Dois - Jardim de infância

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Minha história com Noah era um típico clichê adolescente. Nós namoramos na época do colegial, bem, na verdade não foi propriamente um namoro. Ele fazia parte do time de futebol, cujo capitão era o meu melhor amigo. Ao saber da minha paixonite por ele, Danny tentou ser nosso cupido e foi um fracasso total. Noah não tinha nenhum interesse em mim e sim na Letícia que era líder de torcida. E pra piorar o meu drama juvenil, só se aproximou de mim por causa da minha amizade com ela. Mas Letícia não gostava dele. Ela era perdidamente apaixonada por Thomas. Pra resumir, em uma porcaria de festa dada pelo Danny em sua casa, Letícia deu um fora em Noah. Eu servi de prêmio de consolação naquela noite, ficamos bêbados e acabamos transando. Ficamos nessa enrolação por quase um ano até ele descobrir que eu estava grávida e me largar. Simples assim. Ele tinha metas a cumprir e a faculdade era sua prioridade, não um filho.

Eu acabei como qualquer garota de Nova Jersey. Entrei para a estatística de mais uma adolescente grávida aos 15. Meus pais me apoiaram em tudo. Terminei o colegial e tempo depois arrumei um emprego de secretária em um escritório de advocacia na cidade. Quando minha mãe morreu, dois anos depois do nascimento de Jonny, Letícia me deu todo o apoio que eu precisava. Ela e Thomas estavam juntos até hoje e no inicio desse ano, ele pediu ela em casamento. Eu ficava extremamente feliz, pelo menos o seu romance adolescente tinha dado certo.

Quanto a Noah e eu, nossa relação era no mínimo complicada. Brigávamos muito durante a gestação de Jonny, no entanto sempre acabávamos aos beijos. Quando acabou o colegial ele foi fazer faculdade na Flórida. Apesar da distância nunca deixou de prestar assistência ao filho. Sempre mandava vários presentes, aparecia de vez em quando e Jonny o adorava. Eu não sabia ao certo que sentimento ainda nutria por ele. Meus poucos relacionamentos depois dele foram um fiasco e fazia muito tempo que eu não tinha nada sério com ninguém.

Bastante incomodada com a presença de Noah em minha casa, decidi cumprir a promessa que fiz ao meu filho. Ele não tinha nada a ver com os meus relacionamentos problemáticos e nem entenderia se eu tentasse explicar. Coisa também que não faria já que envolve o seu pai. Peguei o espanador e voltei a limpar os enfeites. Depois comecei a montar a árvore.

Enfeitei toda a árvore com sinos, bolas coloridas, lacinhos, anjinhos, luzes e outros adereços. Só faltava apenas a estrela no topo da árvore. Estiquei todos os meus dedos dos pés e as mãos, mas não alcancei. Pior que a única escada que tínhamos papai tinha quebrado no verão passado. Me estiquei de novo. A estrela era o enfeite preferido do Jonny, não podia faltar. Dei dois pulinhos e quase cair.

- Quer ajuda? – Noah perguntou educadamente.

- Não, obrigada. – ter 1,60 de altura não era tão baixinho assim. Eu me achava muito alta numa casa em que minha mãe tinha 1,52. Mas agora olhando para essa árvore, eu me perguntava por que eu não conseguia mesmo usando uma cadeira, alcançar o topo.

- Deixa que eu te ajudo.

Quando ia dizer novamente que não precisava, sentir duas mãos fortes me suspender pela cintura. Corei. Agradecendo mentalmente por Noah não poder ver meu rosto, alcancei o topo da árvore.

- Pode me soltar agora. – disse assim que coloquei a estrela na árvore.

- Estou esperando a palavra mágica – ele tinha um tom de deboche na voz. Não podia acreditar que estava se divertindo com a situação.

- Eu não pedi para você me suspender, Henson. – disse irritada e um pouco constrangida com a posição em que eu estava. – Agora me põe no chão.

Ele não se moveu. Suas mãos apertavam fortemente a minha cintura. Talvez os anos que passou na faculdade, ele tenha feito musculação ou algo do tipo. Na época do colegial não ficava me segurando por tanto tempo assim, apenas me suspendendo pela cintura.

Light on My HeartOnde histórias criam vida. Descubra agora