Capitulo 9

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- Bom, vou deixar os pombinhos sozinhos. Já vou indo, a Princesa deve está morrendo de saudade da mamãe..- me levanto da mesa pegando o meu prato da mesa e levando para a pia.

-Te vejo amanhã na facul B - Tha fala me dando um beijo no rosto e indo pra sala abraçada com meu irmão.

- Bye mana, até mais tarde. E se os coroas perguntarem por mim, você não sabe onde eu estou.

- É depois eu que sou a ovelha negra da família.- falo rindo, enquanto saía da casa.

No caminho para casa, penso nessas 24 horas. Bom não é muito do meu feitio transar com dois caras nessas poucas horas, não me arrependo de finalmente ter ficado com o Rafael, isso era o que eu queria a muito tempo. Já o Fernando, foi algo inesperado, mais que bom que aconteceu. Bom agora eles vão ficar na lembrança por um bom tempo, e se um dia eu tiver o privilégio de repetir a dose, que seja.
Nada melhor que sexo casual, pra esquecer um pouco da vida real.

Chego em casa e não vejo os meus pais na sala, devem tá no quintal, eles sempre tiveram a mania de ir para o quintal a tarde, de cuidarem juntos das plantas, e de ficarem lá, pensando na vida e conversando sobre problemas futuros a serem resolvidos. Olhando as vezes para eles, imagino como deve ser bom ter alguém assim ao seu lado, que esteja presente em sua vida, pra compartilhar suas alegrias, rir com você, comemorar junto por cada conquista, está ali pra enxugar suas lágrimas ou até mesmo chorar junto, quando a dor for grande demais, e não se conseguir ser forte um pelo o outro.

Eu me orgulho de poder presenciar um amor tão lindo, que sobreviveu a cada obstáculo que a vida colocou no meio desses longos 24 anos de casados. Hoje é tão difícil um relacionamento durar um ano, imagino como deve ter sido para eles, conseguir passar esses quase 25 anos juntos.

- Oi filha, o que você está fazendo aí parada? Vem cá, nos dá um beijo.- papai me chama, fazendo um gesto com sua mão, que continha uma luva, para não se machucar com os espinhos da roseira.

Foi aí que percebi que estava escorada na porta de vidro do quintal os observando, fui até eles e dei um beijo na testa de mamãe, e outro no rosto de meu pai.

- Eu estava me perguntando, qual o segredo para vocês se aguentarem esse tempo todo? Daqui um mês, vocês vão fazer 25 anos de casados.

- Minha filha, não tem segredo. Acho que cada casal tem que saber como conviver, do que abrir mão um pelo o outro, os dois têm que está disposto a fazerem o relacionamento dar certo.- minha mãe fala olhando para o meu pai com um sorriso de satisfação no rosto, como se estivesse orgulhosa de tudo o que fez para que seu casamento perdurasse até hoje.

- Minha filha, como sua mãe disse, não existe segredo, mas apenas uma fórmula, que nunca falha. No começo do nosso casamento, eu era muito irresponsável, cheguei até a trair sua mãe. Foi quando ela buscou forças na igreja, a qual frequentamos até hoje, naquela época, eu não ia, mais depois que sua mãe lutou muito para me manter na sua vida, eu aprendi a valorizá-la, reconheci que estava sendo um marido terrível para ela. E mudei por ela e por você e pelo seu irmão. Comecei a frequentar a igreja com sua mãe, me converti, e me tornei um novo homem. A fórmula que eu lhe falei, é que se o casal está disposto a lutar um pelo o outro, vê que não importa o que aconteça, o amor é maior que tudo, eles vão permanecer juntos, até que não haja mais amor.

Ouvi cada palavra do meu pai, tentando absolver o máximo de tudo que ele estava me falando. Me despedi deles e subi para o meu quarto pensando em tudo o que eles me falaram sobre o amor. Chego no quarto e encontro a Princesa deitada na minha cama, vou até ela, e me deito ao seu lado. Ela me entende, e fica ali, do meu lado, como se soubesse que eu precisava apenas de sua companhia nesse momento, em que muita coisa volta a minha cabeça. " Os dois têm que está disposto a fazerem o relacionamento dar certo" as palavras da minha mãe, não me saem da cabeça.

