"Não há nada como a risada de um bebê. A menos que seja 1:00 da manhã e você esteja sozinho em casa."
- Ouviram isso? - Pergunto para as garotas. Uma onda de emoção e medo passa pelo meu corpo.
É a mesma sensação de quando vejo algum filme de terror: é, ao mesmo tempo, uma vontade de acabar o filme, animada com os acontecimentos e com medo e vontade de recuar. Os sentimentos ficam (e estão agora) juntos e embaralhados.
- O quê? - Anabeth diz, rindo meio nervosa. Acho que ela está ficando com medo. Tenho que ajudá-la a sair dessa situação desconfortável. E eu quero sair daqui também.
- Kay, não acha melhor irmos embora? - Pergunto receosa. Eu não sei onde Kay está e, sinceramente, estou com medo que ela pule em mim do nada. - Kay? Sério.
Anabeth dá um sorriso fraco e agradecido para mim.
- Tá, Kay. Já tô com medo. Vaaaamoooo. - Grito.
- Mas você queria conhecer a cidade. - Ouço a voz abafada de Kay vindo de algum lugar à minha frente.
- Mas aqui é mata! Não cidade! - Eu berro em resposta. Olho para trás, e vejo que nem consigo mais ver o parque. - Tá passando do limite! Desculpa, mas eu vou embora! - Grito e me viro.
Começo a caminhar na direção oposta ao grito de Kay, mas paro ao ouvir um barulho de folhas se arrastando ao meu lado direito. Me viro lentamente, assumindo a postura, e ignoro. Continuo a caminhar.
- Chloe, espera! Tô indo com você! - Ouço Anabeth e me viro para ela. Ela está correndo para a minha direção, com as bochechas coradas. Ela parece apavorada. Parece que não gosta de florestas.
Concordo com a cabeça e, quando ela me alcança, continuamos a caminhar em silêncio.
- A Kay gosta de assustar você? - Pergunto, tentando puxar assunto.
- Na verdade, não é do estilo dela fazer essas coisas. Deve ser porque ela quer te impressionar; sabe, como uma nova amiga.
Sorrio carinhosamente para Anabeth. Eu estranho a atitude de Kay: que garota assusta a outra para deixá-la impressionada? Enfim, cada pessoa do seu jeito. É assim que Kay é, e é assim que eu vou aceitá-la.
Um grito desesperado corta meus pensamentos rapidamente. Será que é de Kay?! Será que ela se machucou de verdade?! Essa menina tá me deixando irritada e confusa!
No mesmo momento, me censuro mentalmente por ter sentido isso. Ela só quer minha amizade, e eu preciso da que ela está me oferecendo. É óbvio que ela não quer me irritar.
Respiro pesadamente enquanto corro na direção do grito. Ao mesmo tempo, ouço os passos apressados, a respiração ofegante de Anabeth atrás de mim e um baque surdo de alguma coisa pesada caindo em algum ponto da minha diagonal.
Apresso ainda mais o passo, observando meus obstáculos - galhos de árvores baixos e raízes enormes - e desviando deles rapidamente. Controlo minha respiração mas paro repentinamente. Não paro porque cansei, mas sim por causa das coisas que ouço. Um choro baixinho à minha direita, seguido por uma respiração pesada. E outra leve.
Tem outra pessoa com a Kay.
E eu duvido que seja uma brincadeira.
Sinto meu couro cabeludo suado e colado em minha cabeça e meus pés doendo. Ignoro e meus pensamentos voam a mil: eu preciso deter o agressor de Kay. Pois bem, vamos raciocinar como vou fazer isso: ele sabe que tem pessoas vindo resgatá-la. Eu me viro para Anabeth e, com um gesto urgente, ponho o dedo indicador na boca, pedindo com os olhos e com a mente para que ela faça silêncio.
Ela me vê a alguns metros de distância e para na hora, com os braços erguidos no ar no meio de um movimento.
