Correndo Riscos

Capítulo 4

Na república... Miguel desce as escadas vestido com uma blusa de capuz.

Miguel -Vou caminhar por aí! -avisou pra Felipe que assistia televisão.

***

Jeff se despede de Diana, afinal já tinha dado a hora da lanchonete fechar.

Jeff -Não quer mesmo que eu te espere?

Diana -Não... Hoje é o meu dia de limpar o chão. -suspira. -Pode ir!

Jeff -Okay, até amanhã!

Diana vê Jeff sair e volta pra trás do balcão procurando as chaves da porta. De repente um garoto de capuz entra.

Diana -Já estou fechando! -diz sem olhar pro garoto.

Miguel -Tudo bem... -suspira desanimado.

Diana ouve a voz do garoto e olha pra ele, vê que é o novo aluno da escola.

Diana -Espera aí! -sorri. -O que você ia querer?

Miguel volta a entrar na lanchonete e com um meio sorriso olha pra Diana, que fica de boca aberta quando vê o rosto descoberto de Miguel.

Miguel -Qualquer coisa pra comer... -diz sem graça.

Diana -Pode deixar comigo! -sorri de lado e começa a preparar um lanche.

Miguel se senta no banquinho do balcão. Diana tira seu sanduíche da chapa, ponha em um prato e da para Miguel.

Diana -Vai querer algo para beber ?

Miguel -Um refrigerante...

Diana -Qualquer um ?

Miguel assenti, Diana pega o refrigerante no freezer e ponha no balcão. Ela olha para fora e percebe nuvens de chuva.

Diana -Acho que vai chover...-comenta.

Miguel fica em silêncio.

Diana -Licença...-ela sai de trás do balcão, vai até a porta e fecha a mesma.

*Miguel*

Enquanto comia o meu lanche, vi Diana indo até uma salinha, e depois voltando com um esfregão e um balde.

Diana -Você gostou do seu primeiro dia de aula? -me perguntou.

Bom não estava me lembrando dela até agora, mas olhando bem ela era aquela garota que estava sentada no fundo com mais duas pessoas. Uma das únicas que não queria chamar atenção, mas mesmo assim conseguiu chamar a minha.

Miguel -Um pouco,aquele colégio é cheio de gente querendo se achar melhor que o outro.

Ela suspirou e voltou a limpar seu chão. Um silêncio constrangedor tomou conto do lugar e então resolvi perguntar:

Miguel -Qual seu nome?

Ela parou de esfregar o chão, me olhou se apoiando no esfregão e disse:

Diana -Diana e o seu?

Miguel -Miguel.

Diana -Gosto desse nome.-sorriu, e que sorriso bonito.

Diana -Você já morava aqui?

Miguel -Eu não morava em lugar nenhum.-ela me olhou confusa -Eu vivia viajando, mas tive que voltar a estudar.

Diana -Entendi.

Miguel -Você mora aqui há muito tempo ?

Diana -Desde sempre.

Assenti e terminei de comer meu sanduíche. Ela me olhou já perguntando:

Diana -Estava bom?

Miguel -Delicioso! -respondi sorrindo fraco. -Quanto é?

Diana -Cinco dólares....-ela me respondeu torcendo o pano.

Olhei na minha carteira, peguei duas notas de cinco dólares e deixei em cima do balcão.

Ela tirou seu avental e guardou em sua mochila. Pegou o prato que comi, lavou, secou e o guardou.

Diana -São somente cinco dólares... -falou olhando pro balcão.

Miguel -Gorjeta...-pisquei para ela.

Ela riu, guardou uma nota na mochila e a outra no caixa.

Apagou as luzes e saímos.

Diana -Mora onde?

Miguel -Numa república pertinho daqui.

Diana -Sei...

Miguel -Quer que eu te leve embora?

Diana -Não precisa, estou acostumada a enfrentar essas ruas todos os dias as 10 da noite.

Assim que nos despedimos, ouvimos uma voz gritando o nome dela, olhamos pra trás e vimos uma mulher morena, com cabelo volumoso, maquiagem forte e roupas vulgares.

Diana -Mereço! -ouvi Diana resmungar.

Miguel -Quem é ela ?

Diana -Minha amada irmã, Munique. -ela revirou os olhos.

Munique -Namoradinho novo mana?

Diana -Nossa! Você é tão ridícula, porque não vai atender seus clientes e me deixa em paz?! -falou saindo.

É, elas não dão bem.

A tal Munique me encarou e disse:

Munique -Dessa você fez uma boa escolha, pica pau!

Diana mostrou seu dedo do meio pra mulher e voltou a andar. Resolvi então ir embora também, e aquela garota estranha continuou a provocar Diana.

*Diana*

Enfim cheguei em casa, aquela puta da minha irmã só me faz passar vergonha. Tirei minha roupa e entrei no banheiro para tomar um banho relaxante. Não parava de pensar naquele aluno novo, o Miguel. Ele é tão diferente é tão lindo.

Sai do meu banho, vesti meu pijama e me joguei na cama, só conseguia pensar em uma coisa: Será que ele vai falar comigo amanhã no colégio?