
- É! Eu, na verdade, gostaria de agradecer. Fazia muito tempo que eu não cavalgava. Eu cavalgava com meu pai, mas quando ele morreu, fazia um anos que ele não cavalgava comigo, na verdade não cavalgaria mais, nunca mais...- Maryanne ficou um tempo em silêncio e levantou o olhar do chão para fitar Willian.- Bom... Obrigada, de verdade, muito obrigada. Boa noite!- ela despediu-se, porém quando virou-se para a escada, Willian segurou seu braço, e a puxou fazendo com que ela virasse para ele.
- De nada! E tenha bons sonhos, Mary!-" Sonhe comigo Mary!" Ele acrescentou em pensamento, deu-lhe um beijo na bachecha e foi-se.
Ela subiu sem entender muita coisa. O comportamento dele estava se tornando estranho, e o pior era que ela gostava disso. " Eu gosto dele, muito." Mau sabia ela que o sentimento era totalmente recíproco.
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Presa no Passado
Fiksi SejarahDepois da morte de seu pai Maryanne fica sem chão e não sabe o que fazer. As últimas palavras de seu pai foram " Seja forte." Mas ela se mostra indefesa ao mundo depois desse trágico acontecimento. O que fazer? Depois de três anos presa no grande ca...