Uma Nova Esperança

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Apavorada, corro em direção à Dona Maria. Ela se encontra completamente desmaiada, mas pelo menos está viva, então sinto um pouco de alívio. Apesar de hoje ser um dos piores dias da minha vida, eu tenho a plena certeza de que muita coisa ainda está para acontecer. Você deve estar se perguntando: "Como, por exemplo?" Bem fácil! Olha... Pensa comigo... O Sr. Igor entrando em sua casa e se deparando com aquela escrava idiota que acabou de provocar um desmaio em sua querida esposa. Bom, em minha defesa, eu não fiz absolutamente nada. Os filhos dela é que se declararam para mim, especialmente Ricardo. Mas quem é que vai quer saber disso?
Faz, mais ou menos, 1 hora que convenci os meninos de que eles precisavam levar a mãe deles ao médico, mesmo que ela já se encontrasse acordada. Nesse espaço de tempo, pude perceber que eu não quero essa vida para mim, que eu não mereço isso, que eu tenho que fazer alguma coisa. Tenho um colapso e pego as poucas roupas que tenho e saio daquela casa para uma vida nova, algo no qual eu possa mandar em mim mesma.

Nesse momento sinto felicidade por existir uma nova esperança, por ter outra saída. Porém, ela dura poucos segundos; me lembro que não tenho dinheiro ou sequer algo valioso para trocar por comida ou até mesmo um cobertor. Eu poderia muito bem voltar àquela casa e pegar comida ou até mesmo alguma coisa de valor, mas não sou ladra, muito menos desonesta, então descarto essa opção em segundos.

Depois de algumas horas, começo a ficar com fome, mas não chego nem perto de ver algo parecido com a cidade. Por quilômetros e mais quilômetros só vejo árvores sem frutos e isso me deixa mais desanimada. Como vou sobreviver se não consigo nem chegar até a cidade? Andando mais um pouco vejo uma macieira com alguns frutos. De repente meu corpo recupera a energia perdida. Em fração de segundos, já estou me esgueirando entre os galhos para ver se consigo pegar alguma maçã, mas não encontro nenhuma, então me afasto dela para conseguir ver melhor, e ao longe vejo. Há uma bem no topo e sinto a necessidade de pegá-la. Começo a subir quando o galho quebra no meio, me jogando com tudo no chão. Ao mesmo tempo ouço um barulho de carruagem se aproximando. Tento me mexer, mas a cada movimento meu corpo estremece. Sair daqui seria muio difícil e doloroso. E mais uma vez a Samanta aqui está com problemas.

O homem para a carruagem quando me vê, mas não consigo vê-lo, pois o sol da tarde já está virado em minha posição. Ele coloca as pernas para o lado e dá um pequeno pulo. Já no chão, anda ao meu encontro. A cada passo percebo que ele é elegante, com uma ótima situação financeira, pois a roupa parece ser muito cara.

- Olá.

Ao dizer esta palavra ele se inclina mais para frente, assim começo a ver seu rosto, porém minha cabeça começa a latejar e minha visão a falhar e em segundos, não enxergo mais nada. Ao fundo ouço ele resmungar alguma coisa, mas não tenho tempo para decifrar pois o sono toma conta de mim, ou seja lá o que for isso.

Bela EscravaOnde histórias criam vida. Descubra agora