Capítulo 2- 0 peso da consciência

75 2 0
                                    

As minhas mãos tremiam de tão incontroláveis que estavam enquanto procurava o contacto do meu tio no telemóvel. O corpo de Rita já sem vida ainda estava no meu colo, queria acreditar que ela dormia, segura nos meus braços, mas não, Rita já não estava cá, só restava um corpo frio sem vida. Pensar assim dessa forma só me fazia chorar perdidamente. O meu tio atendeu, eu tentava falar com ele mas o choro e a falta de ar impediam-me de o fazer.

- Maria que se passa? acalma-te, está bem? respira fundo, tem calma, respira. - dito aquilo, eu consegui acalmar-me um pouco. Demorei alguns minutos, achei melhor fechar os olhos, respirar fundo e tentar explicar ao meu tio que a minha melhor amiga já não está mais aqui!

- A Rita caiu do cavalo e não aguentou mais Miguel! (sim, eu chamo o meu tio pelo primeiro nome dele)-E voltei a chorar,desta vez mais alto. Não queria olhar mais para esta imagem, isto é pior que todos os pesadelos que já pude ter na vida porém isto é real, não é um pesadelo, onde sei que posso acordar e aliviar-me por ter sido apenas mais um sonho mau.

- Tem calma, pode estar só inconsciente. Não penses já assim, tá bem? Eu vou já ter aí.

O meu tio desligou a chamada e pousei o telemóvel no chão. Como poderia manter a calma? A culpa é toda minha de tudo o que aconteceu! A minha melhor amiga MORREU!

-Rita por favor perdoa-me por isto, a culpa é minha! Não me deixes sozinha por favor!

Vejo o meu tio a sair do carro e a correr na minha direcção. Quando chegou até mim, perguntou-me se tinha algum ferimento grave mas eu já não conseguia falar. Miguel pediu para lhe deixar pegá-la, mas eu não queria e fazia força para não a largar.

- Maria deixa-me ver como ela está, tem calma sim? –Fiz-lhe a vontade e pousei Rita no chão. Ele verificou a pulsação de Rita mas a sua cara não mostrava alívio. O meu tio ligou para uma ambulância e logo de seguida veio-me abraçar e disse que ia correr tudo bem. Pus a minha cabeça no peito dele e chorei silenciosamente. O bater do coração do meu tio fazia-me aliviar a tensão. Escutava o coração dele e ao mesmo tempo olhei para o céu e pensei o que poderia acontecer mais neste dia. Ao olhar para cima, dificultava-me abrir bem os olhos porque já estavam inchados de tanto deitar lágrimas. O meu tio enxugava-me as lágrimas e tentava acalmar-me.

- Ao menos ela agora vai para um sítio melhor. - murmurou o meu tio calmamente.

-A culpa é toda minha! Eu não quero que ela vaia embora!

- Ei a culpa não é nada tua nem de ninguém! Foi um acidente, Os acidentes acontecem Maria, tens de saber enfrentar a vida. Este é o início de um novo obstáculo sério da vida e terás muito mais até a tua vida acabar.

Eu não queria ouvir ninguém naquele momento, o Miguel não pode ter razão, eu só conseguia vencer os maus momentos com a Rita. Sem a Rita comigo, eu já não sou nada, não me resta nada.  A partir de hoje já não serei a mesma pessoa que era antes, quando tinha Rita a meu lado. O meu coração passou a ser uma simples pedra gelada sem conter nenhum sentimento de amor.

Passaram vinte minutos e uma ambulância acabou de chegar. Saíram dois paramédicos com uma maca, um deles verificou os ferimentos e a pulsação da Rita. Ele veio ter comigo e com o meu tio enquanto o outro paramédico cobria Rita com um saco preto e a pousava na maca.

- Lamento muito, mas a rapariga não resistiu. Podem-me dizer como é que isto aconteceu?

-Eu e ela estávamos a passear com os cavalos e ela acabou por cair do cavalo.

Desatei novamente num choro incontrolável, o paramédico colocou a sua mão no meu ombro e disse que iria correr tudo bem, que os acidentes acontecem. É fácil falar...

Onde Há Amor, Há VidaOnde histórias criam vida. Descubra agora