Forasteiro

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   Tenho quase a certeza que meu coração congelou por alguns segundos, nem um único som pode sair das minhas cordas vocais. Apenas abanei a cabeça e segui-o. Avançamos uns quantos metros até chegar a entrada da caverna 4B15 tudo isso sem uma palavra entre nós. A caverna 4B15 é restrita a civis, pois é apenas para uso  militar. Chegamos a um corredor longo cheio de vitrines com miniaturas de armas nucleares, era tudo bem iluminado o que atrapalhava um pouco a minha visão. No fim do corredor estava uma porta que nos levava a uma sala.

    - Sente-se senhor Bennett.

    - O meu nome é Ulerick.- Corrigi ele quase imediatamente.

    - Como queira! A questão é que... Aquela noite nós agimos daquela maneira porque o sistema de segurança apontou uma pessoa não identificada, um intruso.

    - Como? Não há como seres humanos sobreviverem lá fora na radiação, eles morreriam em minutos!- Exclamei logo.

    - Foi isso que pensamos, mas e se ele não vivesse na superfície? Mas sim dentro da antiga cidade. O concelho e eu gostaríamos de lhe pedir desculpas pelo acontecido, estávamos apenas a tentar proteger a cidade.- Disse ele com a mão em meu ombro.

    Abanei a cabeça, pois não tinha o que falar, fui acompanhado pelos militares até para fora da caverna. Ainda pensativo tomei o meu caminho até a minha cabine, como poderia alguém sobreviver fora das cavernas ou dos Estados Novos? Foi então que Aurora apareceu, dizendo:

    - Oi!- Disse ela surpreendida em me ver.

    - Oi! Onde está indo?

    -  Estou indo ver uma apresentação sobre a "Guerra das potências", quer ir comigo?- Perguntou ela já me puxando em direção a apresentação.

    - Claro! Porque não?

    E fui lá eu todo contente, de repente quando dou por mim estávamos de mãos dadas. Não acho que ela tenha reparado pois estava tão ansiosa com a apresentação. Quando lá chegamos ficamos sentados no meio das crianças, todas as pessoas que nos viam riam, eu também comecei a rir até ela se dar conta.

      - Porque está rindo?-  Disse ela fazendo a mesma coisa.

     - Não sei, não consigo me controlar.- Comecei a rir mais alto.

    - Pare está me fazendo rir também!- Exclamou ela fazendo um enorme esforço para não rir, mais acabou por se entregar ao riso.

    Quando demos por nós já estávamos rindo bem alto e acabamos por parar a seção e fomos expulsos, mas por alguma razão não paramos de rir. Assim que demos por nós estávamos olhando nos olhos um do outro, mas desta vez os nosso lábios estavam próximos um dos outros, o que fez com que houvesse um beijo espontâneo. Aurora tira os seus lábios dos meus e acaba por ir embora, mas com um sorriso no rosto, me senti feliz, senti pela primeira vez que eu tinha uma razão para passar aquele estupido teste.

    Agora que penso nisso, falta uma semana para os testes, uma semana para determinar o meu futuro. Faço o meu caminho até a cabine, não há muito o que fazer por aqui. A nossa rotina é sempre a mesma. Mas vai deixar de ser assim. Como falta uma semana para os testes vamos ter acesso a nova caverna, apenas quem está prestes a fazer o teste tem direito a ela, mas essa caverna não tem nome. Costumamos chama-la de caverna final, porque é lá onde se realizam os testes, ficamos uma semana em treinamento pois o teste é muito pesado e pode provocar vários danos psicológicos, por isso somos treinados para nos comportarmos no teste. Quando chego no corredor da minha cabine noto uma pessoa estranha tentando abrir as portas do nosso corredor, nunca a tinha visto, tento lhe chamar a atenção mas ela acaba por me atingir na cabeça me deixando inconsciente, será que este era o forasteiro?

  








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