O baile.

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Chiara'a POV



O espelho parece meu inimigo agora.

Não sei se é o nervosismo pela chance de encontrar Isabella, ou o medo de que Ana fique com ciúmes ou até mesmo a insegurança de não estar bela o suficiente.

Sigo mexendo em meus cabelos, faço e desfaço penteados.

Assim como faço com os botões do terno que decidi usar, fecho-os e abro-os.

Me olhava no espelho buscando imperfeições, mas sem nunca esquecer da beleza que eu podia ver também. Um fio de cabelo fora do lugar, um botão que disfarçaria mais ou menos a pele por baixo do tecido. A maquiagem majestosa que eu passei horas a tentar fazer. Os pés postos e guardados no salto preto, valorizando-me ainda mais.

Eu me sentia um tanto Ana Carolina agora. Me sentia tão atraente e sexy quanto ela era para mim.

Conferi a mim mesma antes de sair do quarto e fechei os olhos a suspirar quando me lembrei das palavras que Ana havia me dito a algumas horas.

"- E não importaria se todo tempo do mundo acabasse, o nosso amor seria eterno não só porque te amo como Chiara; mas te amo enquanto alma. Te amo enquanto tudo que és pra mim. - Ela sorriu neste intervalo. - E talvez você não saiba que todas as noites, eu sonho com o "nós". E não me surpreende que eu pareça louca ou obcecada... Eu sou feliz contigo, amor. E não poderia fazer de você menos do que a mulher da minha vida, mesmo que eu acredite que esta vida é pouco para todo amor que guardo para você."

Abri meus olhos com a doce sensação de amar, e enquanto descia pelo elevador; fui preenchida pela ansiedade.

Ansiei a saudade de Ana, Por querer pôr um fim nela.

Busquei seus olhos quando encontrei um mar de gente bem vestida, perfumada, elegante e de nariz em pé.

Olhei todo o redor e via aquelas vias de vestidos longos pretos, brancos, areias, vermelhos, azuis. Justos, rendados, soltos, vulgares e outros não.

Mas sem saber no que buscar, sem saber o que esperar... Busquei o quase ruivo intenso que eu reconheceria até em outras vidas.

Vermelho, ela trajava.

Eu a vi, delicada e discreta do outro lado do salão. Ela tinha um sorriso tímido, e um olhar quase perdido. Pude ver que ela também me buscava, e notei também o brilho dos olhos castanhos ao encontrarem os meus... Tenho certeza que eles passavam tanto quanto os meus.

Eu caminhei sorrateira por entre as pessoas perdidas e parei diante da dama que havia me dito palavras bonitas enquanto eu tinha Meus olhos quase fechados. Eu não cometeria a audácia de fazer menos do que amá-la. Mas eu precisei sorrir indiscretamente, e talvez mais maliciosa do que eu costumava ser, quando a analisei.

O salto deixava a ruiva mais alta, o corte do vestido fazia ela parecer mais esbelta do que era para mim, seu rosto... maquiado levemente; expunha os lábios tão desejados por mim por trás de um batom tão aceso quanto o que eu usava.

Eu quis beija-lá no instante em que lhe olhei, mas contive em apenas em dizer o quão bela estava.

Encantadora. Magnífica. Incrivelmente sexy. Linda.

Eu poderia passar o resto da noite rasgando elogios pra mulher a minha frente, mas o olhar que lhe lancei e o estalo das taças de cristal ao fazer um brinde; valeram muito mais.

- Você sabe como me surpreender, Carol! - Eu disse analisando-a toda. De fato, eu já havia imaginado que seria um vestido; mas vermelho, tão feminino. Nunca imaginei que veria Ana de tal forma, ou talvez tenha imaginado em uma daquelas minhas fantasias em que ela parece muito mais mulher assim. Eu gosto dessa versão pomposa de Ana, a majestosa pose lhe cai bem.

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