BRILHO E BORBOLETAS

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As mais lindas palavras de amor são ditas no silêncio de um olhar.

Bella p.v.o

Na segunda fomos todos a escola. As aulas nunca eram tão chatas porque sempre Alice, Jazz ou Edward estavam comigo, e com certeza eu podia afirmar que eu era a distração deles também. Afinal, eles já haviam estudado aquilo tudo pelo menos umas 40 vezes. Mas naquele dia a aula de biologia foi a melhor. Edward estava feliz e inspirado, então fazia palhaçadas a todo o instante, passou o tempo todo contando piadas pra mim e nós falamos mal de todo mundo como duas senhoras fofoqueiras.
O trabalho daquele dia era simples, então minutos depois estávamos prontos. Minha expressão era de divertimento o tempo inteiro. Edward cruzou os braços e encostou-se à cadeira fazendo uma cara de “estou cansado”. Mesmo com essa cara, arrancou suspiros de Jéssica que estava sentada atrás de nós.

Eu ri e ele me olhou com a sobrancelha erguida.
– O que? Acha que é fácil ser bonito desse jeito? Passo trabalho.
A gargalhada foi tão alta que fui obrigada a colocar a mão na boca pra contê-la.
– Claro. E você é modesto também.
– Tenho muitas virtudes. – gabou-se ele passando a mão no cabelo.
Jéssica suspirou outra vez, mas mais demoradamente.
– Mas tudo isso vale a pena ham?! Com todas essas admiradoras. Algumas têm tanto potencial.
Eu ri sarcasticamente e ele fez uma careta ao ver que eu falava de Jéssica.
– Ela já está me dando nos nervos.
– Mas ela desistiu não? – perguntei meio insegura. Ela tinha, não tinha?
– Aparentemente. Está arquitetando a melhor maneira de me pegar de jeito.
Pela expressão dele ao responder soube que ele repassava algo que Jéssica imaginara. Em reflexo, fiz uma careta também.
– Vai funcionar?
– O que? – perguntou ele de olhos arregalados.
– A pegada de jeito... – era ridículo corar daquela maneira por dizer essas quatro palavras, mas fazer o que?!
A expressão de Edward foi de terror a entendimento, depois passou para felicidade e alivio e então para uma careta de nojo.
– É claro que não. – ele sorriu, maliciosamente. – Já te falei uma vez, que prefiro as morenas.
Eu estava um pimentão, mas não podia perder a oportunidade de arrancar mais algumas informações, ou elogios dele.
– Ela pode ficar sabendo disso e pintar os cabelos. – Gosto de coisas naturais. – respondeu ele olhando no fundo dos meus olhos.
Me arrepiei inteira só com isso, ele nem ao menos me tocou. E isso era apavorante e maravilhoso ao mesmo tempo. Nós ainda nos olhávamos quando o sinal tocou, eu me assustei, mas marchamos para sair da sala. Nossa querida colega Jéssica apertou o passo a fim de pegar uma “carona” conosco. Eu bufei e Edward após olhar intrigado pra mim, se manteve indiferente.
– E então. – começou ela. – Vocês vão à parada hoje?
Jéssica se referia a parada que fazia parte da programação do aniversário da cidade. A cada dia da semana era uma festividade diferente, e no sábado haveria um baile, aparentemente, glamouroso.
– Vamos. – respondi antes que Edward o fizesse. – Você vai?
– Sim. – respondeu ela animada. – Eu e minha família vamos desfilar.
Nós também havíamos sido convidados a participar do desfile, mas Carlisle negara veemente diante de que não éramos fundadores da cidade, então não seria justo. Mas garantiu que iríamos e ele discursaria em nome do hospital.
– Hum. Grande coisa.
Ela não me escutou, ainda comentava animada sobre a roupa que usaria, mas Edward riu chegando mais perto de mim e pegando minha mão entre as suas e fazendo um carinho gostoso. Eu sorri pra ele e Jéssica fez cara
feia.
– Vocês não são irmãos de sangue, mesmo?
Fechei a cara já cansada das perguntas dela sobre o meu tipo sanguíneo. Mas Edward ficou muito irritado, provavelmente com algum pensamento dela.
– Não. – respondeu ele furioso, parecendo ofendido. – Tem alguma coisa contra?
Jéssica se assustou com a pergunta em forma de um rosnado resignado.
– Não, é claro que não. É só curiosidade.
Mamãe, que parecia ter ouvido a conversa, veio até nós. O refeitório já estava cheio e ela já havia pegado comida pra mim.
– Acho melhor então você ser curiosa para outros lados. – xingou ela.
Jéssica, esquecendo sua auto-defesa, ficou furiosa e estufou o peito para minha mãe.
– Olha como fala comigo Rosalie!
