capítulo 4- Desabafos silenciosos

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Três da manhã... E aqui estou eu a dar voltas e reviravoltas na cama, os lençóis acabaram por sair da cama de tanto os puxar e virá-los. Levantei-me revoltada da cama, acendi as luzes e fui para a casa de banho.

Dirigi-me ao lavatório e olhei para o espelho, mesmo á minha frente... Vi uma rapariga, mas já não conhecia aquela rapariga, fiquei estranha, indiferente. Aproximei-me mais do espelho e de repente comecei a entrar em pânico, não conhecia aquela menina, mas quem é aquela? Aquela não pode ser eu, não reconheço aquela menina, não pode ser eu. Aquela rapariga está perdida, falta-lhe a sua melhor amiga. Onde estará a Rita? Gostava de a ver aparecer mesmo atrás de mim e dizer "Eu estou aqui" com o seu sorriso que fazia sempre alguém sorrir. Que mal fiz eu a este mundo, para merecer isto? Pensando bem, a culpa é minha por a Rita já não estar mais cá, odeio-me tanto! Olhei para aquela menina do espelho e essa menina começou a chorar desesperada por tudo o que se está a passar na vida dela, p'la sua culpa... Queria castigar-me por isso, cortando o bem mais valioso da nossa vida, o corpo. Lembrei-me das lâminas dos afias, só precisava de desaparafusar o pequeno parafuso do afia e já teria a lâmina.

Voltei para o quarto, abri a mochila, retirei de lá de dentro o estojo e tirei o afia, antes de ir á casa de banho, fui para a cozinha, peguei numa faca afiada,desaparafusei o afia e obti a pequena lâmina... Voltei para a casa de banho e ganhei coragem para me cortar. Olhei para o braço esquerdo e para a lâmina, e pensei que este seria a melhor coisa a fazer. Passei a lâmina pelo braço com força e foi o primeiro corte. Ao me cortar, sentia um alívio na minha mente, apesar de doer, sentia-me bem e muito mais aliviada. Fiz mais alguns cortes, contei-os e no total foram uns vinte em cada braço, resolvi fazer mais uns na barriga. Neste momento, o peso da minha consciência tinha melhorado, deitei-me no chão, olhei para os braços e passava os dedos nas feridas, gostava de passar os dedos pelos braços e sentir os cortes. Olhei para a luz da casa de banho, aquela luz estava-me a dar sono, resolvi levantar-me com grande custo, ou seja, sem vontade nenhuma. Cheguei ao quarto e deixei cair o meu corpo exausto na cama, os meus olhos já não aguentavam estar abertos de tão inchados que estavam e ensunados também, deixei-me de dormir num sono profundo e mais uma vez Rita foi o meu último pensamento antes de me deixar de dormir.

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