Jack...

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Começo a correr na direção em que ouvi um grito agudo ,provavelmente de uma garota, vindo de algumas ruas depois da que eu estava.

Menos de meio minuto depois de ouvir o primeiro grito de pavor,ouço mais um vindo da mesma direção emitido pela mesma voz ,dessa vez muito mais alto, disparo para dentro de um beco sem luz nenhuma além da lua,seguindo completamente meus instintos e ignorando completamente meu objetivo de ir para a estação. Assim que adentro mais ao beco encontro duas figuras sombrias, uma no chão aparentemente se arrastando contra a parede e outra de pé com uma faca com cerca de 15 centimetros com vários dentes.

Assim que a figura caída no chão me vê me lança um olhar de pavor o que faz com que o ser de pé se volte para mim,ele usa chapéu e tem o rosto completamente enfaixado, com excessão dos olhos que são vermelhos como sangue. Após me encarar por alguns segundos a figura grita -Ora ora, o que um garotinho tão novo faz a essa hora nas ruas escuras dessa cidade perigosa?.-Diz o homem provocando-me.

-Acho que eu deveria perguntar o mesmo a você,ou você gosta de sair andando pelas ruas balançando essa faca e encurralando menininhas em becos toda noite?- ele me olha com desdém e por algum motivo que não compreendo levei a mão ao bolso da capa e puxei uma carta do baralho,assim que o fiz coloquei o capuz de minha capa e o encarei firmemente,parecia que não estava mais no domínio de meu próprio corpo e com um súbito movimento lanço a carta ,um ás de espadas, em sua direção, a carta atinge uma velocidade altíssima e encosta nas faixas dele, cortando as faixas e mostrando que uma parte de sua orelha fora arrancada pela carta.

Ele arregala os olhos como se não conseguisse crêr e então grita - EU VOLTAREI PARA TE BUSCAR, CRIATURA DAS TREVAS!!!- e então começa a escalar a parede do beco e some nas sombras, continuo olhando incrédulo para a parede e vejo meu ás de espadas fincado na parede provando que meu feito não fora um delírio de minha mente pouco estável e estressada.

Olho para a garota que ainda estava apavorada, tiro meu capuz e vou em direção dela - você está bem? Aquele doido te feriu?- Pergunto para ela enquanto me aproximo devagar para não assusta-la mais, enquanto me aproximo dela vejo seus olhos verdes brilhantes como os de um gato sob o brilho da lua e me perco naquele olhar por alguns instantes até ela falar - acho que estou bem,ele esteve me perseguindo desde algumas ruas atrás,gritando coisas sobrw minha raça ser imunda e que vamos destruir a humanidade.- me abaixo um pouco diante dela e dou o braço para ajudar ela a se levantar, assim que nossas mão se tocaram meu coração parou e meus olhos se arregalaram, sinto uma forte falta de ar e uma grande dor de cabeça e ouço algo em minha cabeça dizendo "O segundo já foi encontrado, faltam só mais dois."

Assim que recobro os sentidos, percebo que o tempo não passou durante meu transe, mas nós dois estamos ofegantes e eufóricos, então pergunto- você também ouviu aquilo?- entre uma respiração e outra ela responde - O segundo já foi encontrado,faltam só mais dois? Sim ouvi.- nos encaramos por alguns segundos e finalmente levanto ela,- Que loucura! Acabou que nem perguntei seu nome, senhorita.- digo ainda tentando entender o que estava acontecendo - Helena,Helena Gardner e você?- pergunta ela com a voz mais calma - Morfeu Marchello da Firenze, mas pode me chamar apenas de Morfeu,senhorita Garnder.- Digo enquanto começamos a andar para fora do beco - Me chame apenas de Helena,Ah por sinal, obrigada por me salvar daquele lunático, como você aprendeu a lançar cartas daquele jeito?-paro por um instante e lembro de meu ás de espadas ainda na parede e peço um segundo para pega-lo de volta, depois disso olho para ela e falo - Até onde eu me lembre, não aprendi, foi um instinto.- enquanto andamos pela rua escura olho para seu cabelo tão escuro quanto o meu, é liso e cacheado nas pontas.

Quando chegamos ao final do beco olhei para ela e falei - para onde a senhorita vai?- ela me encara e diz - Para a estação de Whitechapel,vou pegar um trem até o porto e então irei para outro país.- encaro ela com os olhos arregalados de surpresa e digo - Ora que coincidência, também trilharei o mesmo caminho, vou para a América, gostaria de me acompanhar até a estação?- ela assenti com a cabeça e um leve sorriso tímido.

Enquanto andamos na chuva noto que Helena está com frio então tiro minha capa vermelha amada e a coloco sobre os ombros de minha acompanhante e seguimos nosso caminho até a estação em silêncio.

O Mágico Da Capa VermelhaOnde histórias criam vida. Descubra agora