Capítulo 4

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Running around chasing hearts
Chasing bodies to fix the parts
I don't know how I reached
This place
So far from heaven, so far from grace
And I want to give in to the pressure
Cause I feel like the city's got the better of me

Drowning Shadows — Sam Smith

Quando o sinal tocou e sinalizou mais um fim do dia na faculdade, arrumei minhas coisas. Já me despedi de Carol por ela estar numa aula extra que eu não escolhi para fazer, então além de ter de passar o dia sem contato com ela, precisava correr para o hospital e enfrentar minha primeira consulta com o obstetra sozinha.

Assustador.

Cheguei ao hospital em poucos minutos, apresentei minha documentação na parte central do lugar e uma senhora gentil já pediu para que eu me direcionasse até o quarto andar. Sentei-me entre outras várias grávidas que já estavam com suas enormes barrigas visíveis. Sem perceber, elas acariciavam seu ventre, sorriam apenas com algum pensamento bobo e deixavam seus olhos brilharem de animação quando eram chamadas uma a uma para entrar na sala de seus respectivos médicos que as acompanhavam desde o primeiro momento.

Desde quando estar grávida passou a ser tão mágico? Acho que desde o instante em que percebi que estava com um bebê dentro de mim, assim como todas elas

— Raíssa Davis — chamou a médica, fazendo meu coração disparar.

Levantei-me e recebi um singelo e confiante sorriso vindo dela antes dos cumprimentos de boa tarde. Direcionei-me para perto de sua mesa e ela apontou para uma cadeira, pedindo que eu me sentasse. Deixei minha mochila no chão mesmo e ela se sentou do outro lado da mesa que nos separava.

Não deixei de notar os detalhes coloridos que ela deixou em seu ambiente de trabalho. Hospitais são muito brancos, limpos e repletos daquele cheiro irritante de álcool e desinfetante, então para se distrair disso tudo, a médica colocou um simples porta retrato seu abraçado a uma garotinha de pele escura e cabelos cacheados e as canetas mais decorativas que já vi. Eram todas de tinta azul, mas com personagens da Disneylândia, embalagens de corações e até mesmo margaridas.

— Senhorita Raíssa, meu nome é Daisy e gostaria de dizer que serei sua médica durante todo o seu tempo de gestação. Porém antes de começarmos gostaria que me dissesse tudo sobre o seu período, de quanto tempo acha que está, se já sentiu algum efeito da gravidez e todas as informações que puder me passar — ela pediu, animada.

Contei-lhe basicamente sobre o dia em que fiz o teste de gravidez. O meu enjoo, a suspeita, o exame de sangue, fiz até mesmo uma pequena conta mental sobre o dia da festa do Seamus e o dia de hoje. Fazia quase um mês e meio que ela aconteceu.

— Vamos fazer um ultrassom para ver como está o desenvolvimento do seu bebê, mas antes gostaria de ver as suas medidas. Sua altura e seu peso para que possamos saber o limite máximo de peso que você pode ganhar durante a gestação, tudo bem? — concordei e me ergui. Subi na balança e deixei que ela visse quanto estava medindo. — Quanto você pesava antes de engravidar?

— Cerca de sessenta e cinco — respondi-lhe e vi que ela fiz uma careta.

— Se você diz que engravidou mesmo há um mês e meio, temos um problema aqui.

Ótimo!

— Mas é algo muito preocupante? — perguntei.

Ela parou de mexer na balança e olhou para os números.

— Vamos fazer o ultrassom e assim posso te dizer algo mais específico, certo?

Fiz que sim, mesmo com o estômago revirando e dizendo explicitamente que não estava nada certo. Minha vida tinha sido uma loucura e a única coisa que eu poderia pedir para que desse certo era essa gravidez, então que fosse algo simples, porque eu não estava nada preparada para receber notícias ruins.

Consequências de Uma Noite - Série Consequências Irreparáveis 1.5Onde histórias criam vida. Descubra agora