Mistletoe

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-O que você quer, Lee? - Sasuke franziu o cenho, deu um passo à frente e eu segurei seu ombro. Apesar de estar com muita raiva do Sobrancelhudo, não queria mais nenhuma briga. - Já não basta o vexame de ontem?
- É justamente sobre isso que eu gostaria de falar. - Ele abaixou a cabeça e deu um passo à frente também. -  Sakura, eu estava muito nervoso, não consegui me controlar e acabei pagando aquele mico.
Fiquei em silêncio. Sasuke olhou para mim por cima do ombro, tentando ver a minha reação.
- Eu gostaria de expressar o meu arrependimento dando o pinheiro de volta à vocês. - Não pude deixar de abrir um enorme sorriso ao escutar aquelas palavras. O Uchiha continuava sério. - E Sakura, se você quiser, algum dia, dar a mim uma nova chance...
- Isso não vai ser possível. - Sasuke falou, segurando a minha mão. Assustei-me com a reação dele, mas ao mesmo tempo fiquei feliz. Depois de uma noite tão constrangedora, tanto durante o encontro com o Lee, quanto no momento em que quase nos beijamos, pensei que ele estaria um pouco receoso em tocar nesse assunto. No entanto, pareceu-me que ele encarou isso tudo muito bem;  provavelmente deve ter percebido que eu não tive grandes experiências amorosas.
Ele me puxou, nós passamos por Lee e abrimos o portão. O Sobrancelhudo olhava enquanto nós dois entrávamos  na loja; parecia que ele realmente estava muito arrependido. Pelo menos eu não teria que enfrentar uma Tsunade furiosa por causa do desastre que tinha sido o encontro.
Começamos a limpar a parte coberta da loja, que sempre estava muito suja e desarrumada. Depois, o Uchiha ligou o computador e eu me sentei do lado dele atrás do balcão. Os funcionários chegavam aos poucos e eu tentava esconder a roupa que estava vestindo. Eles poderiam interpretar algo errado e eu não queria que isso acontecesse.
Liguei para Hinata, que me atendeu com uma voz de quem acaba de acordar. No exato momento em que ela respondeu, Naruto chegou com o cabelo desarrumado e com um enorme cachecol vermelho.
- Naruto! - Sasuke gritou e foi até ele conversar sobre alguma coisa da loja.
- O Naruto está aí? - Minha prima logo animou a voz.
- Venha ver com os próprios olhos! - Impliquei com ela. - E traga as minhas roupas!
Depois de uns vinte minutos, Hinata chegou apressada com uma bolsa e jogou ela em cima de mim. Naruto e Sasuke vieram correndo até onde nós duas estávamos. Minha prima respirava com dificuldade, como se tivesse chegado de uma árdua corrida.
- Acho que vi o carro de Jiraya. - Ela colocou as mãos no joelho. - Nunca corri tanto na minha vida.
"Engoli" a minha vergonha e atravessei o salão aberto com as roupas de Sasuke.
- Bom dia! - Escutei. Era voz de Tsunade. Ela havia chegado. Estava acenando para mim. - Sakura!
Sasuke colocou a mão no meu ombro e fez com que eu continuasse andando. Entrei no banheiro e comecei a me trocar. Cruzei os dedos, torcendo para que eles enrolassem Tsunade.
Saí e os olhares se voltaram para mim. Senti um calafrio; pela expressão facial de Tsunade, ela pedi explicações.
- Sakura, minha querida. - Ela deu um sorriso para mim. - O que foi que aconteceu ontem? Eu não entendi muito bem, todos começaram a falar ao mesmo tempo... Estou com um mal pressentimento.
- N-Não precisa se preocupar. - Eu deveria dizer a ela que o encontro foi um desastre, que Sasuke estava me vigiando o tempo inteiro, que no final Lee queria me beijar e eu não deixei; não esquecendo da parte do vômito. Entretanto, apenas resumi ao que mais importava. - Eu consegui o pinheiro de volta.
Tsunade me sacudiu e abriu um grande sorriso; Jiraya deu um tapinha no meu ombro. Nossas comemorações foram interrompidas quando Maito Gai e Lee entraram pela loja. Meu coração gelou e eu lancei um olhar rápido e assustado para Sasuke. Ele fez menção de correr até eles, só que Naruto se adiantou e deu um soco em Lee, no mesmo lado que Sasuke havia dado. Gai partiu para cima de Naruto, no entanto Sasuke e Jiraya foram apartar a briga.
- Nunca mais vomite em uma amiga minha. - Naruto falou, olhando com raiva para Lee. Ele se levantou e continuou com a mesma expressão de arrependimento.
Hinata, Tsunade e eu corremos até eles. Segurei o braço de Naruto e falei para ele que já tinha desculpado o Lee.
- É sério isso, Sakura? - Lee acabou escutando a nossa conversa. Eu olhei para ele e afirmei com a cabeça.
