Inconveniência

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Chiara's POV

Eu queria não acreditar nas suas palavras, queria não acreditar nas minhas...

Mas era exatamente o que acontecia, eu estava apaixonada por Ana e toda sua infantilidade e delicadeza! Apaixonada pelos seus cabelos sempre desgrenhados e seus lábios sempre convidativos, e essa era a mágica de te-la por perto; redescobrir quem era ela a cada minuto que se passava.

Porém nem tudo são as rosas e rosas e rosas - como Ana canta. As coisas também podem ser problemas e problemas e problemas quando se está casada e se apaixona por um outro alguém! Ainda mais quando se está a milhares de quilômetros de distância.

Nesse momento, sinto propriedade em dizer que pouco me importa o meu casamento ou o dela! Quando me deito em sua cama, quando sou aninhada pelos seus carinhos, quando estou em paz ao seu lado; é somente de Ana que preciso!

Mesmo não querendo precisar dela, é só ela. Só.

- Você volta? - Ela diz enquanto esperamos o elevador.

- Não sei. - Digo enquanto meus braços envolvem seu pescoço.

- Já conheço, você tem compromisso!

- Eu estou de férias, lembra? - Ela bufa, entra no elevador comigo. - E pelo que me recordo... Você também tem shows pra fazer este fim de semana, nem me daria atenção!

- Hmmm, verdade! Talvez eu fique sem tempo nas próximas semanas, tenho alguns compromissos! - Ela me puxa para fora do elevador com uma cara de poucos amigos, parecia incomodada.

- O que você tem? Ficou desanimada quando falou sobre seus compromissos... - Encaro-a, seu semblante está triste; não há como não enxergar.

- Não é nada, eu espero que você curta seus dias por aqui. - Ela prometeu me levar de volta à casa de Daniel, não sei bem o porquê; mas Ana é superprotetora. Tem um cuidado comigo, parece que tem medo do mundo. Mas em pouco tempo ela parecia distante, seus movimentos pareciam involuntários e seu olhar estava vazio.

Ela não piscava.
Ela não dizia.
Ela, ao menos, silenciava.

Me causava tristeza, ver que Ana estava distante, me dava a impressão de ter feito algo de errado.

- Está entregue! - Ela diz assim que chegamos diante da casa de Daniel.

- Você ainda não me convenceu de que está tudo bem. - Ela me puxa pela cintura, me agarra como só ela sabe e me beija. Ali em público, sob o sol e o céu. Me apresenta mais uma vez às sensações que ela me causava e me deixa com gosto de saudade nos lábios.

- Convenci agora? - Ela sussurra, a centímetros de meus lábios; Deixa um outro beijo guardado ali, um selinho pra despedir.

- Me convenceu que beija bem, não que está tudo bem. - Ela ri.

- Eu só estou com a cabeça cheia, italiana! Nada com que deva se preocupar. - Então eu finjo que acredito, se ela não se sente à vontade para dizer.

- Você não precisava ter vindo até aqui.

- Não me sinto segura te deixando andar sozinha. - Ela diz sorrindo, olha a tela de seu celular semi-novo e bufa. Olha para os lados e vê um carro preto passar.

- Procurando alguém?

- Querendo me livrar de alguém! - Ela diz digitando algo no telefone. - Eu preciso ir. - Ela me olha novamente. Me puxa e me abraça, despeja um beijo demorado na minha bochecha e então se vai.

Dolce CuoreOnde histórias criam vida. Descubra agora