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ta divido em partes ok?! olhem a mídia e escutem essa música, podia ser do meu mozao

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abby batia os pés nas calçadas irregulares como quem não queria nada, equilibrando o maldito livro verde com sua mochila importunista que caía dos ombros vezes seguidas. a morena sentia uma náusea percorrer o corpo frágil, ansiosa com tudo o que lhe estaria esperando até em casa.

foi quando percebeu que estava no quarteirão anterior de sua casa, então parou subitamente, olhando para cada lado de cada rua que ali cruzava. sentiu um desconforto nos pés e notou um grande x pintado de baixo das botas, sinalizando o lugar correto.

pegou o papel com as maos trêmulas e desdobrou tão rápido que quase lhe rasgou ao meio, segurando-o pelas pontas.

"você costumava brincar nesse quarteirão com a abigail fretcher não é? a casa dela sempre foi amarela, mas esse ano o sr. fretcher a reformou e está rosa.
que tal se você lembrasse desses momentos? mas não antes de seguir indo até o outro lado da rua.

isso mesmo, abbie. vá ate o outro lado!"

que grande merda era aquela? o que abigail tinha com tudo aquilo? mesmo achando uma total bobagem, abby atravessou a rua toda desconfiada. enfiou o livro verde no bolso da mochila e ajeitou melhor o casaco pesado, parando na calçada da casa de abigail.

mais uma vez, ela desdobrou o papel.

"eu estive aqui com você há alguns meses atrás. você não lembra porque estava muito bêbada, então gritou que nós éramos dois babacas e que estávamos sóbrios. aí você bateu com a cabeça nesse poste, bem aí, e chorou até eu lhe consolar.

avance até a esquina da sua casa, abbie."

ela sorriu, porque realmente, não se lembrava. então com as mãos dentro dos bolsos do casaco, abby continuou caminhando até a esquina da sua casa. só parou quando estava escorada no poste, perto dos arbustos da casa de aaron carpenter. outra vez tirou o papel da palma das mãos e deslizou ele pelas pontas dos dedos.

"pois bem, hoje é seus dezessete anos. com jeito de menina inocente e despreocupada, você sabe que aí dentro, um turbilhão de coisas rondam sua cabeça. mas aproveite o seu dia, minha querida, faça com que nada derrube esse sorriso lindo que você tem. sabe quantas pessoas dariam tudo para ver seu sorriso numa capa de revista? e eu sou uma delas. então sorria para mim, ab! sorria para você mesma e espante toda a dor que esconde seu lindo riso.

está na hora de voltar para não casa, não é?

avance até a frente dela."


e ela avançou. se sentia num tipo de jogo esquisito, mas já começava a sentir algo bom subir e descer em seu peito. uma sensação boa, de conforto e atenção.

em frente à sua casa, ela desabou. como aquela casa podia guardar tanto de si? não só aquela, mas como a casa de todo mundo. como, por dentro daquelas paredes grossas e salpicadas, os segredos voavam como algo qualquer. quantas lágrimas, risos e palavras foram carregando aquele lugar. e como, mesmo com tudo isso, ela ainda sentia que ali era seu grande abrigo. fora os braços de um certo alguém, abby sentia que sua casa era seu único refúgio.

e era.

parou, respirou fundo e limpou as lágrimas, pronta para ler outro pedaço do papel.

"você é o meu lar. e sem você, eu sinto que não tenho para onde correr. porque, diante de tudo que passamos e o que eu sei que passaremos, você continua sendo o ser humano mais incrível do mundo.

que tal você entrar e dar uma chegada na sua sala de jantar?"

e abby girou as chaves da porta, entrando segundos depois. o cheiro de lavanda da mãe tomava conta do lugar, mas o que estava pendurado de uma ponta a outra na sala fez a garota suspirar pesado.

fotos de infância de abby, uma por uma, dançando com o vento que agora vinha da porta.

o que estava acontecendo?

fools ♋ shawn [book two]Onde histórias criam vida. Descubra agora