A Ruiva de Cabelos Negros.

319 14 5
                                    

Chiara's POV

Foi difícil ver Ana deitada naquela cama desacordada por tanto tempo. Já ficara antes, mas agora eu sinto culpa; Ela estava tão animada com seu namoro com Eva, tinha preparado uma surpresa tão bela e olha como estamos agora? Eu não sei se ainda namoraria com Ana. Mas estávamos nos dando bem como amigas! Parece que o destino não quer que fiquemos juntas, pois toda hora algo dá errado.

Ela estava me contando de como sua mãe estava começando a aceitar o namoro dela, eu fiquei feliz por ela. Afinal, seguimos em frente; Somos maduras o suficiente para isso, eu acho.

- Ei Ana, estou indo embora. - Digo segurando sua mão, ela continua imóvel. - Acho que agora acabou mesmo, é a última vez que irei olhar para você assim... Tão quietinha, vou te guardar para sempre na memória desse jeitinho. Eu te amo, Aninha. - Eu a abraço.

- Pra onde vai agora, Chiara? - Cida assistiu a cena, tinha seu sorriso tímido escondido por trás da preocupação.

- Roma.

- Enrico está junto de Eva nessa?

- Sim! Parece que ele não queria que eu e Ana ficássemos juntas mesmo, olha a que ponto chegamos. Mas vai dar certo.  Espero que você fique bem. - Me despeço dela e passo por Eva no corredor.

- Vai na sombra, hein Civello! - Ela e sua mãe riem, não há mais ninguém a minha frente. Eu volto a Roma tão perturbada como nunca imaginei antes.

O beijo de Ana e Eva não me sai da cabeça.
Ela está mesmo apaixonada, se nem o que ela fez comigo foi capaz de impedir; Ana não foi capaz de suportar, ela sempre seguiu o coração antes da cabeça e graças a Deus por isso.

Sempre apreciei essa sua necessidade de seguir aquilo que acredita, seja errado ou não... Agora na minha pele, tenho certeza que Ana não temeria Eva tanto quanto eu temo. Ela que me passa essa calma que sempre fora indescritível, que sempre teve necessidade de ser cuidadosa; Sem dúvidas, Ana é meu paraíso. Mas talvez, só talvez, eu seja o inferno dela; Sou sempre eu a causa de seus problemas!

- See you, Brasa. - Disse olhando para a janela. E então a praia ficou menor, o azul era infinito e as nuvens de algodão estavam abaixo de meus pés, tão delicadas e fáceis de serem desfeitas ou bagunçadas assim como os pensamentos agora.

Daqui a dez minutos talvez eu enlouqueça. - Escrevi no meu computador. E reescrevi. E reescrevi. E reescrevi. Por diversas vezes, até encontrar palavras que sucederiam... Quase não teria percebido as (intermináveis) 12 horas de vôo.

Ninguém foi me buscar, e nem sei se alguém saberia que eu chegaria. Acho que, devido as circunstâncias, já está na hora de voltar a falar com Enrico. Paguei o táxi e fiquei parada diante do imenso jardim dos Civello.

Como seria bom extravasar e queimar esse lugar, junto com as memórias ruins que trago dele, junto com Eva, junto Ana, junto com Enrico, junto com tudo que tem me feito chorar nos últimos meses... Junto com tudo que me faz mal.

Suspiro diante da porta.

Puxo o ar.

Solto o ar.

Hesito.

Assinto.

E nem precisei de coragem para abrir a porta, Enrico saia junto com outro homem. Cabelos castanhos claros, charmosamente bagunçados, usava vermelho e o sol valorizava seus traços;

- Chiara? - O desconhecido parou no tempo, me olhava fixamente sobre mim. Deixei minha bolsa cair, parei no tempo junto dele. Aquela voz, aquele sotaque, os olhos verdes, e o mesmo sinal de família! Minha cabeça dói, coloco a mão sobre ela. Um filme roda minha cabeça, eu arquejo e fecho os olhos. Solto minha mala e me sento na grama.

Dolce CuoreOnde histórias criam vida. Descubra agora