Capitulo 2 Poder das Auras

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Me senti sorrateiro ao passar pelas fileiras da sala de aula quieto e com a cabeça baixa. Havia um tempo que havia decido encarar o mundo e a sociedade, antes disso eu ficava sentado na biblioteca amarrotado em cima de milhares de livros.
Quando digo milhares, é exatamente isso que eu quis dizer.
A parte maior da casa é a biblioteca, e ao passar dos anos, eu o restante da casa sempre que saiamos para nos aventurar pra fora da casa, trazíamos suveniers, a maioria das vezes livros.
Com o tempo, fomos juntando tantos livros que poderíamos facilmente fazermos uma biblioteca comunitária. Se vendêssemos eles, facilmente poderíamos comprar um pequeno país.
Mas de toda forma, não era como se nos faltasse dinheiro. Parte da magia fez com que minha casa produzisse uma renda, mesmo que fosse duvidosa. Ainda sim parecia que plantava dinheiro para suprimir nossas necessidades, que alias eram pequenas. Pois tudo dentro de minha casa era orgânico.  
Um jardim enorme e magnifico, cercado por uma horta com tudo que precisávamos.
Animais na maioria das vezes Elias caçava, mas agora, já que o mundo está cheio de regras, era mais fácil criarmos.
Entregadores nunca achavam a mansão, e eu duvido que até mesmo que o sinal dos satélites conseguiam chegar até até la. Somente na companhia de um de nós que algo de fora conseguia ultrapassar a névoa de confusão que cercava o local.  
Além do mais, o lugar vivia sendo trocado como se fosse magica, e na verdade nem parecia que acontecia tal fenômeno. A vegetação e clima nunca mudava independente de onde íamos parar.
Passei o dedo sobre o meu caderno preto encapado e puxei o ar com força para dentro dos meus pulmões.
Só havia decidido frequentar a escola pois a minha maldição era um tanto quanto social, queria achar alguma brecha, alguém que me suportava ou que pelo menos conversava comigo sem tentar me matar. Pelo menos algo do gênero.
As vezes até achar uma feiticeira para poder desfazer essa maldição traiçoeira que me exilava dos prazeres carnais.
Mas pela minha experiência, eu estava andando á mais de setenta anos por colégios, de um lado para o outro tentando achar algo ou alguém, e mesmo assim, a única coisa que eu conseguia eram, literalmente, surras e advertências de morte.
Mas de toda forma, já havia me acostumado a apanhar.
- Nossa! Que sensação ruim! - comentou uma garota perto de mim.
- É verdade, parece que o mundo vai estourar! - comentou a outra assim nem tão perto.
- Não exagera Amanda, é eu sei bem da onde ta vindo essa merda de sensação. - outra garota falou, e eu juro que senti seus olhos me perseguindo.
- Nossa, é verdade, ele é bem estranho.
Obviamente elas achavam que eu não estava escutando, até por que um dos dons que foram me dados com a deformação da noite fora um belo e formidável alcance das ondas sonoras, minhas narinas também não eram nada mal. Somente meus olhos que não enxergavam quase nada.
Durante a noite, a maldição se duplicava ao me fazer virar um tipo de animal estranho que em nenhuma fabula ou historia já havia visto.
Não era um lobisomem, também não havia nada parecido com um nosferatus ou algo do gênero.
Meu corpo continuava com uma forma humana, mas meus olhos ficavam completamente pretos, igualmente meus braços dos ombros até as unhas que cresciam exorbitantes.
Minhas pernas esticavam de uma forma inumana e parecia que a minha boca rasgava para que minha mandíbula abrisse quase fazendo com que minha cabeça dos dentes de cima pra cima ficassem para trás.
Era inexplicável, mas ainda sim eu achava até atraente. Sei que quando chega a noite eu me olho no espelho, e pelo borro na minha frente, sei que é um ser totalmente diferente de mim.
Um demônio talvez.
Olhei pela janela do meu lado, observando as pessoas enrolando para entrar no colégio. Estavam todos submersos em conversas com seus amigos sorridentes, fumando e brincando.
Eu nunca tive isso, nem mesmo quando ainda não era amaldiçoado.
Lucaro apesar de ser meu amigo, era mais uma disputa diária do que uma amizade. Eu e ele gostávamos de nos colocarmos um acima do outro, com lutas, corridas a cavalo, quem comia mais, nosso ultimo projeto era quem desposaria Maria Anne. A filha de um grande dono de navios, o problema é que quando fomos amaldiçoados, as pessoas viram que algo estava errado. Comigo era obvio, mas com Lucaro demorou um pouco, as pessoas foram aos poucos nos excluindo, até que não conseguíamos mais entrarmos na sociedade como pessoas normais.
- Ei, garoto, você está no meu lugar. - falou um cara se espreguiçando e pondo uma mão em minha mesa.
O ruim de ter essa aura provocativa e sempre estar de cabeça baixa é que todo mundo acha que pode me encher o saco e sair em uma boa, como esse cara.
O excluido com cara de babaca que ninguém come, puta cara de comedor de meleca e ainda veio aqui contar pontos como o fodidão da sala.
- Tem uma carteira vazia na minha frente e uma atrás, escolhe e senta. - comentei.
Quando eu falei, toda a sala parou de conversar e ouviu atentamente, eu senti até mesmo o clima da sala mudar. Algo pesado apertando mais ainda a sala. Eu sabia que todos estavam loucos para sairem socando paredes, era o que a minha voz fazia com as pessoas.
- Esse é o meu lugar. - o cara repetiu engolindo em seco.
- Esse é o meu lugar. - eu mesmo repeti o que ele disse na mesma tonalidade de voz e imitando-o descaradamente.
- Vaza.
- Vaza. - fiz de novo.
O cara ja ia me desferir um golpe, eu tinha certeza, mas uma voz o acalmou.
- Ei, Jonas, para de encher o saco do novato e vai sentar. - comentou um cara e quanto ele entrava na sala de aula.
E foi como se todo o clima ruim tivesse sido apagado, sua aura era tão boa que havia abafado a minha de alguma forma.
Todos estavam correndo para ele fazendo perguntas como:
- Como foi a viagem Mars?

Jupiter e Mars (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora