Capítulo cinco- Um anjo chamado Carlos

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Nunca tive tanta vontade de morrer até hoje. Mais um dia sem ela comigo e conforme os dias vão passando, mais difícies se tornam. Hoje vai ser um dia diferente, porém mais duro, dia de escola. Podia haver uma explosão dos terroristas naquela porcaria de escola, mas não, esses otarianos passdls dos miolos só sabem atacar onde não devem. Não quero viver mais, já estou farta disto mesmo. Não aguento toda a raiva que sinto cá dentro neste coração vazio.

Levantei-me, mas parecia que tinha acabado de sair dum caixão, não tinha quase forças p'ra me levantar e aturar este longo dia de merda, mas enfim. Sentada na cama, arregaçei as mangas do meu pijama dos minions (sim... Eu gosto dos minions, fazem-me lembrar eu e mais uma vez a Rita, nós éramos bastante retardadas, principalmente juntas, como os minions) e olhei  para os meus cortes nos braços, fiquei a pensar em várias coisas enquanto olhava para os braços, não me arrependia de tê-lo feito. Fui vestir uma roupa apropriada para a escola, vesti umas calças azuis claras de ganga e uma blusa branca de malha.

-Miguel! -gritei do meu quarto desesperada p'ra não ter que ir á escola, mas gritei mesmo porque não queria viver mais nesta merda de mundo. Eu só queria que o meu tio me deixasse morrer mas já sei que ele vai achar que estou a ficar maluca e que tenho que ir a um psicólogo ou secalhar para uma clínica daquelas de malucos e ficarem mais traumatizados e maluquinhos da cabeça.

- Maria, tens de ir á escola, ainda vais chumbar por faltas se continuas assim. – Mas será que ele me compreende? Óbvio que não, ele não sente o mesmo que eu estou a sentir.

- Não vou fazer nada na escola, pra quê ir? Fodase, eu não vou fazer nada na vida!

- Não comeces com isso, não digas asneiras que é o melhor. – Ele olhava-m seriamente, já devia estar farto de aturar a minha má disposição e das merdas que digo todo o dia. – Queres que te leve á escola ou vais de mota?

– Eu vou de mota.

– Tábem, vá toma. – tinha na sua mão uma nota de vinte euros e deu-ma.

Calcei as all star brancas, peguei na mochila e fui-me embora.
       
                        ***

Tirei o capacete, saí da mota e guardei as chaves. Notei que maior parte das pessoas da escola olhavam para mim, já me estava a passar com aquilo, se soubesse disso nem tinha vindo á escola.

- Maria! – Ouvi uma voz a chanar-me e era a minha colega de turma Filipa. – Então sua rebelde, andar a faltar ás aulas?– Filipa vinha com um ar de alegria (coisa que já não sei o que é) e devia estar a pensar que me ia conseguir fazer rir. O meu mau humor só queria mandá-la ir para um certo sítio que eu cá sei.

-P'los vistos, sim andei a faltar.

- O Diretor de turma não vai gostar disso, faltaste a bué aulas e sabes que não podes ultrapassar o limite de faltas de cada disciplina.

- Moss eu tou-me burrifando p'ro stor, só quero que me  deixem em paz! - Avancei num passo acelerado e deixei Filipa para trás, não queria saber de ninguém e muito menos que me viessem a chatear, provavelmente hoje será o dia que irei passar-me dos limites.

Deu o primeiro toque de entrada, e mesmo sem vontade e paciência nenhuma para aturar os colegas e os professores, tentei pôr de lado os nervos e ganhei coragem para entrar na sala. Entrei e sentei-me no meu lugar. E como já previa, os meus colegas começaram a perguntar se eu estava bem e eu só pedia a Deus p'ra esta gente me deixar em paz. O professor chegou ao pé de mim e disse que queria falar comigo no final da aula. Asério, só me apetecia desaparecer de vez. A aula começou e como sempre voltei para o mundo da lua, mas desta vez por motivos diferentes, fiquei a pensar na Rita, e sempre a ver aquele dia em que Rita partiu, aquele pesadelo que dá cabo de mim.

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