Acordei e estava na minha cama, coberta com o cobertor que Sasuke havia me dado. Espreguicei-me e virei para o lado. Dei uma olhada para o relógio. Eram oito horas da manhã.
Estava super atrasada para o trabalho. Pulei da cama e comecei a me vestir rápido. Meus ossos estalavam, meu corpo ainda doía e estava com dificuldade de respirar; mas eu não faltaria um dia de trabalho.
Fui para sala e Hinata estava tomando café em frente à televisão.
- Hinata! - Gritei, enquanto calçava as botas. - Você não me acordou por quê?
- Ah, Sasuke ontem me disse que você deveria ficar em casa. - Ela falou enquanto colocava a torrada na boca.
- Espera. - Coloquei a mão na testa. Não me lembrava do que aconteceu ontem à noite. - O que aconteceu ontem à noite?
- Bom, Sasuke trouxe você até aqui. Carregou você no colo até a cama e ainda deu beijinho na sua testa. - Ela sorria enquanto falava. - Um verdadeiro príncipe!
- Falando em príncipes. - Tentei mudar o assunto, estava ficando envergonhada. - Como foi o encontro com o Naruto?
- O mais divertido de todos! - Hinata se levantou e deu um giro. - Ele é demais!
- Bom, eu tenho que ir, estou atrasada. - Peguei o meu boné e o suéter.
- Eu também vou com você. - Minha prima pegou a bolsa. - Quero vê-lo novamente.
Virei os olhos, abri a porta e saímos para pegar um ônibus. Chegamos depois de trinta minutos. Homens tentavam tirar a neve da pista. Hinata e eu descemos e tínhamos que andar um pequeno percurso até chegar à rua Mastu.
- Afinal, teve uma grande nevasca como foi anunciado?- perguntei ao observar a rua. As coisas pareciam bem normais.
- Nem teve. - Hinata ajeitou a alça da bolsa no ombro. - Eu acho que foi só um engano mesmo. Mas nós devemos ficar atentas.
- Sim. - Concordei com a minha prima.
Chegamos na loja e ela estava relativamente cheia. Andei pelos corredores a procura de Sasuke, para que ele me desse o meu avental com as minhas coisas. Encontrei ele na parte coberta, enfeitando um pinheiro.
- Bom dia! - falei e a minha voz saiu assustadoramente rouca.
- Sakura. - Ele se levantou e seu rosto assumiu um ar de preocupação. Colocou a mão no meu ombro e eu tossi. - Eu falei para Hinata...
- Sim, eu sei. - Interrompi. - Mas eu não queria faltar. Além do mais, é só um resfriado.
- Você é bem teimosa, hein. - Ele comentou, olhando com reprovação para mim.
- Estou ansiosa para o almoço. Você disse que ia me levar a um lugar melhor.
- E eu farei. - Ele confirmou, sorrindo. - Mas antes, me diga, o que você acha de ficar hoje no caixa junto comigo?
- Está fazendo isso só para eu ficar aqui, no quentinho, e não na neve? - perguntei, mas já sabia a resposta.
- É claro que não, eu só estou prevenindo... - Sasuke olhou para os lados e de repente completou a frase. - Quem sabe, de repente, um Idate da vida aparece e tenta atacar você?
- Tem razão. - Balencei a cabeça. - Eu topo.
De repente, Jiraya apareceu correndo de Tsunade. Entrou e trancou a porta de vidro; Tsunade batia e parecia furiosa do outro lado. Sasuke saiu de trás do balcão e foi falar com Jiraya.
- Ô vô, você está atrapalhando as vendas.
- Tsunade vai me matar! - Ele falou, passando a mão nos cabelos brancos e andando de um lado para o outro. - Eu perdi ontem no poker.
- Tudo bem, mas o que você apostou?
- O pinheiro. O nosso pinheiro.
- Ah meu Deus. - Sasuke arregalou os olhos. - A Tsunade ficou apaixonada por ele, comprou todos os enfeites, metros e mais metros de pisca pisca... E agora você o perdeu?
