Parte 5

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No seu rosto um sorriso mas eu podia ver em seus olhos que não estava nem um pouco contente com a minha presença ali.
Entramos na casa e o barulho aumentou, um corredor que dava para uma parede com um quadro em nossa frente e uma passagem pela esquerda que provavelmente dava para o resto da casa.
- Fiquem à vontade - forçou um sorrisinho de lado, seria melhor se não tivesse o feito.
- Onde está o Christopher? Viemos ver o aniversariante - Falou Any impaciente com todo aquele charminho que Natália estava fazendo.
- Ele está por aí com os convidados, podem deixar os presentes comigo que vou guardar junto com os outros.  - Novamente esticou um sorriso que conseguiu ser ainda mais irônico que seu olhar.
- Não precisa, nós mesmas iremos entregar a ele, com certeza Christopher vai preferir assim - Any conseguia provocar quando queria e naquele momento ela queria até demais
- Vamos Dul, vamos encontrar o Chris.
Any me puxou e ao final do corredor viramos à esquerda e entramos numa enorme sala que estava cheia de gente para todos os lados.
- Isso só pode ser coisa da Natália, Chris odeia essas festas lotadas, principalmente no seu aniversário - Indagou Any enquanto procurava por ele. Eu concordava com ela, aquela festa não me parecia ter sido ideia dele.
Na sala ele não estava, tinha uma escada que dava para o segundo andar mas as luzes estavam todas apagadas, provavelmente não havia ninguém por lá. Entramos em uma sala onde pessoas jogavam em uma TV enorme e outras assistiam no sofá, porém ele não estava ali também. Fomos para cozinha, casais conversam, alguns caras preparam bebidas e nenhum sinal do Ucker.
Já estava desanimada e me perguntando o que diabos eu tinha ido fazer ali.
Finalmente fomos para o quintal onde a festa estava realmente acontecendo, várias mesas espalhadas pelo gramado, muita gente na piscina e uma música alta que estava fazendo minha cabeça começar a doer. Sentamos em uma mesa e nos serviram bebidas.
- Any, melhor a gente ir embora...
- Tá louca? Não ficamos horas escolhendo uma roupa e nos arrumando pra anda Dulce! Relaxa, daqui a pouco ele aparece
- Não é isso. É que... Eu acho que não devia ter vindo mesmo
- Deixa de besteira, se foi pelo que aquela... a Natália falou, fica tranquila, não deixa o veneno te atingir
Any não gostava dela, isso havia ficado muito claro, mas não parecia ser somente pelo fato dela ser a atual namorada do meu ex. Any sabia de alguma coisa, só não queria me contar.
A cada minuto minha cabeça começava a doer mais, aquela música não estava ajudando. Enquanto isso Any estava super animada dançando com alguns amigos que encontramos por ali. Fui até ela para falar que iria dar uma volta, precisava ficar longe daquele som.
- TUDO BEM DUL, COME ALGUMA COISA, TALVEZ AJUDE - A música estava alta demais ali onde Any estava dançando, era preciso literalmente gritar para alguém pudesse escutar.
Entrei na casa tentando achar um lugar quieto para esperar minha dor de cabeça passar, na sala de estar vi que tinha um corredor debaixo da escada e algumas portas, entrei em uma delas e era uma pequena salinha com dois sofás, uma mesa de centro e prateleiras cheias de livros. Perfeito. Encostei a porta e me atirei no sofá. As mãos tampavam meu rosto, a dor ainda estava ali mas sabia que logo iria passar, só precisava ficar longe de todo aquele barulho. Normalmente isso acontecia quando ficava nervosa e muito tempo sem comer, provavelmente era esse o problema.
Alguns minutos ali deitada e já estava quase pegando no sono quando uma voz aveludada e preocupada me impediu
- Dul? - Essa voz, não podia ser outra pessoa - O que você tá fazendo aqui? - Chegou mais perto de onde eu estava - Está se sentindo bem?
