A aliança

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- Pelo que vejo jovem dama, fostes bem instruída por seu tutor, consegue distinguir a casa e também a qual posição ocupamos, se é a primeira ou segunda. No meu caso sou sim o segundo decanato, uma vez que Ariane esteja impossibilitada de executar suas funções... Eu como bom ariano não poderia deixar de prestar contas.
- Acho melhor você tirar esse sorriso idiota do rosto, se bem conheço Ariane ela jamais se permitiria deixar ser vencida por você.
- É melhor sairmos daqui. Vou mostrar-lhe que posso ser muito generoso quando quero.
- Não me importa o quanto você seja generoso. Não estou a venda. A não ser que me entregue Lilian.- Eu era alta mas ele com certeza era maior, exalava força e determinação.
- Rá rá rá... Lilian? Não passa de uma pequena peça que poderá ser descartada. Venha não queremos chamar a atenção. Queremos?- Eu nunca havia visto alguém com um sorriso tão estonteante! De onde vinham esses pensamentos? De alguma maneira as sombras dele foram se fechando em torno do meu pescoço tentando me sufocar, antes que eu me desse conta sua mente invadiu a minha deixando-me confusa. Vi minhas irmãs Ruth e Dorothy correndo pelas ruas de Londres, risonhas, enquanto eu carregava um cesto de roupa limpa a serem entregues. Era antes da peste, tudo era calmo e as pessoas se cumprimentavam com gentileza. Enquanto eu caminhava com o cesto que exalava perfume de sândalo ouvia-se borburinhos das donzelas junto a fonte, não possuíam mais que dezessete anos, curiosa aproximei-me para saber de que se tratava os risos quando Dorothy me puxou pelo braço, apesar dos seus quinze anos era quase da minha altura:
- Ele é lindo Ashylei!
Não pude deixar de rir ao notar que todo aquele borburinho dava-se a um jovem rapaz. Ele estava sentado junto a fonte com um violão azul cobalto. As notas entoadas por ele me acalmavam, algo saía dele, uma energia forte e vibrante. Como se por algum motivo aquele forasteiro pudesse sentir a mesma onda de calor olhou-me com intensidade. Tomada por aquela sensação estranha meus braços fraquejaram como se a minha alma estivesse sendo exaurida de meu corpo, o cesto foi-se ao chão fazendo-me recobrar de minha tarefa. Recolhi tudo com rapidez, dirigindo-me ao mercado para fazer minha entrega, deixei aquela bela voz tornar-se uma lembrança.

- Hey ! Ashylei esparai-me.

- Dorothy comporte-se , sabes que nossa mãe não aprova tais comportamentos . Então ande com graça e não correis como garotos.

- Sim eu sei perdoe-me. Podemos ir até a igreja depois?

- Mas é claro que sim, faremos uma visita ao Bispo.

Senti novamente uma onda de energia mas dessa vez fui sugada para uma outra lembrança...

Marcius sorria, um sorriso tímido porém levara consigo parte de meu coração. Todas vez que pronunciava meu nome inevitavelmente aquecia minha alma, em sua presença as palavras não se tornavam coerentes. Eu fechava os olhos para que pudéssemos conversar, ele não continha o riso e dizia:

- Deixai-me ver o sorriso em teu olhar Ashylei, tens o olhar mais cativante que já vi minha senhorita. Quisera eu poder desposar estes olhos pela eternidade e que nada possa impedir-me de apreciar tua beleza. Olhes para mim , peço-te minha querida. Deixai-me ser o mais feliz homem desta terra.

Atendendo ao seu pedido deixei que meus olhos contemplasse sua beleza. Marcius era robusto e viril, usava um corte de cabelo jamais visto na região ,provavelmente nem mesmo em toda Londres. Procurei traços que pudessem me dizer de qual país era esse forasteiro, não contive minha curiosidade.

- Marcius, perdoe-me por indagar-te de forma tão direta mas... - Por um instante julguei se poderia mesmo fazer tal pergunta.

- Pergunte-me o que quiseres minha senhorita. Dou-lhe minha permissão e creio que ninguém poderá escutar-nos daqui, afinal o vilarejo fica distante destes campos.

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