Jiraya se sentou no sofá e Sasuke abriu a porta. Tsunade entrou gritando, mas ele conseguiu apartar a briga, dizendo que aquela cena seria péssima para a loja.
- Parece que ele perdeu o pinheiro. - Sasuke falou para mim, com um ar de irritação. - Meu avô não tem jeito...
- Poxa, que droga. - Eu fiquei realmente triste. Estava começando a imaginar como seria enfeitar aquela grande árvore.
Depois dessa grande confusão, Hinata, Naruto, Sasuke e eu fomos almoçar em um restaurante vegetariano. Na verdade, esse não era o restaurante que Sasuke queria me levar; o que aconteceu foi que Hinata e Naruto quiseram almoçar junto com a gente, e como Hinata é vegetariana, fomos ao Pine and Apples, que só vendia pratos feitos de vegetais, legumes e frutas.
- Amanhã, sem falta. - Sasuke cochichou no meu ouvido. Olhei para ele e sorri; ele me devolveu o sorriso e andamos lado a lado em direção ao restaurante, que era no final da rua Matsu.
Ao chegar ao restaurante, encontramos com Jiraya, que estava chorando desesperado e Tsunade, vermelha como um tomate.
- Vocês aqui, em pleno horário de almoço? - Naruto perguntou assustado, enquanto puxava a cadeira para Hinata sentar.
- Pois é, estamos tentando resolver a encrenca que um certo alguém nos meteu. - Tsunade encarava Jiraya, é aquele olhar me deu calafrios. Ela virou-se para nós e completou. - Nosso Natal pode estar acabado!
- Bom! - Gritou um homem que estava atrás do balcão. Ele estava vestido todo de verde e tinha uma monocelha. - Nós fizemos uma aposta e eu ganhei. Logo, o pinheiro é meu.
Tsunade fechou o punho e bateu na mesa. A confusão começou: Jiraya chorando, Tsunade xingando o cara da monocelha, Naruto se metendo a favor de Tsunade, enquanto Hinata, Sasuke e eu olhávamos o menu.
De repente, escutamos um barulho de sino; alguém havia entrado no estabelecimento. Sasuke e eu nós viramos para ver quem era. O Uchiha virou os olhos e voltou a olhar o menu. Eu escondi minha cara de assustada debaixo de cachecol: o garoto que havia entrado era idêntico ao que discutia com Jiraya, Tsunade e Naruto.
- Você vai acabar com nosso Natal, Gai. - Tsunade gritou. - Pela nossa amizade, será que não poderia reconsiderar a aposta?
- Eu quero aquele pinheiro! - Gai bateu o pé.
- Eu sei como resolver esse problema. - Disse o garoto que era idêntico a Gai. Apontou para mim. - Você. Eu quero um encontro com você!
- E-Eu?
- Oh, meu Deus! - Gai pulou e veio para perto de mim. - Lee, esta é a sua escolhida? A escolhida para ser sua namorada?
- Sim! - Lee falou, confiante.
- Jiraya. - Gai o encarou, sério. - Se você conseguir que esta senhorita vá a um encontro com o meu pupilo, está livre da aposta. O pinheiro é todo seu. O que acha?
- Acho ótimo! - Disse, secando as lágrimas. - E você, Sakura?
- Não! - Sasuke e eu gritamos. Fiquei meio atordoada com a reação dele, mas nem tive tempo de falar alguma coisa. Tsunade me puxou para fora do restaurante e pediu para que os outros não viessem atrás.
- Você tem noção de quanto tempo eu gastei para planejar esse Natal? - Tsunade me encarava. Seus olhos estavam vermelhos e ela tinha um ar neurótico.
- Na verdade, senhora...
- Senhora não! - Ela gritou. Depois, ela pegou na minha mão e a alisou. - Sakura, eu peço a você, que por favor, salve o Natal dessa família. Salve o seu Natal. E aliás... Esse é o meu primeiro Natal, depois de anos, que eu não passo sozinha. É importante para mim.