Continuando... se eu me jogar sobre ele pela frente, vai ser praticamente o mesmo que gritar: "Ei! Estou aqui! Me mata =D!"
Vai ser impossível vencer a pessoa em uma luta corpo-a-corpo, visto que a pessoa deve ter armas. Então vai ter que ser o elemento surpresa. Vou ter que pular nele (a) por cima.
Tenho que agir mais depressa. Subo a árvore que está ao meu lado silenciosamente. Que bom que estou de meia calça grossa, senão eu arranharia toda a minha perna. Chego a um galho mediano e, como os galhos são estranhamente perto uns dos outros, não preciso pular para passar para o próximo galho.
Estou suando. Faz tempo que não faço um exercício assim. Ouço o choro de Kay aumentando, então, finalmente, vejo ela. Ela está quase embaixo de mim, amarrada nos pulsos e nos tornozelos. Ela está com uma mordaça, manchada por sangue, e tem uma dúzia de pequenos cortes em seus braços. Por que você não ficou com ela, me repreendo e me xingo.
Atrás de uma árvore um pouco mais longe, um menino branco se esgueira no tronco. Não pode ser o mesmo menino do meu sonho, penso para mim mesma. Eles são idênticos, mas isso não é importante agora. Quebro um galho pesado ao meu lado, e o garoto olha para o chão abaixo de mim. Ele caminha para lá, sem me ver, e, quando ele pára abaixo de mim, me jogo em cima dele.
Tudo isso durou um minuto.
Caio em cima da criatura, que cai de bruços no chão. Sinto uma dor na bunda e nos pés - que absorveram o impacto. Me sento em suas costas, enquanto a criatura se debate, tentando se levantar ou se virar para me atacar. Vejo que ele tem um facão cheio de sangue na mão direita, então agarro seu pulso esquerdo e coloco ele atrás de suas costas. Pego minha mão livre e pressiono seu outro pulso contra o chão.
Estou ofegante. Nem acredito que eu consegui imobilizar a pessoa!
- Anabeth! Vem rápido!
Ouço passos e vejo ela surgir de trás de uma árvore. Ela está pálida e suas pernas estão cedendo. Seus olhos param no rosto do garoto abaixo de mim, que está se debatendo e gritando de raiva. Sinto minha batata da perna latejar, mas ignoro.
- Eu preciso que você desamarre a Kay! Rápido! Depois chama um policial, ou... não sei, só vai! - Eu falo apressada.
Não me importo se eu esteja parecendo mandona agora. Quero que Kay fique bem.
Anabeth caminha, cambaleante, até Kay. Não consigo ver ela desamarrando-a, pois tenho toda a minha atenção voltada para o garoto embaixo de mim.
Olho pelo canto do olho e vejo Kay se levantar e tirar a mordaça da boca. As duas param na minha frente e vejo que as duas estão chorando. Sorrio para elas.
- Vamos chamar alguns policiais. Segura isso. - Kay fala. Ela está rouca e sua voz está tremida. Concordo com a cabeça e vejo elas correrem pela floresta.
Droga, penso. Ele é muito forte. Eu preciso aguentar. Ele começa a se debater mais forte, e vira a cabeça na direção do meu braço tentando mordê-lo. Vejo que ele tem cortes na lateral da boca. Sinto uma onde de náusea percorrer meu corpo.
Meus braços começam a doer muito. Em um só movimento, ele abre bem os braços, se soltando. Ele apoia os braços no chão e se levanta, me fazendo cair no chão. O garoto se vira para mim, devagar, enquanto eu me levanto num pulo.
Minha cabeça é preenchida por uma só frase: Vou morrer agora.
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O amor é perigoso || Jeff the Killer
FanficChloe estava decidida a continuar com sua vida pacata ao se mudar para a nova cidade: Creepy Stars. Mas, ao se encontrar com o serial killer, Jeff, seus planos são arruinados. Sentimentos novos são descobertos, e suas ações não são esperadas. Chloe...