Segue Ardendo - Vondy

Capítulo 7

Acordei com a luz do sol no meu rosto. Que droga! Havia esquecido de fechar a cortina, mas não me culpo, com todos os acontecimentos da noite passada minha cabeça estava a mil.
Olhei para o lado e Any estava dormindo, provavelmente não acordaria por tão cedo, ainda estava com o vestido da festa, não consegui acorda-lá para que se trocasse.
Levantei devagar esfregando os olhos e sentei na cama. Quantas horas são? Pensei ao olhar para janela e ver que o sol já estava bem forte. Peguei meu celular que estava debaixo do travesseiro e vi que já passava de 10 da manhã. Por um segundo pensei e me levantar correndo da cama e ir para o chuveiro pois estava atrasada mas então lembrei que tinha ganhado umas semanas de folga. Respirei aliviada e cai na cama contente por não ter sair para trabalhar pois estava exausta.
Nesse momento me veio todas as lembranças do dia anterior. A voz de Christopher perguntando se eu estava bem ao me encontrar no sofá de uma de suas salas, o modo como ele me olhou, aquele abraço apertado, a pequena discussão, Natália, a carona até em casa, o beijo na bochecha no qual eu torcia para vir um pouco mais para direita... Chega!
Levantei e fui até a cozinha, precisava de um café. Estava procurando a cafeteira que por algum motivo não conseguia me lembrar onde havia colocado quanto à campainha tocou. Fiquei olhando pra porta e pensando em quem poderia ser quando ela tocou novamente e então resolvi ir até lá. Abri a porta e aquele embrulho no estômago apareceu como um toque de mágica.
- Bom dia, Dul. Vim trazer o carro da Any, aqui estão as chaves! - Disse Chris me tirando do bolso um par de chaves com um chaveiro, era rosa, com certeza não seria de mais ninguém a não ser da Any.
- Ah.. Obrigada - Falei ao receber a tal chave.
Eu sempre ficava meio boba quando nos encontrávamos assim de repente, é difícil ver alguém que um dia foi tudo para você assim tão... tão indiferente.
- Any já acordou?
- Não, ainda está dormindo.
Christopher passava as mãos pelos cabelos e vez ou outra disfarçava o olhar quando eu percebia que estava reparando demais na minha roupa. Não tive tempo de trocar de roupa, havia acabado de acordar, atendi a porta do jeito que estava. Um pijama simples, blusinha e short.
- Estou fazendo o café, se quiser pode ficar e tomar com a gente... - Falei tentando parecer educada. Mas como tratar alguém com quem passou anos de sua vida junto como um simples conhecido? Era difícil, mas estava tentando.
- Não precisa, já tomei café. Já vou vindo, fala pra Any que mandei um beijo. - Falou sorrindo com aquele tom de brincadeira que ele adorava.
- Pode deixar - Eu ri. - Mas... Como é que vai voltar pra casa?
- Vou pegar um táxi, não se preocupa.
- Ah, não precisa vai. Eu posso te levar deixa só eu me tro... - Já estava me virando para entrar em casa porém fui impedida por um dos seus braços que seguraram a minha cintura.
- Não precisa. -
Nossos olhos se encontram mas só conseguia pensar em sua boca ali, tão próxima de mim. Que saudades desses lábios...
- Tudo bem, você que sabe. - Falei ainda olhando pra ele.
Ele sorriu.
- Você precisa ficar para ajudar a Any com a ressaca quando ela acordar...
Ele tinha razão.
- Me deseje boa sorte... - Nós dois rimos mas de repente ele parou e ficou me olhando com uma expresso que eu não conseguia explicar o que significava.
- Adoro seu sorriso, sabia?
Ele não podia fazer isso comigo, ele sabia o que estava fazendo.
- Melhor você ir, Any deve estar precisando de mim
Pela reação em seu rosto ele tinha percebido, estávamos próximos demais e isso não poderia acontecer. Sabíamos o que sentíamos um pelo outro mas também sabíamos que não daria certo, nunca tinha dado certo, sempre teve que ser tudo mascarado e escondido de tudo e todos. Isso um dia cansa.
- Até mais, Dul.
Ele se afastou e então desceu pela rua. Fiquei ali parada até não conseguir mais vê-lo e então entrei para fazer o café.
Any ainda estava dormindo, deixei os remédios que ela provavelmente iria precisar para dor de cabeça em cima da mesa e tomei meu café sozinha.