NÃO POSSO PERDE VOCÊ

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O amor é transmitido em palavras e atos

Edward p.o.v     perde

Quando o momento entre eu e Bella era tão intenso – como o de agora – eu sempre me desconcentrava e acabava por ouvir coisas que certamente não precisava, pra ser mais preciso, pensamentos que não precisava.
Será que eles estão juntos?
Bella está gata naquele vestido. Muito gostosa.
Eles estão sorrindo feito dois idiotas.
Será que vão se beijar?
Puxa vida, ela tem sorte, Edward é muito gato.
Eles são irmãos não são?Parentes?
Depois de captar alguns nada bons, me obriguei a bloquear meu dom, o máximo que conseguia. Ainda ficavam alguns ruídos, mas nada de muito alarmante.
Eu e Bella já havíamos dançando umas 15 músicas. Não que eu tivesse contando, simplesmente não nos largamos desde que eu a abracei depois dela descer do palco. Não importava se a música era agitada ou não, dançávamos sempre juntos, comigo sempre ditando o ritmo. Bella me acompanhava, sempre sorrindo. O que me fazia sorrir em reflexo.
– Love is worth the fall (o amor vale a queda) – cantarolou ela faceira, prestando certa atenção na música.
Não sei se foi uma indireta, direta, se foi pra mim, se foi só por cantar, mas encheu meu coração gelado de esperanças. Era duro conviver com ela todos os dias, todos os minutos e não poder gritar para mundo, para ela, que eu amava. Mais do que a mim mesmo.
Tudo para nós vampiros, era mais rápido, permanente e certeiro. Desde os 15 anos de Bella eu já a via de forma diferente. No inicio me recriminei e tentei ao máximo me controlar, mas então aquele dia no avião, de volta pra Forks, eu me permiti pensar, me permiti imaginar como seria, e então não teve mais volta. Nada podia ser feito pra mudar meus sentimentos, nada.
E assim, quando achei que sofreria por ela o resto da minha eternidade, Bella começa a me dar esperanças. Como o ciúme exagerado de Jéssica, a vergonha quando eu a elogiava, o fato de sempre querer estar comigo. Pequenas e poucas esperanças, mas que pra mim eram do tamanho do mundo. Podia até ser considerado talvez carinho de irmãos, mas seu olhar a denunciava. Então no dia do quase-beijo, quando ela não fugiu de mim. Eu tive certeza.
Decidi que então tudo seria calmo e certo. Eu queria conquistá-la, cortejá-la, mesmo que isso fosse coisa do século passado. Eu era do século passado.
Continuamos dançando, entretidos em nós mesmos. Bella colocou a cabeça em meu peito e suspirou. Eu suspirei também, involuntariamente.
Ao dar um giro, me de paro com Alice tentando contornar Jasper. Eles estavam na beira da pista de dança e discutiam em uma velocidade impossível de um humano entender. Mas eu entendia. Infelizmente.
– Você fala isso porque não sente o que eu sinto. Ele está transpirando amor por ela Alice! – grunhiu ele enfurecido.
– Deixe de ser paranóico. Agora todos vocês estão assim! Semana passada Emmett quis matar um garoto que olhou, simplesmente olhou um pouco mais pras pernas dela! Isso é ridículo Jasper.
– Claro que não é ridículo! Ela é uma criança! E Edward sabe disso.
– Bella é uma mulher Jasper. Você querendo ou não. Aceitando ou não.
E a hora em que ela jogar isso na sua cara, vai perceber o papelão que está fazendo.
– Eu nem fiz nada, ainda.
– Ótimo! Vá lá, arranque Edward dela, faça ela pagar o mico do ano! Depois olhe bem pro rosto dela quando ela chorar e disser que odeia você!
Jasper ficou meio quieto sem saber o que dizer. E Bella com certeza faria aquilo. A visão de Alice era cristalina como água. Mas eu não permitiria que ele fizesse aquilo, nem que pra isso tivesse que arrastá-lo pra fora daqui e lutar com ele.
Claro que eu preferia não fazer nada disso, mas não me importava com nada que dissesse respeito a mim, agora quando o assunto era Bella, a história era totalmente outra.