Tirei as mãos do rosto, abri os olhos e o vi parado ali a minha frente. Estava ali paralisada, era como se apenas um órgão funcionasse em mim, meu coração, este batia aceleradamente como se quisesse saltar.
- Você está pálida, quer que eu busque um copo d'água?
Olhei pra ele, nossos olhos se encontram e eu não consegui desviar.
- Eu, eu estou bem. Só estava com um pouco de dor de cabeça, eu...
- Tem certeza? Se precisar que eu busque algum remédio eu posso...
- Não, tá tudo bem. Sério.
Levantei  do sofá e ficamos um na frente do outro, tentava de todo jeito conter a minha respiração, não queria que ele percebesse que estava nervosa por vê-lo.
- Parabéns Chris, trouxe essa lembrança, espero que goste. Estiquei a sacolinha com o presente para ele mas ele não pegou. Se aproximou de mim e passou os braços pela minha cintura, sua cabeça repousou no meu ombro e então eu retribui o seu abraço segurando em suas costas. Ele me apertou ainda mais contra o seu peito  como se quisesse se lembrar da sensação de me abraçar.
- Obrigado, Dul - Falou baixinho perto do meu ouvido o que fez meu corpo todo se arrepiar.
- Você nem olhou o presente ainda - Falei. Ainda estávamos abraçados.
- Eu sei que eu vou gostar... - suas mãos subiram para as minhas costas e me apertou para si uma última vez e então nos soltamos. Ainda estava meio anestesiada com aquela cena mas consegui entregar o presente em suas mãos. Tentei sair da sala mas ele se pôs na minha frente
- Espere eu abrir o presente, não quer saber o que eu vou achar?
- Tá, tudo bem.
Ele estava olhando pra mim enquanto tirava a caixinha do relógio da sacola.
- Acho que já sei o que é - Sorriu. E que sorriso, como eu sentia falta de vê-lo assim.
Abriu a caixinha e pude ver no seu olhar o quanto tinha gostado. Nós podíamos até estar longe um do outro, mas eu ainda conhecia muito bem os seus gostos.
- É lindo, Dul. Obrigado.
Pra minha surpresa ele tirou o relógio que estava usando, pôs em cima da mesinha e então colocou no pulso o que eu tinha lhe dado.
- Eai, ficou bom? - Ele olhou pra mim e deu uma risada, não o culpo. Provavelmente a minha cara de supresa estava tão patética que até eu mesma começaria a rir se conseguisse. Mas naquele momento nem mesmo as palavras eu conseguia pronunciar.
- Ficou.
Ele estava lindo, usando uma blusa social preta com um dos botões desabotoados e calça preta com um cinto escuro. Estava de barba, porém não estava tão grande, estava como eu diria "no ponto certo".
- Que bom que veio. Confesso que achei que não viria..
Estávamos ali, um na frente do outro. O barulho da música estava baixo e abafado. No momento só conseguia escutar com nitidez o som das nossas respirações.
- É, eu vim com a Any. Ela está lá fora, dançando
- Ah, sério? Faz tempo que não vejo a Any, ela deve estar se divertindo
- Sim, ela está. Vamos pra lá assim você pode falar com ela
Sai da sua frente para caminhar até a porta mas ele me parou quando ainda estava do seu lado segurando minha cintura com uma das mãos, nossos olhos se encontram, estávamos próximos demais.
- Sua dor de cabeça já passou?
- Sim.
- Tem certeza?
- Sim. - Um sorriso escapou do meu rosto e então ele também sorriu. Ele não havia me esquecido. Natália podia lhe fazer feliz mas Christopher ainda sentia algo por mim, pude ter certeza quando olhei em seus olhos e no seu sorriso naquele momento. Ainda estávamos conectados.
Sai da sala para procurar Any e ele ficou lá dentro, certamente iria depois. Não pegaria bem nós dois saindo do mesmo lugar assim.

Segue Ardendo - VondyOnde histórias criam vida. Descubra agora