Capítulo 6

14.3K 1.2K 330
                                    

Waking up, half past five
Blood on pillow and one bruised eye
Drunk too much,
You know what I'm like
But you should've seen the other guy
This ain't the right time
For you to fall in love with me
Baby I'm just being honest
And I know my lies
Could not make you believe
We're running in circles that's why

— Dark Times - The Weeknd Feat. Ed Sheeran

Matheus

Cinco e meia da manhã levantei-me da cama fria que eu usei por apenas dois ou três minutos; Tempo suficiente para que eu calçasse meus tênis. Saí de casa sem comer e nem levar nada comigo além do celular e das chaves do carro. O céu ainda estava escuro e não havia quase ninguém nas ruas, além de alguns trabalhadores que acabaram de se despedir de suas famílias e agora seguem para seus empregos e da parte fitness da cidade que caminhava e corria na companhia de seus amigos caninos.

Não estava na rua para um motivo nobre e saudável como o deles e é por isso que saí da garagem com a Land o mais rápido que consegui. Minha mãe faria um questionário comigo se me visse saindo a essa hora e ainda reviraria seus olhos quando soubesse que meu destino é a casa de Samantha.

Acontece que nem ela sabe o porquê de eu ter essa espécie esquisita de relação com a Samantha. Ela ficava com o Dusley e eu com qualquer uma que me parecesse ser um bom motivo para gastar uma noite. Meus pais, donos de uma das maiores empresas de tecnologia do Mundo, os dela, grandes produtores de microchips. Estivemos um tempo juntos apenas por interesse, onde a família dela financiava muitas coisas para a minha, porém depois que nos livramos da necessidade excessiva de estar ligado à família Collins, eu não precisava estar mais com ela.

O que aconteceu? Nada.

Não terminamos. Continuamos nessa espécie de namoro furado que temos até hoje. Ela tinha seus casos, eu tinha os meus, a classe alta pensava que éramos um casal feliz que vivia sobre pétalas de rosa, a classe baixa via o quão nojentos e impuros éramos ao nos dar para outras pessoas mesmo tendo o título de namorados pairando sobre nossas cabeças.

Não importava, na verdade.

Todo o ser humano é o sujeito podre na oração. Estamos todos com o umbigo sujo e mesmo assim nos importamos em apontar para outras pessoas, como se elas fossem os imundos e não nós. Costumamos nos olhar no espelho todos os dias e sorrimos ao ver o quão belos somos e o quão maravilhosa a vida pode ser para nós, porém, quando alguém falha ou se mostra diferente, somos os primeiros a ascender em nossos cérebros os piores xingamentos e opiniões quando - em muitas das vezes - agimos de maneira pior e deplorável diariamente.

Não me tirei dessa explicação, claro. Sou um dos primeiros a julgar o próximo. Sou um cara podre por dentro e por fora. Não sinta pena, eu mesmo não tenho isso de mim. Nem pena, nem ódio e muito menos vergonha. Sou mais um na estatística e não estou interessado em sair dela.

— Meio cedo, não? — Samantha perguntou quando bati em sua porta.

— Tenho certeza que já estava acordada.

Passei por ela e entrei em sua casa. Não tinha mais nenhuma formalidade com ela. Seus pais estavam viajando a mais de três meses, então a não ser que seus empregados já estivessem de pé, esperando por suas ordens, aqui não teria mais ninguém além de nós dois.

Consequências de Uma Noite - Série Consequências Irreparáveis 1.5Onde histórias criam vida. Descubra agora