O vácuo.

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Ana's POV.

Chiara, sem dúvidas, sabe como usar e abusar de mim; Sabe o que deve fazer pra busar de meu desejo e de todas as minhas fraquezas, de meus medos, de todo meu amor, meu carinho, meus sonhos e... Ah. Eu a amo por isso.

Surpreendentemente, e mesmo com toda aquela situação, me permiti sorrir enquanto passeava pelo nosso quarto. Na pressa, Chiara deixou algumas peças caírem pelo chão do quarto. Ela deixou seus rastros.

Fiz questão de guardar as blusas e shorts que, se misturavam no chão e, que me fazer almejar um pouco mais dela. Um pouco mais de tempo. Mesmo que ela estivesse em um de seus jogos comigo, eu não me importaria de perder; Não se isso me desse mais tempo com o calor de tua pele e a calmaria de teus suspiros.

Suspirei, repetidamente, enquanto admirava o teto de minha saleta de pinturas. Tenho que admitir que, agora que passo diversos minutos (inquietantes e intermináveis) encarando-o, começo a devanear enquanto o analiso. As pontas de meus dedos destros já pairavam sobre as telas. Tons azulados e avermelhados se misturavam sem nenhum consentimento, confundiam-se entre a acrílica e as formas geométricas. Linhas brancas e pretas ditam limites. As cores são vibrantes.

Chiara iria gostar dessa tela.                                                                                                                                         Capricho ou não. Confusão ou teimosia. Os jatos de spray mancharam a tela, que antes me agradava, e agora davam forma a: "Foda-se".

Por pura displicência de amor, essa acabava de se tornar uma das telas de quais tenho grande apego.  Tomei a liberdade de me dar folga e tentar esquecer problemas.

Mas com todo esse dilema meu e de Chiara, muitas coisas se passaram em minha mente e entre um vinho e outro, arrisquei que todo aquele turbilhão de sentimentos se transformasse, talvez, na coisa mais certa que eu tenho e faço na minha vida: Música. Rabisquei algumas letras, cifras e afins. Até que, particularmente, gostei muito de uma. E pensei no Daniel para me ajudar a achar uma melodia, logo ele tão talentoso e quem sabe, dono da casa onde a minha italiana estava. Me organizei, tomei um banho para espantar toda aquela solidão (da qual só notei ter posse agora, enquanto a água morna cai sobre meus fios dourados e escorrem por ombros, colo, ombros e costas)  que tomava conta de mim ( O que me faz discutir comigo mesma que talvez eu precise de um cachorro). 

Só então, depois de tantas crises existenciais, tomei coragem de encontrar Chiara.

Caminhei melancolicamente enquanto deixava os primeiros versos [da música que acabara de compor me dominarem por inteiro.

- A traição, que trago entre os dedos da mão... - Cantarolo. E quando acabei por chegar na casa de Daniel, percebi que a porta estava encostada e a música estava alta, mas que não escondiam as risadas. Uma delas eu conhecia, era da chiara.

Como já era de casa, entrei sem bater e minha primeira visão é a chiara abraçada com Maria Rita, visivelmente bêbadas,  jogadas no sofá. E muito íntimas. Não sei muito como reagir. Mas eu não gosto nada do que vejo. Eu me aproximo delas e a única coisa que consigo dizer é tão inútil que soa infantil.

- Chiara, cadê o Daniel? E o que significa isso? E oi, Maria - Soa grosseiro, eu sei. Mas minha italiana tão linda, principalmente de vermelho, não estava em meus braços e completa, deixando sobre minhas mãos a responsabilidade de sucumbir em uma crise de ciúmes, questionando-me sobre o erro que cometia e cinicamente dizia não saber. Também podia ser álcool, mas isso não importa.

- O problema, Chiara, seria essa cena. Sendo que você é uma mulher comprometida. E como sua namorada, gostaria de saber se posso falar com você a sós. - Disse isso, puxando-a e levando para a parede mais próxima. Quem sabe assim, ela consegue me ouvir.

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