Capítulo 22

777 48 2
                                    

- O que acha desse?

- Hm... Eu prefiro o preto.

- Eu também, mas acho que esse realça mais meu corpo... Ou não?

- Só porque fica colado no seu corpo? Que pouca vergonha!

Eu e Kurt estávamos em uma loja de blazers, em plena terça-feira à tarde, para escolher um para o baile de sábado. Isso mesmo, blazer para o Kurt, porque eu estava disposta a cumprir com a tarefa de passar a noite comendo chocolate e vendo qualquer filme que estivesse passando na TV (e que, de preferência, tivesse várias mulheres gatas e poucos loiros no elenco). Não queria ter que assistir a mais cenas pornográficas entre Puck e Quinn, e mesmo que Sant estivesse bem para ir, preferia ficar com ela em sua casa ou algo do tipo. Qualquer plano que envolvesse distância daquele colégio me agradaria, e sinceramente, ficar longe daquele baile não era pedir demais.

- Tudo bem, eu me decidi. – Kurt suspirou, atirando o Blazer branco que havia acabado de experimentar em cima de mim, unindo-o aos outros cinquenta que ele havia provado e desaprovado logo em seguida. – Vou ficar com o preto. É o mais barato e o mais bonito.

- Adoro quando você tem essas crises súbitas de inteligência. – sorri, sarcástica, pegando o blazer que havia caído sobre minha cabeça e colocando-o sobre a pilha de blazer rejeitados em meu colo. – Me faz crer que realmente existe alguma coisa dentro do seu crânio, por mais inativa que ela seja.

- Que tal você levar esses blazers pra atendente antes que meu joelho vá parar no fundo da sua garganta? – ele retrucou, cínico, e mesmo estando apenas de roupas íntimas, ele realmente me amedrontou.

- Acho que vou te esperar lá fora. – murmurei encolhida, carregando os blazers rejeitados e deixando o cubículo. Coloquei as peças sobre o balcão da loja com um sorrisinho sem graça para a vendedora, e logo me reaproximei do provador, bem a tempo de ouvir a voz abafada de Kurt falar.

- Você ainda não me contou o que aconteceu de tão sério nesse final de semana... Provavelmente estava esperando que eu me esquecesse disso, se eu ainda conheço suas técnicas falhas de fugir de mim.

Quase engasguei com minha própria saliva com aquela indireta mais do que direta e inesperada, ainda mais sendo tão cruelmente arrancada do mundo de fantasia no qual eu havia me forçado a mergulhar nas últimas 24 horas. Não pensar em Quinn (sozinha ou com Puck, tanto faz) exigia um bom esforço de minha mente, e ser forçada a me lembrar de eventos como o fim de semana me desestabilizou.

- Não faço ideia do que você tá falando. – despistei, tentando parecer o mais indiferente possível. Não adiantaria por muito tempo, mas eu precisava tentar enganá-lo, se não queria compartilhar com ninguém os acontecimentos na casa de praia. Eles já eram perturbadores o suficiente pra mim, e olha que isso já era perturbação demais, acredite.

- Ah, tá. – ele resmungou, e pelo tom de sua voz, soube que seus olhos estavam cerrados em sinal de ceticismo. – E eu sou a rainha da Inglaterra.

Engoli em seco, sem saber o que responder, e comecei a admirar minhas unhas e o enorme estrago que aquele fim de semana havia provocado nelas.

- Bom, você é quem sabe se vai me falar agora ou depois. – sua voz voltou a ecoar alguns segundos depois, quando ele saiu do provador já com suas roupas no devido lugar. – E eu tenho a vida toda pra esperar, dica.

Bufei, revirando os olhos e caminhando com ele até o balcão em silêncio. Ele pagou o blazer e rapidamente saímos da loja, chegando ao corredor vazio do shopping, devido ao pouco movimento às terças-feiras.

My Biology - FaberryOnde histórias criam vida. Descubra agora