Capítulo 11

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They say I'm trouble
They say I'm bad
They say I'm evil
And that makes me glad
A dirty no-good
Down to the bone
Your worst nightmare
Can't take me home

 Rotten to the Core - Descendentes

Matheus

Quando Raíssa completou dezenove semanas, dona Antonella a convidou para um almoço para que as duas pudessem colocar o 'papo em dia' e atualizarem uma a outra sobre a gravidez. Eu voltava de mais um encontro desastroso com a Samantha quando cheguei em casa e as vi sorrindo, brincando e conversando como se fossem velhas amigas. Deixei-as quietas na cozinha e fui para o meu quarto sem pronunciar-me nem dizer que havia chego.

Uma hora depois, exatamente no almoço, ouvi que minha mãe havia pedido para que Raíssa viesse me chamar para que eu juntasse-me à família e comesse com eles. Achei perigoso deixar que Raíssa subisse todas as escadas com aquela barriga cada vez maior, porém, de alguma forma, quis que ela subisse e viesse até meu quarto.

Seu corpo em minha cama agregava uma ótima lembrança ao meu quarto.

No entanto, o momento que eu calculava ser o que ela estaria completando metade de seu percurso, um enorme estrondo de vidro quebrando foi proferido por toda a casa. Tive medo que algo tivesse acontecido com Raíssa, então larguei de qualquer maneira as ferramentas e os parafusos que eu segurava e saí correndo atrás dela. Raíssa estava segurando sua barriga com um mão enquanto a outra tapava sua boca.

Ela estava com os olhos arregalados e isso me aterrorizou. Algo devia estar errado e ela parecia mais do que surpresa.

Surpresa com o que? Com os cacos de vidro quase furando seus pés cobertos apenas por chinelos ou a cachoeira de água que se fazia por entre as peças de mármore dos degraus?

— O que houve? — perguntei-lhe, assustado.

Ela deixou seus olhos caírem para mim, mas, ainda assim, parecia que ela não estava prestando atenção no que eu disse.
— Você se machucou? — minha mãe perguntava repetidas vezes.

Meu pai já havia se juntado a ela e minha avó apareceu pelo canto esquerdo da sala com sua cadeira de rodas motorizada. Os olhos claros cansados e sua expressão esquisita. Nem ela entendia a situação.

— Raíssa! Fala comigo! — eu insisti.

Desci mais um degrau, ficando mais próximo a ela e quase furando meus pés com os cacos do que antes era um copo.

— As bebês... — ela sussurrou, fazendo com que todos ficassem ainda mais ansiosos para saber o que estava acontecendo.

E se algo tivesse acontecido com elas?

— Estão machucadas? — perguntei-lhe.

Ela balançou a cabeça levemente em negativa. Isso me aliviou monstruosamente, mas o gesto foi tão sutil que eu poderia estar viajando.

— Estão chutando.

Meu coração parou.

Raíssa já havia sentido-as tremerem e mexerem, mas chutar foi a primeira vez.

Fiz com que ela descesse as escadas com cuidado e se sentasse no mesmo sofá em que ela fez o curativo em minha testa semanas atrás. E, só assim, deixe-me pôr as mãos em sua barriga para sentir as minhas meninas rebatendo meu contato. Ajoelhado entre suas pernas, com o resto da família atrás de mim. Meus joelhos reclamavam pelo contato com o tapete áspero, mas não me importei.

Consequências de Uma Noite - Série Consequências Irreparáveis 1.5Onde histórias criam vida. Descubra agora