- Mas isso não quer dizer que eu esqueci. - Falei, decidida. - E muito menos que vamos a outro encontro.
- Eu continuo não entendendo nada! Naruto, peça desculpas para o Maito Gai e para o Lee! - Tsunade gritou e seu rosto assumiu uma expressão assustadora.
- Lee e eu viemos até aqui reconhecer a nossa derrota. O pinheiro já está no mesmo lugar de antes. - Gai pigarreou, transtornado e envergonhado por reconhecer que havia perdido a aposta. - E também para nos redimir com a Sakura, resolvemos convidar todos vocês para um almoço especial em nosso restaurante.
- Gente! - Tsunade colocou as mãos na cintura, visivelmente irritada. - Alguém me explica, por favor?
- Vovó, relaxe! O que realmente importa é que o pinheiro está de volta e o nosso Natal está salvo! - Sasuke abraçou Tsunade e Naruto se juntou a eles. Ela tentava se desvencilhar do abraço e gritava que era muito jovem para ser "vovó".
Quando a gritaria e as comemorações cessaram, Sasuke veio falar comigo.
- Eu queria pedir a você duas coisas. - O Uchiha ficou de frente para mim. - Não vá a esse almoço. O clima vai ficar muito estranho entre você e o Lee, mesmo depois de você ter aceitado o pedido de desculpas.
- Bom, isso vai ser muito fácil de fazer. - Cruzei os braços. - Já não estava com muita vontade  de ir.
- E já que nós dois não trabalharemos depois do almoço, pensei, talvez, que nós poderíamos sair juntos... - Fiz uma cara de surpresa; ele ficou um pouco assustado e meio sem jeito, continuou a falar. - Para comprar os presentes de Natal, afinal já está chegando, não é mesmo?
- É claro que sim, Sasuke. - Peguei na mão do Uchiha. Ele estava com luvas e eu não; apesar de ser um gesto de afeto, também aproveitei para esquentar as minhas mãos. - Eu deveria... Considerar isso um encontro?
- Se você quiser, é claro... - Ele coçou os cabelos. Estava nervoso. - Talvez seja uma oportunidade de esquecer a noite passada. Pense como se esse fosse o seu primeiro encontro.
- Vou pensar. - Pisquei e ele sorriu para mim, desajeitado.
- Eu vou levar você em um restaurante maravilhoso! - Sasuke se animou, colocando o seu braço em meus ombros.
- Por favor, sem ex-namorada garçonetes. - Disse com o intuito de implicar com ele. - E nem o de ontem.
- Pode deixar! - Ele bateu continência e nós dois voltamos para o balcão.
Depois de cumprir o nosso expediente, nós dois fomos almoçar perto do The Brew, o restaurante em que Naruto e Hinata trabalhavam. Era um restaurante pequeno, com poucas mesas e todo feito de madeira, o que proporcionou a nós uma sensação de aconchego e amenizou o nosso frio. Além disso, a decoração de Natal era simples, porém maravilhosa. Senti como se estivesse na casa de uma das minhas avós.
A comida caseira me encheu de felicidade. Sasuke olhava para mim e sorria ao constatar que pela primeira vez, em sua companhia, eu estava tendo uma refeição maravilhosa e sem interrupções. Ele também parecia aliviado. Terminamos e saímos para a rua, que estava bastante movimentada.
- Correria para comprar os presentes. - Sasuke concluiu, enrolando o seu cachecol ainda mais no pescoço. Esfreguei as minhas mãos. Ele revirou os olhos. - Você sempre esquece as luvas, não é?
- É. - Confirmei, rindo. - Por onde nós vamos começar?
- A pergunta certa seria por quem. - Ele tirou um papel do bolso do casaco e a passou para mim. - Fiz uma lista para nós não nos perdermos.
-  Vamos começar por Naruto, então? - Perguntei. - Conheci-o a pouco tempo; não sei nada sobre ele.
- Por isso eu estou aqui, para ajudá-la. - O Uchiha passou o braço pelos meus ombros.
Ficamos umas três horas procurando os presentes. Até que o de Naruto não foi tão difícil quanto eu imaginava; já o de Hinata, tive que procurar mais, uma vez que eu gostaria de dar algo diferente para ela.
Colocamos as bolsas no porta-malas e fomos para uma pracinha perto do shopping para descansar.
- Eu não aguento mais ver loja, sacolas e atendentes. - Sasuke esticou as pernas.
- Nem eu. - Fiz o mesmo, rindo do que ele disse.
- Ah, espere um pouco. - O Uchiha se ajeitou e levantou. - Vou comprar umas bebidas para nós.
- Um café bem quentinho, por favor! - Gritei para ele. O moreno virou os olhos e saiu correndo.