– Ela vai fazer mesmo isso? – questionou ele ainda duvidoso.
– Sim! E vai esfregar na sua cara que Edward é só o melhor amigo dela.
Alice podia ser uma meio metro irritante, mas estava mentindo por
mim nesse exato momento, para seu companheiro, e eu ia recompensá-la, faria o que ela quisesse. Ela era minha cúmplice desde quando descobrira que eu me apaixonei por Bella. Ela apoiava.
Tinha certeza de que seria a única.
Jasper balançou a cabeça concordando com ela, seus pensamentos demonstravam a veracidade disso, ele estava se recriminando por pensar que eu faria algo com Bella. Eles se beijaram e se juntaram ao pessoal que dançava na pista.
Alice olhou pra mim sorrindo por cima do ombro de Jasper.
A barra está limpa. Pelo menos por enquanto. Estou fazendo o melhor que posso.
Eu sorri triste pra ela, e mexi os lábios, para que ela os lê-se. – Obrigada.
Eu sabia que Jasper seria enganado por pouco tempo. Sabia que ele armaria um circo envolta do sentimento puro que eu e Bella compartilhávamos, e o pior. Emmett passaria a saber.
Involuntariamente, apertei mais Bella a mim. O que seria de mim se eu a perdesse?
– O que foi? – perguntou ela erguendo-se e percebendo meu conflito de sentimentos. – Edward, o que houve?
Eu apenas balancei a cabeça negativamente, como se dissesse que não estava acontecendo nada. Ela deu um sorriso descrente.
– Tudo bem. Quando quiser se abrir, saiba que sou uma boa ouvinte para vampiros.
Eu ri divertido e ela sorriu.
– Assim que eu gosto. Você sorrindo.
Ela estava corada e corajosa ao mesmo tempo. Lentamente beijei suas duas maçãs vermelhas e ela sorriu, corando ainda mais.
Teríamos dançado a noite inteira se deixassem, mas Emmett, Carlisle e Jasper, reivindicaram pelo menos uma dança com a preciosidade da família.
Alice estava sentada alegre em nossa mesa, sentei-me ao seu lado e ela sorriu pra mim.
– E aí meio metro. – zombei.
Ela riu divertida.
Comece a me encher a paciência e vou soltar Jasper pra cima de você.
Fiz uma careta e ela riu, de novo.
– Brincadeira. Já estou me acostumando com os apelidos ridículos que você insiste em me chamar.
Eu fiz um coração com as mãos na direção dela e ela gargalhou.
– A barra está limpa, pra escola? – questionei.
Ainda me perturbava a ameaça de Jéssica a Bella na segunda feira passada. Sem falar que fomos expostos demais.
– Tudo tranqüilo. – me garantiu ela.
Assenti enquanto Carlisle se aproximava de nós.
– Já estamos indo. – respondemos eu e Alice juntos.
Ele riu. Nós fomos embora, mas dessa vez, tive que carregar uma Bella adormecida para casa, ela dormira no caminho segurando minha mão. Um sorriso no rosto.
Depois de colocá-la na cama, desci para a garagem. Emmett e Jazz me esperavam. Mesmo tendo caçado na semana passada – no caso eu não – eles estavam a fim de fazer uma caçada só de homens.
Passamos o domingo caçando, rindo das piadas idiotas de Emmett e traçando estratégias para afastar os pretendentes de Bella. Nessa parte Jasper procurou me analisar cuidadosamente. Mas me controlei, não dando nada a ele que pudesse me acusar. Eu tinha deixado um bilhete a Bella, explicando porque não estava em casa.
Chegamos na segunda pela manhã, porém só a vi na hora de irmos a escola. Havia nevado no domingo, então o chão estava coberto de gelo, escorregadio. Bella andava sempre agarrada a um de nós.
– Saco. – resmungou ela quando chegamos.
Nós rimos divertidos e partimos para as aulas torturantes.
No final do dia letivo já estávamos no carro esperando por Bella. Ela quase sempre chegava antes que nós pelo fato de o ginásio – local da sua última aula – ser mais perto do estacionamento do que os prédios de salas de aula. Mas naquele dia, ela ainda não tinha chego.
