Cap.15- Pegando Fogo, Literalmente.

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Faziam 2 horas que eu estava sentada no chão sujo e fedorento, tentando me comunicar com minha "mãe". Já estava anoitecendo. Pelas minhas habilidades astrológicas ou astronômicas, não sei ao certo, eram umas seis da tarde.

- Simon, não estou conseguindo. Acho melhor voltarmos para o acampamento.- falei e ele fechou a cara.

- Negativo. À noite é o melhor horário para contatá-la e ela não vai aparecer em um acampamento cheio de lobisomens.

- Tudo bem, mais essa é a última vez, cara. Já estou muito exausta.

- Desde que você se concentre.- ele disse e eu pude sentir que havia esboçado um sorriso.

Fechei meus olhos e abri minha mente. Segundo Simon, eu deveria limpar minha mente de todas as memórias boas, e deixar somente as piores.

Me lembrei de vários momentos que estavam guardados no fundo de minha memória. Momentos que jamais deveriam ser lembrados. Como por exemplo: o dia em que assassinei meu pai, fui estrupada, e inúmeros outros acontecimentos. Acredite, minha vida teve muitas, MUITAS coisas ruins.

- Olá minha querida.- escutei uma voz e abri meus olhos.

Olhei em volta. Não estava na cachoeira, nem no acampamento. Eu estava em uma floresta. A qual nunca havia visto em minha vida. Ela era totalmente negra. A marca da escuridão.

- "Olá, mamãe."- falei irônica.

- Vejo que já se decidiu. Como você quer ser morta? Enforcada, queimada, esfaqueada ou baleada? Pode escolher.

Estreitei minha vista para enxergá-la melhor. A "dona" Morte estava bem, hum...diferente desde o nosso último encontro. Seus cabelos castanhos avermelhados estavam presos em um rabo de cavalo e seu rosto estava totalmente visível. Agora, dava para enxergar perfeitamente sua semelhança comigo. Olhos castanhos, nariz empinado e lábios rechonchudos. Ela possuía uma cicatriz parecida com a minha, porém era em sua bochecha, no lado esquerdo do rosto. Suas vestimentas não eram apropriadas para nossa época. Ela estava com um vestido antigo. Eu diria que ele pertencia ao século XVIII ou XIX.

- Estou aqui para fazer um acordo.- falei séria e ela se resumiu a rir.

- Um acordo? Alguém já te disse que fazer acordos com a Morte é perigoso?

- Desde que nós duas honremos nossas partes desse acordo, não vejo nada de perigoso.

- Muito bem, filha. Você puxou o lado desafiador de seu pai.

- Posso te perguntar uma coisa?

- Já perguntou.- disse e riu.- Mas é claro que pode! Você vai morrer, merece respostas.

- Como você conheceu meu pai? Por que o matou e decidiu virar a Morte?

- Kyra, existem muitos segredos que você não sabe, e talvez nunca saberá. Respondendo sua pergunta: conheci seu pai em um bar. Nós ficamos apenas uma noite e algum tempo depois, descobri que estava grávida.

- Que azar.- Resmunguei bem baixo.

- Pois é. Nunca fui muito sortuda. Seu pai não queria que eu lhe concebesse. Philip queria que eu cometesse um aborto. Um grande filho da puta. Eu neguei e nós nos casamos na semana seguinte, pois lá na Vila, quem não tinha esposo e tem filha é considerada uma vadia.

- Todos sabem disso.

- Pois bem. Depois de 2 meses do seu nascimento, Philip, seu pai, começou a beber demais e a voltar tarde da noite para casa.

- Igual ao homem que assassinei.- comentei, mas Zara me ignorou completamente.

- Suspeitei que ele estava dormindo com outras mulheres. E uma noite, eu o segui. Acabei sendo descoberta e ele puniu-me severamente. Me espancou até eu não aguentar mais, e ateou fogo em mim.

Assim que ela disse isso, sua verdadeira forma, veio a tona. A mesma figura que eu havia visto no primeiro sonho. Metade de seu rosto estava queimado.