Estranhei a demora de Sasuke e olhei para as horas no meu celular. Já tinham se passado dez minutos. Quando eu ia ligar para ele, o Uchiha se sentou do meu lado com uma caixinha rosa na mão.
- Ué, cadê o café? - Perguntei. - E por que você demorou tanto assim? Já estava ficando preocupada!
- É para você, Sakura. - Ele estendeu o braço com a caixinha. Estava visivelmente envergonhado; suas bochechas estavam vermelhas.
- Sasuke! - Repreendi-o. - Não precisava! Puxa vida, eu não comprei nada para você. Estou super sem graça. - Passei a mão no pescoço. Estava pegando a mania de Naruto e Sasuke.
- Para com isso. - Ele pediu. - Abre logo!
Tirei a fita que envolvia a caixa e a abri. Era uma pulseira com um pingente de uma flor de cerejeira. Deixei escapulir um "Uau". Era simplesmente maravilhosa. Olhei para Sasuke e ele pediu licença para pegar a pulseira e colocá-la em meu pulso.
- E aí, gostou? - Ele perguntou, ansioso para ouvir a resposta.
- Você é um fofo. - Abracei-o e sussurrei em seu ouvido. - Muito obrigada por tornar o meu dezembro especial. - Senti o corpo de Sasuke relaxar e ele deu uma risada.
- Você não imagina como é bom escutar isso de você. - Ele declarou, ainda abraçado comigo.
- Estou feliz também. - Falei, afastando-me. - E vou retribuir o presente!
- Sim, e eu já sei o que eu quero. - O Uchiha cruzou os braços e levantou as sobrancelhas. - Prometa para mim que não vai sair da minha vida depois que dezembro acabar.
-  Prometo. - Pronunciei claramente enquanto segurava as duas mãos dele. - Mas ainda quero te dar outro presente.
- Enquanto nós dois estivermos juntos... - Sasuke acariciou o meu rosto, colocou uma mecha de cabelo atrás da minha orelha e segurou o meu rosto. - serei presenteado todos os dias.
Dizendo isso, ele se aproximou cada vez mais de mim até que pressionou os seus lábios contra os meus. Eu estava assustada e sem saber o que fazer, afinal, era o meu primeiro beijo. A única coisa que eu consegui fazer foi ficar parada e morrendo de vergonha por ser inexperiente no amor.
- Desculpe-me. - Disse, com o rosto abaixado. - É-É que esse foi... - Sasuke, que ainda segurava o meu rosto, puxou-o para perto do seu ombro e me envolveu em um abraço.
- Não precisa se preocupar.
  Ficamos assim por alguns instantes, até que o celular de Sasuke tocou. Era Tsunade, dizendo que queria todos na casa de Jiraya para arrumarem a casa para o Natal.
- Estamos sendo recrutados. - O moreno disse, enquanto colocava o celular no bolso e levantava. Ele estendeu a mão para mim e eu a segurei. - Dessa vez, vamos para a minha casa e você não vai precisar se esconder.
Entramos no carro e por causa do trânsito, chegamos muito atrasados na casa de Jiraya. Sasuke e eu havíamos combinado de embrulhar os presentes mais tarde, por isso os deixamos no carro.
- Meu Deus! - Tsunade gritou; tinha um olhar neurótico. - Vocês estão atrasadíssimo! Eu separei essa tarefa para vocês dois: arrumem a mesa de jantar! Eu quero as flores, os pratos, os talheres, tudo no lugar!
  Nós dois arrumamos a mesa, que estava toda decorada com cores natalinas: vermelho, verde e branco. Tsunade havia comprado um lindo arranjo com orquídeas; no final, a mesa estava deslumbrante. Ao ver tudo arrumadinho, meu coração foi tomado por uma enorme animação e ansiedade. Entretanto, antes que eu pudesse cultivar mais sentimentos positivos presumindo como seria este Natal, Tsunade veio com mais uma tarefa para nós dois. Acabamos de arrumar tudo por volta de oito horas da noite. Naruto e Hinata resolveram jantar fora e como eles dois mesmo haviam declarado, não tinham horas para voltar.
Então Sasuke e eu fomos para a casa dos fundos, que era dele e de Naruto, e ficamos embrulhando os presentes.
- Finalmente acabamos. - Sasuke se espreguiçou. - Estou morrendo de sono.
- Eu também. - Levantei-me do chão. - Está um pouco tarde, eu tenho que ir.
- Deixa que eu levo você para casa. - O Uchiha se ergueu rapidamente.
- De jeito nenhum! - Exclamei, passando a mão no braço dele. - Você está precisando descansar. Eu pego um táxi.
O Uchiha beijou a minha testa e chamou um táxi. Cheguei relativamente rápido no "caixote" - apelido para o meu apartamento. Escondi os presentes dentro do meu armário, atrás de algumas roupas. Tomei um banho e me joguei em cima da cama. Comecei a pensar: " O que eu vou dar de presente para Sasuke?"

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