Ângela, sua amiga e colega estava andando pra lá e pra cá com uma pilha de livros e Bella não se negou a ajudá-la. Respirei aliviado quando a vi saindo do ginásio com Ângela, uma pilha de livros estava com cada uma. Elas caminharam até o carro de Ângela, que estava do outro lado de onde estávamos. A garota agradeceu e elas se despediram.
Nunca quis tanto Bella ao meu lado.
Eu ofeguei quando Alice viu o acidente, no segundo seguinte estava correndo como jamais corri, atravessando o estacionamento para salvá-la.
A van de Tayler, um dos seus colegas em literatura, derrapou  e ele perdera o controle da direção. Ela vinha escorregando pelo gelo no chão do estacionamento, indo diretamente para Bella.
Ela não. Jamais. Nunca.
Bella se recostou no carro mais próximo, ela havia dado alguns passos, mas depois que percebeu o movimento da van, simplesmente parara. Ela estava apavorada, em pânico, seu rosto demonstrava isso.
Quando pulei por cima dos últimos carros que nos separavamos e consequentemente diminui a velocidade para que pudesse me por entre ela e a van, Bella sorriu meio desesperada, agora me vendo.
– Edward... – ofegou ela. Ainda em pânico.
No exato instante em que a van chocou-se com a traseira do carro caramelo em que ela se encostava, eu me pus a sua frente, ela caiu sentada com o impacto da van, batendo a cabeça no carro e eu contornei sua cintura com um braço e parei a van com o outro.
Nunca vi tantas emoções passarem por seus olhos chocolate quanto naquele instante. Ela chorava e sorria ao mesmo tempo. Se pudesse, também estaria chorando. Não que o nó na garganta não estivesse ali.
Santo Deus o que eu faria sem ela? Não conseguia nem imaginar. Não podia perdê-la.
Bella me abraçou soluçando e eu retribui finalmente tirando o outro
braço da van.
Os barulhos a nossa volta ficaram mais presentes, e eu percebi que logo logo estaria uma confusão em volta de nós.
Ela ergueu-se pra me olhar, ainda chorando. Colou a testa na minha, e sorriu.
– Obrigada. – sussurrou.
– Jamais deixaria você morrer.
Ela sorriu de novo, mas ao olhar para o lado, para a van. Se assustou.
– O amassado. – cochichou no meu ouvido.
Rápido como um raio, passeio o braço por detrás da lataria da van azul e desfiz o amassado. Peguei Bella nos braços e ela contornou meu pescoço com suas mãos, deitando a cabeça ali.
– Está doendo?
– Só um pouquinho.
Assenti me permitindo olhar ao redor. O estardalhaço era grande.
Ninguém pensava em como cheguei ali, ou em como era estranho eu ter desamassado um carro. Portanto, ninguém vira nada comprometedor.
Haviam chamado a ambulância, que já estava ali, Rose apertava o braço de Emmett e se forçasse mais arrancaria um pedaço, caminhei até eles pra que ela pudesse ver Bella.
– Boneca. Você está bem?
Bella assentiu colocando a mão na cabeça. Com todo aquele barulho, a dor ia piorar. Rose franziu a testa olhando pra mim, pedindo pra que explicasse.
– Ela bateu a cabeça no carro, quando a van se chocou na traseira dele. – esclareci.
Rose assentiu, e passou a segurar uma das mãos da filha.
– Vou torturar aquele garoto! – grunhiu Emm por entre dentes. Olhando diretamente para Tayler que já era atendido pelo pessoal da ambulância.
– Jasper! – inquiriu Alice.
No mesmo instante a onda de tranqüilidade conhecida nos atingiu. Emm foi discretamente segurado por Jasper, enquanto Alice se forçava a ver se tudo estava totalmente bem quanto ao meu ato heróico.
Ela assentiu para si mesma, constatando que ninguém vira nada. Carlisle chegou um minuto depois, acompanhado de Esme.
– Bella querida, onde dói? – perguntou ele.
Sem sair do meu colo ela foi examinada. Carlisle achou mais prudente que ela fizesse alguns raios X, então fomos para o hospital. Rose foi conosco no Volvo, na parte de trás, segurando Bella.
