Capítulo 34

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Respirei fundo pela enésima vez, fechando meus olhos por alguns segundos. Apesar da leve brisa que entrava pela janela conforme Quinn virava na rua de Santana, eu estava me sentindo um tanto sufocada dentro de seu Porsche, e ela obviamente estava notando isso. Eu só não estava sendo bombardeada com palavras de conforto ou algo parecido porque ela estava ainda mais nervosa para sequer abrir a boca.

- Eu vou com você. – ela disse num tom autoritário, enquanto estacionava na frente do prédio. Revirei os olhos. Era a quinta vez que eu teria que lhe explicar por que aquilo simplesmente não poderia acontecer.

- Eu entendo que você esteja preocupada, mas... Nem pensar. – falei, com a voz calma, e a vi bufar em desaprovação. – A única coisa que vai acontecer se você for comigo é uma briga. E não foi pra isso que eu vim.

- Que pena. – Quinn sorriu, cínica, e eu lhe lancei um olhar de censura. – Desculpa, você sabe que eu não sei ser diplomática.

- E assim como eu, você sabe que um punho no fundo da garganta dela não vai resolver nosso problema. – lembrei, cerrando meus olhos e vendo-a finalmente me olhar após desligar o carro. – Por esse motivo, você fica aqui embaixo.

Quinn sustentou meu olhar por alguns segundos, e depois desviou o seu, demonstrando seu descontentamento com aquela situação. Ela segurou minha mão, apertando meus dedos com certa força, e eu suspirei, com o coração um tanto acelerado. Meu Deus, ela estava me deixando ainda mais nervosa com aquela agonia toda.

- É pra tomar cuidado, ouviu? – ela murmurou, ranzinza, fitando nossas mãos com seriedade. – E não demore, senão eu...

- Fabray, chega. – a interrompi, vendo-a voltar a me encarar com os olhos surpresos e franzir levemente a testa, a cada segundo mais inquieta. – Você já repetiu esse discurso pelo menos umas cinco vezes! Vai dar tudo certo, pense positivo junto comigo, pode ser?

Quinn suspirou profundamente, e eu coloquei minha outra mão sobre a dela, baixando meu olhar até elas. Por um instante, a pequena cicatriz que eu havia deixado em seu braço há alguns meses prendeu minha atenção. Já havíamos passado por tanta coisa... Nunca pensei que viveria um momento como aquele.

- Desculpa, eu sei que estou sendo chata... Mas é que eu não estou gostando nada disso. – Quinn suspirou, e eu levei uma de minhas mãos até seu ombro, massageando-o e sentindo seus músculos rígidos ali. – E não estou tendo sucesso nenhum em tentar disfarçar.

- Confie em mim. – pedi, olhando-a com uma convicção que eu fingia ter. – Vai ficar tudo bem.

Ela me encarou por alguns segundos, em dúvida, mas logo assentiu, mesmo que contra sua própria vontade. Ela sabia que não adiantaria tentar me convencer a voltar para casa sem falar com Santana. Acariciei levemente seu rosto, sorrindo para ela, e deixei que ela se aproximasse o suficiente para tocar meus lábios com os seus.

- Tá bom, eu te deixo ir agora... Mas vai logo, antes que eu me arrependa. – Quinn sussurrou após alguns minutos, afastando seu rosto do meu com a expressão extremamente contida a ponto de parecer vazia aos olhos de alguém menos íntimo. - E volte logo.

- Eu vou voltar. – falei, abrindo a porta e saindo do carro. – Fique calma, professora.

- Impossível. – ela negou, encostando a testa no volante, e eu respirei fundo antes de caminhar até a portaria do prédio.

- A Srta. Lopez já a está aguardando. – Andy disse, com sua típica voz cordial, assim que cheguei à portaria. Engoli em seco, sabendo que aquela era a última vez em que eu entraria naquele edifício, se tudo fluísse de acordo com meus planos. Disfarcei o turbilhão de pensamentos que colidiam dentro de minha cabeça e assenti com um sorrisinho tenso, dirigindo-me à escadaria. Subi os degraus devagar, tentando imaginar como ela agiria (e eu também) quando chegasse ao meu destino, e somente quando parei à porta de seu apartamento foi que todas as especulações enfim sumiram de minha mente, dando total lugar à insegurança.

My Biology - FaberryOnde histórias criam vida. Descubra agora