Passamos a ser o centro de atenções da galera. Papai, mesmo sem os poderes de Alice, previu o estrago que Rose faria, veio até nós e segurou o braço dela.
– Rose. Vamos pra mesa. – pediu ele.
Com a mão que não estava entre as de Edward, eu toquei seu braço.
– Não vale à pena M.
Ela sorriu achando linda a forma que arrumei de chamá-la de mãe. Olhou mais uma vez para Jéssica e saiu com papai. Edward que estava achando graça de algo que eu não soube identificar, tentou me puxar para a mesa, mas eu o fiz esperar. Olhei pra Jéssica com um sorriso divertido nos lábios enquanto ela bufava.
– Você não imagina. Mas salvei sua vida garota.
Edward riu gracioso e fomos para a mesa. Sentimos a onda de paz nos atingir e sorri pra Tio Jazz cúmplice, mamãe ainda não havia se acalmado. Comi tranqüila enquanto eles remexiam nas frutas e conversavam sobre uma possível excursão de caça. O resto das aulas se passaram tranqüilas. Jéssica não falou comigo na educação física e eu me senti meio perdida sem Ângela, que não viria essa semana, pois estava participando da organização das festividades.
No final da aula depois de me trocar fui em direção ao Volvo de Edward, bom eu pretendia ir, porque Jéssica me parou antes que eu pudesse chegar perto do carro.
– Você gosta dele não é? – perguntou ela aos berros segurando meu braço.
Eu me soltei e a olhei indignada.
– Sobre o que você está falando?
– Ora sobre o que. Edward!
Bufei, cansada de toda aquela palhaçada, e então decidi falar umas
verdades a ela.
– Olha Jéssica. Você não me conhece. Nem a mim e a minha família. Não sabe nada sobre nós. Acho que está na hora de parar de se achar grande coisa.
Ela olhou pra mim com a expressão totalmente apavorada e indignada pelas minhas palavras. Deu alguns passos na minha direção, como se isso fosse me fazer recuar.
– E você é grande coisa?!
– Não disse que sou. Disse que você não é. Se você tem um problema com Edward, resolva com ele, não comigo. Embora eu tenha certeza de que ele não quer resolver nada com você.
Ela riu de forma descontrolada e apontou o dedo pra mim.
– É uma questão de tempo até Edward cair aos meus pés ouviu bem?
Todos caem, porque com ele vai ser diferente?
Eu ri divertida enquanto passava os olhos pelo estacionamento e via todos olhando o auto-arruinamento da imagem social de Jéssica. Minha família estava por ali também. Mamãe era a única que queria vir até mim, mas papai a segurava firme, risonho.
– Você definitivamente não conhece Edward.
Ela abriu a boca pra retrucar, mas a chegada do nosso assunto a calou.
– Nem vai conhecer. – afirmou ele convicto, mas divertido. – Amorzinho, podemos ir agora? Alice quer arrumar você pra parada.
Jéssica pareceu notar que não existia somente ela no mundo e olhou ao redor. Ninguém havia ido embora ainda, todos estavam ali vendo o show dela. A garota se enfureceu e falou comigo mais uma vez antes de sair.
– Vou matar você Isabella!
Edward ficou rígido e Jasper veio segurá-lo. Mas isso não o impediu de gritar.
– VAI TER QUE PASSAR PELOS CULLENS PRA ISSO!
Ele estava furioso. Nem eu havia levado aquela ameaça a sério, por Deus! Mas ele ficara totalmente raivoso. Foi com muito custo que fomos embora. Dessa vez eu e ele fomos sozinhos no carro.
– Você está bem? – perguntei após uns minutos de silêncio. Ele assentiu.
– Não sabe o esforço que fiz pra não arrancar a cabeça dela. – admitiu ele ainda com raiva.
A culpa me atingiu como uma onda furiosa.
Era minha culpa, se não tivesse dado conversa a provocação de Jéssica e seguido para o carro, a discussão não teria acontecido. Não estaríamos tão expostos e as pessoas não olhariam meio apavoradas pra nós como olharam antes de entrarmos no carro.
– Desculpe. – murmurei com os olhos cheios de lágrimas.
Se não estivesse com cinto teria batido a cabeça tamanha a freiada que Edward deu.
– Olhe pra mim.
Sem forças pra fazer o que ele pedia continuei de cabeça baixa enquanto sentia algumas lágrimas cortarem minhas bochechas.
– Olhe pra mim, amor.
Então eu o olhei. Não pelo que ele provavelmente queria que eu olhasse, mas sim por causa do que ele havia me chamado. Eu estava acostumada com o amorzinho, monstrinho, florzinha, boneca, coração. Mas jamais ele havia me chamado de Amor.
– Porque está pedindo desculpas?
– Eu não devia ter discutido com ela. Fui uma idiota.
Edward pegou meu rosto entre suas mãos, secando as lágrimas com a ponta dos dedos.