Me lembro do meu namoro com o Pedro, onde eu lutei, lutei com todo o meu ser, com todas as minhas forças, com toda a minha alma e coração, para fazer dar certo. Eu nunca achei que amaria tanto uma pessoa como eu amei ele, e eu fiz o possível e o impossível por nós, por ele. Mas ele não estava tão empenhado no nosso amor quanto eu. Não tenho dúvidas quanto a isso, sei que dei o melhor de mim, apenas para uma pessoa que não queria e não soube dar valor. E isso me quebrou de uma maneira que tenho medo de não ter como consertar. Não sei se um dia irei amar tão intensamente novamente, tenho medo que isso aconteça, mais sei que a vida é um longo caminho, que reserva varia surpresa ao seu decorrer. E sei que a válvula de escape que escolhi para toda essa dor, não seja a melhor, mais é a que está me ajudando.

Cada um tem sua maneira de lidar com a dor, e a minha, não fere a ninguém, nem mesmo a mim, pelo menos na maioria das vezes. Sei que meus pais não se orgulhariam de saber que sua filha, faz sexo casual com quem bem quer, que sai para a balada e bebe até perder o equilíbrio, que dança sem se preocupar com o julgamento dos outros. Mais e dai? Eles viveram a própria vida, fizeram seus próprios erros, e aprenderam com eles. Essa é a minha vez, de errar, de viver, de quebrar a cara e se recuperar pra esperar o próximo tombo. Posso até ser nova, nesses meus poucos 22 anos, eu já aprendi que a vida é cruel, não estamos em um faz de conta, que tudo vai ser como queremos. Fomos mandados para um inferno chamado Terra, e que com sorte, acharemos um pouco de felicidade e amor aqui. Caso contrário, apenas confirmaremos que a vida não é justa, e nunca vai ser. Então porque se preocupa com o que os outros acham de mim, do que eu faço ou deixo de fazer? Só temos uma chance de viver, e não sabemos quando e onde ela chegará ao fim. Então é hora de levantar e de fazer tudo que tenho vontade. E que Deus me perdoe.

Levanto e vou para o banho, preciso tirar esse turbilhão de pensamentos e sentimentos de mim. A água escorre pelo o meu corpo e junto com ela, vai embora cada preocupação, pensamento ruim é perturbador. Odeio me lembrar do passado, não gosto de lembrar do tempo em que fui vulnerável, em que só via o lado bom das pessoas, que só esperava o melhor dos outros.
Não amo mais o Pedro, na verdade quando penso nele, não sinto nada com relação a ele, mais sua lembrança me traz à tona, quem eu era, e isso sim, me deixa estranhamente triste, me vem uma mistura de sentimentos que nem sei explicar. Sinto que me foi tirando algo importante da minha essência. A água continua caindo sobre o meu corpo, e só então percebo que estou chorando. Esse vazio no meu peito dói, dói muito. Eu não quis, mais tive que me transformar em uma mulher totalmente diferente do que eu esperava, não tenho desgosto do que me tornei, sei que sou uma mulher, convicta de si, determinada, e tantas outras coisas mais que me fazem ter esta postura impenetrável. Mas sei, que por baixo dessa armadura, ainda tem um pouco daquela garota de 5 anos atrás. Frágil, doce, romântica. Mais isso ninguém precisa saber. Fiz minhas escolhas, que me trouxeram até aqui.

Agora tenho que segui-lo e ver aonde minhas próximas escolhas me levaram.

Não existe destino, existe apenas consequências para os seus atos. Suas atitudes de hoje serão o seu caminho de amanhã. Eu tentei, juro que tentei manter aquela doce Bruna em mim.

Mais os atos do Pedro, fizeram de mim o que eu sou hoje.

Saio do banho, coloco uma leg é uma regata, prendo meu cabelo em rabo de cavalo e pego a Princesa e coloco sua coleira, pego meu celular e os fones de ouvido, e saio para correr com a minha fiel parceira do lado. Só assim para desocupar a mente. Nada melhor que correr ao som de Chandelier- Sia. Não sei porque, mais essa música, me tira do meu corpo, me faz esquecer de tudo, ela me acalma.

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