Capítulo 4

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Aquela mensagem fixou-se na minha mente e não saiu mais, eu tentei tirar aquilo da cabeça por quase duas semanas mas não consegui. Hoje mais cedo decidi comparecer na reunião que o Justin estava realizando no escritório dele com todos os seus funcionários, tinha decidido contar pra ele da ruivinha maluca, da perseguição, da mensagem... Mas estragaria todo o meu plano de acabar com a vida daquela desgraçada.

Cheguei e pude ver todos sentados no sofá enorme de couro preto, me sentei junto a dois caras que eu não conhecia ainda, deviam ser novos. Justin estava dizendo tudo o que me falou ontem à respeito da garota para os outros caras, mas sinceramente, quase não prestei atenção no que ele disse porque aquilo já estava me perturbando.

Estava tão ocupado pensando naquela estranha e o que ela poderia ter feito depois que fechei a porta, que nem ouvi o Justin me chamar...

-Zayn, se apresenta cacete!

Depois me liguei que os caras precisavam saber quem eu sou e me levantei meio perturbado, de tanto pensar naquela desgraçada!

- Bom, como ouviram o chefão aqui meu nome é Zayn. Trabalho nessa máfia desde os 16 anos e o Justin me considera seu braço direito pra qualquer trabalho que possa surgir...

Um cara levantou do nada, fitei ele mas não pude ver muito seus detalhes.

- Nunca se sabe, será mesmo que você ajudou em todos os serviços? - me subestimou 

- Primeiramente senhor indefinido, mostra sua face e ai sim você vem se achar o fodão.

O cara se sentou de novo e eu mal sabia se estava me olhando ou não. Aquela voz também estava muito estranha, olhei de relance para o Justin e ele insinuou para que eu me sentasse de novo e logo começou a falar.

- Contratei alguns masked's para evitar que a ruiva desconfie que seja nós agindo contra ela.

Mesmo assim, achei muito estranho, pensei em várias possibilidades de esse cara na verdade ser a própria ruiva, imagina só delícia seria trabalhar com a minha rival?!

Da reunião fui direto para a faculdade, pela primeira vez na vida não olhei pra nenhum seio ou imaginei insanidades com as garotas da minha classe, eu só queria cumprir logo essa missão e ficar em paz de novo.

A professora estava explicando algo sobre sleep paralysis, fiquei lembrando quando eu tive isso no início da minha adolescência por conta de não dormir sentindo falta da minha mãe comigo. Eu realmente sofri por um bom tempo com isso.

Como eu já sabia sobre esse assunto por experiências próprias, decidi abrir algo e começar a ler para passar o tempo. Acabei achando um livro bem antigo de qual eu gostava muito de ler, me lembrava à Beatrice... Não era um livro de porte como muitas pessoas portam por aí, era um especial, Beatrice tinha me entregado antes de ir embora da minha vida, ela mesmo tinha escrito algumas poesias, frases de reflexão e até mesmo coisas que ela pensava e ninguém sabia.

"Zayn, fiquei sabendo que aquele casal jovem que veio aqui ontem estão pra vir me buscar amanhã."

"Beatrice..."

"Calma Zayn, eu tenho algo pra te dar pra que nunca me esqueça no trajeto da sua vida" lembro-me perfeitamente de uma garota suavemente me beijar com gosto doce e esperançoso pra me encontrar logo, talvez demoraria e talvez eu fosse atrás dela, eu vacilei por não ir, porra de frieza que ganhei no meu coração!

"Adeus Zayn"

Realmente espero encontrá-la algum dia, nem que seja na minha velhice, eu preciso tê-la pra mim. Ela adorava recitar Clarice Lispector enquanto eu desenhava, meu preferido era:

"Esperar dói. Esquecer dói. Mas não saber se deve esperar ou esquecer é a pior das dores."

E porra... serviu como um casaco perdido em mim.

A professora começou a ter ataque epiléptico e eu mal percebi isso, todo mundo estava se dirigindo para a saída em minha volta. Comecei a guardar minhas coisas já com a sala quase vazia e do nada uma mão feminina gelada e branca segurou meus punhos impedindo que eu continuasse a guardar meu material. Tentei olhar quem estava ali comigo, mas assim que fui levantar meu olhar colocaram um pano no meu rosto e...

ALGUMAS LONGAS HORAS...

Não sei nem onde estou direito, talvez uma espécie de jaula? Espera... Como estou conseguindo ver a mim mesmo? O outro eu que estava preso estava magro e sujo por conta do local que estava vivendo. Seus pulsos estavam presos por algemas de ferro muito potente, seus pés estavam cheirando a carne podre por conta de algumas feridas profundas que pareciam ser de algo muito afiado.

Eu realmente não entendia o que estava acontecendo ali, eu pareci uma espécie de alma vagante que ninguém conseguia ver ou ouvir...Eu gritava por socorro, conseguis passar por objetos mas não consegui soltar o outro eu. Apenas fiquei parado do outro lado da jaula tentando entender ou lembrar como eu tinha parado ali.

Ouço um portão ser bruscamente aberto e, não sei porque diabos eu fui tentar me esconder, sendo que ninguém poderia me ver ali. Olho de relance quem era o filho da puta que me mantinha daquela forma, e vejo uma pessoa toda coberta de preto que não revelava nem a própria voz.

O ser indescritível veio tentar me soltar dali, chorava desesperadamente por socorro e também por não conseguir me soltar.

"Calma meu amor..." o meu outro eu falou, então o outro ser tirou uma espécie de capacete, mas ainda havia uma máscara horrenda por debaixo, mas pude ver seus longos cabelos lisos e negros e a mão feminina encostar meu rosto como quem dissesse "eu nunca vou desistir de te salvar".

Logo a porta é aberta de novo e um barulho feito por salto agulha domina o pouco de silêncio que ainda restavam daquele lugar. Olho para a sombra projetada e vinham dois, uma mulher fodidamente cheia de curvas e um homem estilo gangster

"Será que solto o bebezinho hoje?" a mulher dizia com sarcasmo na voz enquanto puxava a garota da máscara horrenda pelos cabelos.

"Ah, tá tão divertido ver essa filha da puta vir tentar salvar ele todos os dias e não conseguir"

A voz do cara era idêntica ao do Justin, e a da mulher irreconhecível. No fim eles levaram a mulher desconhecida pra outro lugar e ali acabei adormecendo.

ALGUMAS CURTA HORAS...

Acordei todo preso e impossibilitado de me mover pelo pouco espaço em que estava, imaginei que fosse um porta-malas por estar em movimento constante e poder ouvir algumas vozes no local. Percebi que meus punhos estavam muito bem presos e minha boca com um pano fedorento, ou seja, eu estava fodido.

Comecei a prestar atenção nas vozes e então distingui que: eram duas vozes. Uma feminina, outra masculina, que por sua vez, estava dentro de um telefone. Eles conversavam algo do tipo:

"Conseguiu pegar o playboyzinho?"

"Sim, pra onde levo ele agora?" pude então perceber pelo timbre da voz da moça duas coisas: eu a conhecia. E ela estava sendo forçada a fazer aquilo, tinha um gosto de desespero em sua voz.


GENTE, DEMOREI DÉCADAS, MAS POSTEI. COMENTEM MUITO E LEIAM MUITO. BJOS









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