fools ♋ shawn [book two]

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o carro parou exatamente nos portões do local. o pai de abby referiu-se a cameron como paciente e então todos entraram, um silêncio constrangedor pairava dentro do veículo. shawn olhava os outros pacientes no gramado pelo vidro, escorando a cabeça na mão e parecendo bastante assustado com o ambiente. não que ele estivesse com medo, mas só de pensar no fato de que dallas era um deles, seu estômago revirava.

durante o percurso, abby puxou a mão de shawn para agarra-la. o pai e a madrasta caminhavam na frente, a mulher carregando o filho recém nascido no colo, sem nem uma vez trocarem palavras. não era como se os dois jovens também não estivessem fazendo isso, mas abby conhecia o moreno tão bem que entendia qualquer olhar dele. e, naquele momento, o seu olhar dizia que ele não estava completamente certo de entrar naquele lugar.

abby achou estranho o fato de que, pelo que acabara de ouvir de uma das cuidadoras, cameron estava alojado numa cela. embora todos se surpreendessem, ninguém questionou. continuaram andando, agora com uma velha baixa a lhes guiarem.

tudo estava escuro. as paredes grossas tinham uma cor amarelada, juntamente de borrões e mofo. um barulho de ferro parecia vir do fundo do corredor estreito, do tipo que faz seus dentes doerem. o pai de abby cochichava com a mulher, mas a filha não entendia o quê.

"cameron dallas, cela 428 à direita." a velha proferiu, indo mais à frente até a bendita cela para destrancar a fechadura.

eles caminharam devagar, o bebê soltando grunhidos de fome. a madrasta tentou acalma-lo, mas então todos se viram de frente para a cela e uma enorme escuridão cegava os quatro. o pai de abby entrou primeiro e, ao ver o filho deitado na parte superior de uma beliche, o abraçou forte como um urso. cameron parecia chapado, os lábios rachados e uma expressão de cansaço, com roupas sujas e cabelos bagunçados. de chinelos de dedos, o garoto parecia mais um louco.

com as luzes ligadas, abby e shawn entraram também. cameron levantou os olhos lentamente, fitando sua irmã de mãos dadas com mendes. o moreno levantou da cama, e tudo parecia mais pesado. ouve o momento em que se pôde ouvir a respiração de todos, ou quando até mesmo o bebê ficou em silêncio.

shawn pensou que cairia, abby parecia ter o peito sendo esmagado naquela hora. cameron encarou shawn, então uma lágrima derramou dos seus olhos. a irmã olhava para ele com piedade, controlando-se para não correr até ele.

"você veio me ver." ele sussurrou, seus lábios grudando um no outro. ele piscou tão lentamente que, por vezes, abby achou que ele desmaiaria.

shawn abriu a boca para falar alguma coisa, mas nada parecia certo. como se falar para o cara que te batia que estava tudo bem? ele ainda estava magoado demais, as lembranças de london nunca sairiam de sua cabeça. embora sempre tentasse ser democrático, agora ele percebia que não entendia o lado do outro.

cameron também havia perdido alguém pela qual amava.

"eu só vim saber como você tá." shawn balbuciou, com o corpo todo congelado.

cameron olhou para abby, então ele sorriu. não foi uma grande coisa, um sorriso aberto de canto a canto do rosto, mas isso bastou para que todos se tranquilizassem.

"eu estou tentando ser alguém melhor, pai." ele olhou para o homem, entorpecido por um tipo de medicamento.

abby caiu em lágrimas. shawn a segurou, mas ela parecia ter levado um tiro. as palavras de cameron. lhe acertaram como um, fazendo com que a dor sentimental virasse uma dor física.

"e eu perdôo você, shawn. espero que você me perdoe também." disse, a verdade parecendo tão nítida em tudo que ele falava. "às vezes é mais fácil culpar os outros do que a si mesmo."

shawn não sabia o que dizer. talvez fosse isso mesmo. cameron o culpava pela morte de london porque não suportaria a ideia de que o motivo todo era ele. shawn culpava cameron porque não queria admitir a si mesmo que não foi um amigo tão bom assim.

"eu te perdôo, cam." desabafou. "pela nossa antiga amizade."