Capitulo II - Isso é um adeus?

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   Quando Dina e os outros chegaram na sede, o diretor orientou-os onde eram os banheiros, dormitórios e etc. Dina pôde perceber que todos ao seu redor estavam embasbacados com tudo aquilo, ela também estava gostando muito, mas às vezes pegava-se pensando no seu passado, nos poucos, mas bons amigos que tinha. Onde será que eles estavam?  Sentiam sua falta?
- Ei! Dina acorde!- Fala Cristy cutucando-a.
-É um pouco difícil Cristy, estou um pouco preocupada.
-Eu sei, eu sei. Mas, você e eu precisamos de um banho, não lembra da festa de boas vindas que o diretor falou?
   Dina se arrumou, colocou a primeira roupa que encontrou, não ligava muito para a festa de boas-vindas, mas provavelmente falaria com sua mãe. Seu irmão já havia se enturmado com os seus colegas de quarto, era bom em fazer novas amizades. Dina acenou para ele, que por sua vez acenou de volta.   
   Todos estavam se dirigindo para fora da sede. Num palco baixo e improvisado, o diretor chamou a atenção das pessoas:
- Gostaria de saudar a todos, com uma calorosa salva de palmas - dito isso, as pessoas uma a uma iam batendo suas mãos- Agora quero chamar todos os convocados para se fazerem presentes aqui no palco.
   As palmas aumentaram e com muito mais força, Dina viu sua mãe sorridente, fez alguns sinais para chamar sua atenção, mas nada. Eram muitas pessoas, seria melhor esperar a festa acabar e então falar com ela.
   Após um longo discurso do diretor sobre algo que Dina não estava prestando atenção, ele decidiu mudar de assunto, mas não foi o fato de mudar de discurso que chamou a atenção de Dina e sim o semblante do homem, que pareceu passar de feliz para pensativo; como se ele soubesse que a notícia não seria muito agradável as pessoas :
-Agora, eu gostaria de avisar a todos vocês, que devido a nossa precisão extrema ao Projeto MC, vocês só poderão ver sua família duas vezes a cada ano. Sinto muito, mas na nossa vida temos que ter prioridades, e a nossa na ilha é esse projeto.Agradeço desde já a presença de todos e já podem se servir.  -Quando o diretor terminou a frase Dina sentiu seu coração apertar.Não chore agora menina.Não na frente deles. Ela aguentou.Era boa nisso.
   Cristy e os outros estavam tão arrasados quanto Dina; não conheciam praticamente ninguém e era tudo tão novo.Dina havia perdido a fome, decidiu tentar falar com sua mãe, quem sabe quando eles a deixariam vê-la novamente.Dina vê sua mãe descendo do palco. Era sua chance. Deixou Cristy conversando com outras garotas e correu, correu tanto que podia sentir seus pulmões queimando; ela decidiu gritar pela mãe, seria talvez um pouco arriscado, pois e se alguém dissesse que aquela não era a vez dela de ver a sua mãe. Só de pensar naquela possibilidade o olho de Dina enchia-se de lágrimas. Mas então alguém virou-se para trás, era ela , era a mãe de Dina, também com os olhos cheios d'água, ela abriu os braços num gesto desesperado como se precisasse abraçar a filha, mas então um rapaz, alto, negro, com um bom físico, bloqueou o abraço:
- Não ouviu? Só duas vezes, você não é melhor do que ninguém menina-disse ele rispidamene com Dina.
-Oh meu Deus Rafael! Não seja tão bruto com esta pobre jovem.Fale querida com esta mulher, ela é sua mãe? -Dina confirma com a cabeça- mas rápido, tudo bem? Não deixe os outros verem.-falou uma mulher com um tom de voz muito amável.Seja lá quem for ajudou Dina, e era disso que ela precisava
   De certa forma por alguns instantes Dina ficou com raiva de si mesma, não era melhor do que ninguém, não podia falar com sua mãe, não era sua vez. Ela não queria pensar nisso, não agora.
   Jogou-se nos braços da mãe, as lágrimas caíam sem o mínimo esforço por parte das duas:
-Mãe...
-Não temos tempo. Quero que escute bem, eu amo você e seu irmão e por favor Dina eu sei que ele é mais velho, mas sei que é inconsequente, então cuide dele por nós.-fala a mãe dela tirando os fios de cabelos colados nas lágrimas-Lembra da história que eu te contava quando você era pequena? A da borboleta.Pois é meu amor, chegou a sua vez de voar.Vá e que Deus te abençoe.
   Dito isso se abraçaram mais uma vez e a mãe dela entrou em um carro. Era isso, pelo menos por enquanto. Adeus a mulher que Dina nunca havia visto chorar,  adeus a sua mãe.

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