- E fui abandonada para morrer. Por sorte, consegui salvar você. Até que uma senhora, sua avó, me acolheu. E me contou sobre a Morte. Disse que se eu matasse a pessoa mais querida e esfaqueasse a Morte, poderia me tornar a mesma.

- Entendo. Que pena que essa foi sua escolha. Quer mesmo matar milhares de Almas?

- Isso é o que mais quero.- respondeu rindo.

- Não pode fazer os outros pagarem pelo seu sofrimento, Zara.

- Claro que posso. Tanto posso, que irei fazê-lo.

- Sinto muito que essa seja sua escolha. Podemos ir direto ao ponto?

- Claro. Faça sua proposta.

- Bom, todos sabemos que você quer cumprir seu ritual.

- Fato. Se veio aqui para me dizer coisas óbvias...- começou, mais eu não a deixei terminar.

- Sua mãe não lhe ensinou que interromper os outros é falta de educação? Deixe-me terminar.- pedi e ela apenas assentiu.- Como estava dizendo, você quer terminar seu ritual. E eu, quero poupar vidas inocentes. Correto?

- Correto.

- Então, podemos facilitar as coisas. Todos se beneficiam, saem felizes.

Ela remexeu- se um pouco e balançou o braço para que eu prossegui-se.

- Eu me entrego e você poupa as vidas inocentes.- Zara pareceu pensativa e depois aproximou-se.

- Oferta tentadora.

- Você só precisa deixar essas pessoas inocentes viverem.

- Viver aonde? Irei destruir esse mundo! Será que ainda não percebeu?

- Crie outro e as mande para lá. Você é a Morte. Creio que seus poderes não tenham um limite muito baixo.

- Tudo bem, Kyra. Mas você terá um prazo. Tem até amanhã à noite para se entregar. No Monte da Morte. Temos um acordo?

- Sim, dona.- respondi friamente.- Eu quero um certificado ou assinatura, para saber que tudo será cumprido.

- Oh, como eu não pude adivinhar? Você é igual a seu pai. Sempre querendo confirmantes.

- Pai? Você não é minha mãe e esse que você diz ser meu pai, também não é sangue de meu sangue. Ele fez muitas coisas macabras. Ninguém assim poderia ser meu parente.

- Na verdade sim, querida. Esqueceu que você também matou algumas pessoas, além de tê-las agredido?- disse sorrindo.- Aproxime-se por favor.

Andei alguns passos a frente, com cuidado. Nunca se sabe quando uma das partes vai trapacear.

- Mais.- disse Zara.

- Sua vez.- indaguei e ela aproximou-se, até ficarmos cara a cara.

- Temos um acordo?- repeti.

- Temos.- ela respondeu e estendeu a mão.

Assim que a apertei, senti uma ardência. Que logo, começou a pegar fogo. Sim, minha mão pegou fogo.

Quando o vi em minha frente, entrei em desespero.

- SUA FILHA DA PUTA! O QUE VOCÊ FEZ?- berrei.

Comecei a balançar, mais o fogo não apagava, só ardia mais é mais.

- Estou apenas selando nosso contrato.- disse rindo.

- TRAPACEIRA!- berrei.

Minhas visão ficou turva e desmaiei. Ou morri, não sei ao certo.

Notinha da autora linda: Olá Friends! Fiquei com muita raiva da Dona Morte. Tomara que ela morra.

O capítulo demorou mais saiu. Me desculpem!

Mas, como se mata algo/ alguém que já está morto?

Bom, meus anjos, vocês gostaram do Capítulo? Espero que sim.

Então, deixe seu comentário, pois, vale ouro. Assim como a sua estrelinha.

Interajam comigo galera! Não sejam leitores fantasmas, por favor.

Por hoje é só. Até o próximo capítulo e Bye Bye :))

Próximo capítulo: 27/02/2016.

Caçadora: "A Verdadeira História Da Chapeuzinho"Onde histórias criam vida. Descubra agora