Fiquei meio mexida com o que ela me disse. Caminhei em direção ao Pine and Apples. Entrei e todos olhara para mim. Tsunade veio logo atrás e colocou a mão no meu ombro.
- Eu aceito. - Declarei e sai correndo.
Sasuke me puxou pelo braço e nós nos encaramos por alguns segundos.
- Sakura, talvez você fique um pouco chateada com que eu vou perguntar...
- Não, ela não me ofereceu dinheiro. - Sasuke abaixou a cabeça. - Eu estou precisando juntar para alugar um apartamento melhor, mas eu fiz isso porque...porque eu quero que o Natal de vocês seja maravilhoso. Para todos vocês. E se o pinheiro é tão importante assim e faz a Tsunade feliz...
Sasuke me abraçou e encostou o queixo dele na minha cabeça.
- É só um encontro. - falei, tentando diminuir o meu problema.
- Eu vou dar um jeito de tomar conta de você. Ele não vai encostar um dedo em você, eu prometo. Agora, vamos voltar para o restaurante?
- Estou sem fome, Sasuke...desculpe. - Falei, saindo dos braços dele. - Vou para casa, ficar o mais feia possível para Lee.
- Tudo bem. - Acenou para mim e foi para o restaurante.
Peguei um ônibus e ao chegar em casa, me joguei no sofá e apenas chorei de raiva. Parte de mim ainda não acreditava que tinha aceitado aquele acordo. Sei que somos ensinados a não julgar os outros pela aparência, mas aquele garoto me assustava, de verdade. Além disso, eu estava com um mal pressentimento em relação a este encontro.
O telefone tocou e eu me arrastei para atendê-lo. Era Tsunade.
- Oi, Sakura. O Lee decidiu o local do encontro... - Ela fez uma pausa, esperando que eu falasse alguma coisa. - Eu andei vendo na internet e ele realmente deve estar interessado em você. É o segundo melhor restaurante de Tokyo. O nome é Kikko.
- Não acredito. - Sentei no sofá. - Mas esse restaurante é caríssimo. Eu passo por lá quando vou para faculdade.
- Pois é. Sabe, eu estou com medo de que ele não cumpra com o acordo se ele não gostar do encontro.
- Tsunade. - Pronunciei o nome dela deixando que a minha irritação transparecesse. - O acordo foi um encontro comigo. Não falamos nada sobre ele gostar ou não.
- Tudo bem, você está certa. Só não vá de qualquer jeito. - Revirei os olhos. - Eu sei que a sua intenção é fazer com que ele não se interesse. No entanto, se ele vai levar você a este restaurante, ele está interessado. E muito.
Ela tinha razão. Resolvi ir razoavelmente arrumada. O encontro estava marcado para as vinte horas e cheguei cinco minutos atrasada. Lee estava com um terno verde. Respirei fundo e pensei em como uma pessoa poderia ter tamanho mau gosto.
Lee se levantou e arrastou a cadeira para mim. Não agradeci. Estava de péssimo humor. Ele se sentou e colocou a mão em cima da minha. Eu a tirei e ele sorriu.
- Parece que você é bem tímida.
"Não, eu só não estava a fim de ter um encontro com um cara que eu nem conheço.", pensei. Não falei nada. Lee chamou o garçom e pediu um champanhe para nós dois.
- Eu prefiro água. - Falei.
- Nada disso, Sakura. - Lee retrucou, juntando ainda mais as sobrancelhas. - Esse champanhe vai nos ajudar a perder a timidez. Esse é seu primeiro encontro?
- Infelizmente. - Sussurrei e depois tossi. - É sim.
- Meu também! - Lee bateu a mão na mesa e todos os clientes olharam para nós.
O garçom trouxe o champanhe e Lee esticou o braço para fazer um brinde. Estava odiando cada segundo daquele jantar. Sem vontade, brindei junto com ele.
- Garçom, nós queremos fazer o pedido.
- Queremos? - Olhei para ele, assustada. - Mas eu ainda não escolhi.