– Nunca mais diga que você foi ou é idiota. A culpa foi minha, eu devia ter deixado claro desde o inicio que não estava interessado.
– Pare de sempre querer se culpar por tudo! Caramba Edward! Ela estava claramente com ciúmes de nós. Vai parar de ficar perto de mim pra que nenhuma possível pretendente seja barrada?!
Ele olhou pro chão do carro, sem saber o que dizer, pela primeira vez. Por fim suspirou e voltou a me olhar. Transbordando sinceridade.
– Não consigo não ficar perto de você. É a minha vida, sempre foi e vai continuar sendo.
Eu sorri emocionada e então nos abraçamos.
– Não é culpa de ninguém OK? – Eu assenti concentrada em me acalmar sentindo o cheiro dele. – Agora vamos. Se não Alice virá nos buscar. – disse ele fazendo uma careta.
Eu fui torturada em uma sessão de embelezamento, fechada pra mulheres-vampiras e depois fomos escolher nossas roupas pra usar na parada. Nessa parte eu me diverti muito. Nós fizemos um desfile e analisamos as melhores combinações. O clima não ajudava pra vestidos, então fomos todas de calça Jeans, mas com casacos de frio de grife e sapatos altos.
Os homens também estavam elegantes, embora a parada não fosse grande coisa pra toda nossa produção. Tudo ocorrera tranqüilo e o desfile fora agradável. Algumas crianças leram poemas próprios sobre a cidade, o prefeito discursou e Carlisle também, falando sobre a importância do hospital da cidade. Forks podia ser pequena, mas o hospital era uma referência no estado.
Jéssica estava com sua família e não falou conosco, embora a pegássemos sempre com os olhos em nossos movimentos. Principalmente em mim e Edward.
Incrivelmente a cidade foi contemplada com dias de sol, minha família não pode ir à aula o resto da semana, então eu optei por ficar também e por não irmos ao resto das comemorações – afinal estávamos acampando. Assim pude me preparar para a apresentação de sábado. No baile.
O professor de literatura passara uma tarefa onde todos deveriam escrever ou compor algo, uma espécie de competição. Alice que faz essa aula comigo escreveu um poema falando da integração da comunidade e da amizade, eu compus uma canção falando sobre a inocência quase infantil de Forks, é claro que juntando tudo o que eu sentia por estar aqui. Fomos as ganhadoras.
Assim eu e minha tia-irmã adorada iríamos nos apresentar antes do inicio do baile, após os discursos do diretor e do prefeito. Alice já tinha o poema na ponta da língua e passou a semana providenciando nossas roupas
para o grande evento. Seria no ginásio da escola, mas isso nós abafamos.
Edward estranhou que eu pedisse ajuda a mamãe com o piano, mas eu queria que ninguém, principalmente ele, visse a letra da música. Assim minha linda mãe me ajudou com a melodia escondendo sempre seus pensamentos sobre o assunto de Edward.
No sábado pela manhã, a secretária da escola ligou pra nós pra saber se estava tudo bem para a apresentação, pois não tínhamos ido à aula. Alice a tranquilizou e recrutou as mulheres para mais uma sessão de embelezamento.
Os garotos bateram palmas quando descemos as escadas como princesas. Meu vestido era longo, vermelho, bordado com cristais brancos – um contraste e tanto com minha pele e com a inocência, o tema da minha música. Após as tradicionais fotos para orgulhar os pais – embora eu somente fosse o alvo da maioria dos flashes, - nós fomos para o ginásio.
Edward e eu fomos sozinhos no Volvo, ele me ajudou a entrar, cuidadoso para que o vestido não fosse amassado. Segurou minha mão o caminho inteiro, sorrindo, me olhando hora ou outra e dizendo de cinco em cinco minutos que eu estava muito linda.
Foi inevitável chegar à escola corada.
Logo após nossa entrada triunfal no salão – como previu Alice – os discursos começaram. Edward não largou minha mão um instante se quer, e não fui só eu que notei, todos notaram. E novamente tio Jazz nos olhou com certa raiva, Alice o repreendeu falando algo que não consegui ler nem escutar.
Ela leu seu poema, feliz e graciosa, foi aplaudida e então eu pude ir. Me sentei calmamente no piano que fora colocado ali somente para isso, Ângela que apresentava a cerimônia me anunciou e disse também o nome da minha música.
Corada até o último fio de cabelo comecei a tocar e a cantar.

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