Saímos do hospital só à noite. Bella fora medicada com remédios para dor de cabeça, Jasper teve que usar de todo o seu poder pra controlar Emmett, ele realmente queria fazer um estrago no garoto. De todo não fora culpa dele. O gelo não ajudara muito. Fora só um acidente.
Estava sentado na varanda da nossa casa, relembrando todos os fatos quando Rose chegou. Ela se sentou ao meu lado, sorrindo. Bella dormia.
– Obrigada Edward. Sei que já te disse isso muitas vezes desde o acidente, mas vou ficar te devendo essa pra sempre. Você se arriscou muito a salvando.
Coloquei as mãos no rosto, respirando fundo sem precisar, não gostava nem de me imaginar sem Bella. Eu morreria.
– Jamais deixaria que ela morresse Rose. Nunca. Acho que vou junto se isso acontecer.
Rosalie me abraçou, beijando meus cabelos.
Ela ama você.
– É claro que ama.
Você sabe o que quero dizer.
– Rose... – eu não sabia o que falar. Eu podia ver na mente de Rose que ela sabia que eu gostava de Bella, e que aparentemente o sentimento era recíproco. Ela era uma das que eu imaginei que não saberia tão cedo. Que seria contra. Rose era totalmente a favor.
Acha que não sei que um dia ela amaria alguém? Que um dia teria sua própria família? Nunca quis negar isso a ela embora a mesma sempre afirme que nunca vai nos deixar. Fico muito mais feliz que ela tenha escolhido você, não porque assim pode ficar perto de nós, mas sim porque sei que você vai cuidar dela e fazê-la feliz. É só o que eu quero.
– Talvez eu preferisse que ela não tivesse escolhido.
Eu não poderia dar uma família a ela. Não poderia dar filhos a ela. Ela envelheceria, e eu continuaria preso em meu corpo de 17 anos.
Tudo dá certo no final Edward. Se ainda não deu, não é o final. Ela dormiu com um sorriso no rosto, narrando pra mim como ficou emocionada por você salvá-la. Até chorou de novo.
Nós rimos alegres.
– Obrigado Rose.
Obrigada você por fazê-la feliz. Meu genro.
Eu fiz uma careta quanto à parte do genro e Rose entrou na casa divertida. Alice passou por mim com Jasper, eles haviam ido passear, para que ele pudesse se acalmar um pouco, ficar longe de muitas emoções. A anã sorriu, faceira pra mim, - provavelmente por ter visto algo em relação a conversa entre mim e a Rose. Eles entraram e eu decidi correr.
Correr sempre me fazia bem. Eu podia clarear as idéias e organizar meus pensamentos sem intromissões. Corri pela floresta sem realmente ter uma direção, segui meus instintos contemplando o borrão que era a floresta conforme eu passava por ela.
O acidente de hoje fora a prova que precisava pra saber que por mais forte e resistente que fosse, eu era um fraco quando o assunto era Bella. Não podia viver sem ela, meu ar, minha vida. Sempre fora e agora era mais do que nunca. Eu tinha até o consentimento da mãe! Ri me lembrando da conversa com Rose. Ela era muito mãe. Não tinha como dobrá-la.
Quando dei por mim estava em uma clareira. Linda, mesmo a noite. A lua iluminava a grama verde e as flores que adornavam o lugar. Era silvestre e natural. Meu novo lugar pra pensar.

Sorri quando a idéia de Bella e eu, aqui tomando sol, me surgiu. Era
um dos meus próximos passos. Ela adoraria, tinha certeza, do jeito que gostava de flores, costume que pegara com Esme, as duas eram companheiras de jardinagem sempre que podiam.
Voltei pra casa com um sorriso no rosto, com um próximo passo definido, e com a certeza de que queria Bella pra mim. Mais do que nunca.
Estranhei quando cheguei perto de casa e senti um cheiro a mais. Os pensamentos de Alice e Rose pedindo para mim ter calma me atingiram em cheio.
Ela decidiu em cima da hora Edward. Não deixou que eu visse. Desculpe.
Quando abri a porta de casa, ainda tinha esperanças de não ser verdade. Só minha imaginação. Mas minha família fazia sala para ela. A última pessoa-vampira que eu queria ver agora.

– Tanya?

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