- Dizem que esse prato é afrodisíaco.
- Ah, pelo amor de Deus! - Exclamei, sem querer.
- Sakura. - Lee pegou na minha mão de novo. - Confie em mim. Vou fazer esse encontro ser inesquecível.
- Com licença, eu vou ao banheiro.
Entrei e lavei o meu rosto. Olhei para o relógio e já havia se passado quinze minutos. "Quinze minutos!". Coloquei a mão na cabeça. Esperei cinco minutos e decidi voltar para a mesa. Quando fui para o corredor, meu braço foi puxado e me viraram.
- Sasuke! - Abracei-o. - O que está fazendo aqui?
- Eu disse que cuidaria de você. - Ele sussurrou. - Não confio no Lee. Eu estou de olho em vocês. Se ele fizer qualquer coisa, eu...
- Pode deixar, eu chamo você. - Interrompi. - A propósito, você fica muito bem de terno.
Ele sorriu e eu voltei para o meu encontro arranjado. Mal sentei na cadeira e o pedido chegou. Não estava muito com fome. No momento em que Lee agradeceu o garçom, percebi que é,e já estava bêbado.
Enquanto eu fingia comer, Lee falava alto e contava piadas sem graças. Eu estava morrendo de vergonha. Olhei ao redor procurando Sasuke, mas não o encontrei.
- Você... Você sabe que eu trabalho em um restaurante vegetariano. - Falou, embolando as palavras. - Quer ouvir mais uma piada legal?
- Olha, Lee, eu acho que está ficando tarde para mim...
- Só mais uma, por favor! - Ele gritou. Calei-me e ele continuou. - Um sujeito vai a feira e... Como era mesmo?
- Garçom. - Chamei. - Por favor a conta.
Lee continuou falando, mas eu ignorei a piada. Ele pagou e eu saí, esperando que ele, bêbado, não conseguisse me acompanhar. Infelizmente, ele conseguiu.
- Sakura, me espera, o nosso encontro ainda não acabou!
- É claro que acabou! - Virei-me para ele. - Você está bêbado.
- Não antes de você me dar um beijo. - Ele me empurrou contra a parede e fez biquinho. De repente, ele abriu os olhos e fez uma cara estranha. Lee encostou a cabeça no meu ombro e vomitou na minha roupa. Eu comecei a gritar.
Nesse momento, Sasuke apareceu e me tirou dali. Lee segurou no meu braço e Sasuke me puxou.
- Solta ela, Lee!
- Nosso encontro ainda não acabou! - Lee gritou, chorando. - Falta o beijo.
- Aqui está o seu beijo. - O Uchiha me largou e deu um soco no rosto de Lee. Ele caiu no chão e nós dois saímos correndo.
- Entra no carro! - Sasuke gritou, abrindo a porta. Eu tirei o sobretudo que estava com o vômito de Lee e o joguei na rua. De jeito nenhum entraria com aquilo no carro de Sasuke e de jeito nenhum levaria aquilo para casa. Apesar de ele só ter sujado o sobretudo, eu ainda me sentia suja.
Comecei a chorar descontroladamente. Aquela foi a pior noite da minha vida. Eu aguentei o terno verde de Lee, as suas piadas estranhas e sua bebedeira...mas vomitar em mim?
- Ei. - Sasuke interrompeu os meus soluços. - Está tudo bem. Nós estamos bem.
- Nunca pensei que ia ser tão horrível assim... - Falei, tirando um lenço da bolsa e assoando o meu nariz. - Eu espero... Eu espero que esse Natal seja mágico e que esse pinheiro esteja impecável.
- Será. - O Uchiha olhou para mim, preocupado. - Eu prometo.

VOCÊ ESTÁ LENDO
December
Fanfiction(Prévia) Sakura Haruno teve um ano totalmente desinteressante. Suas expectativas foram frustradas e não possuía mais esperanças de que pudesse viver alguma coisa que marcasse a sua vida. Até que um dia, sua prima Hinata a levou para uma loja de Pinh...