Londres, Inglaterra
Cinco anos antes
Há alguns tempos prometi ao Chas que viria em alguma festa na casa dele, achava que nunca iria cumprir a promessa, mas as coisas que aconteceram na última semana me fizeram ficar com peso na consciência, eu devia essa para o puto, ele salvou meu traseiro de uma maneira incrível da última vez que nos vimos. A festa estava um tanto morna quando eu cheguei, havia uma dúzia de pessoas espalhadas pelo apartamento, que não era muito grande, conversando a maioria em pequenos grupos, tocava Warren Zevon na vitrola enquanto o próprio Chas distribuía latas de cerveja Belga. Pensei que teria sido uma tremenda armadilha ter aparecido naquela merda de festa, nem mesmo me recordo o motivo da comemoração. Não via a hora de escapar daquele lugar, estava frio, meus cigarros já estavam acabando e a cerveja tinha gosto de sola de bota de encanador, parecia tudo uma grande piada, esperava que em algum momento algum apresentador entrasse em cena com confetes, uma grande banda e dançarinas seminuas e revelasse que era tudo uma pegadinha. Fiquei por alguns minutos na cozinha, estava atrás de uma bebida de verdade e algum cigarro jogado pela mesa ou pelos balcões.
Lembro-me do velho Chas falando "Você vai curtir John!" pensei em muita nicotina, álcool, punk rock e uma meia dúzia de malucos, como nos velhos tempos, mas em vez disso me encontro no bunker da Sociedade dos Pervertidos Engolidores de Sêmen Anônimos que certamente estavam lá por exigência da vadia Beatnik que ele estava pegando naquela época. Enquanto eu decidia se enfiava minha cabeça no forno ou continuava a procurar suprimentos para aguentar a noite eu observei ao longe uma garota de cabelos vermelhos, pele branca como mármore, vestido azul, assim como eu estava completamente deslocada daquela convenção de putos, cruzamos os olhares por um instante, antes de pensar novamente em me matar de alguma forma rápida e indolor decidi me aproximar um pouco, uma boa dose de socialização antes de pular pela janela não me faria mal.
Andei em direção à garota e antes mesmo de falar qualquer palavra ela tira um cigarro do maço que estava em seu bolso de trás e me oferece – É isso que o jovem misterioso procura? – Falou olhando em meus olhos com um sorriso no canto da boca.
– Não sabia que a jovem vidente lia pensamentos – Falei enquanto buscava um isqueiro no bolso da calça – Pode também adivinhar em que cor eu penso agora?!
– Acho que não precisa ser nenhuma vidente para perceber que está prestes a explodir nessa festa.
– Bem, você me descolou o cigarro senhorita vidente, agora falta uma bebida e uma maneira de escapar daqui.
Naquele momento ela pegou uma lata vazia no balcão e me empurrou – Seu desgraçado, quem você pensa que é seu cuzão?! – Começou a gritar de maneira que todos na festa ouviram e se calaram, jogou a lata vazia em mim e disse – Acha que pode falar assim comigo seu merdinha? Nem pense em me seguir!
Antes que eu pudesse ter qualquer reação ela falou com os dentes cerrados – Essa é a hora que você me segue – Andou rapidamente até a porta e saiu falando – Sinto muito Chas! – Olhei para a plateia e sem pensar duas vezes corri atrás dela porta a fora – Foi mal Chas!
Estávamos na calada madrugada de Londres rindo alto.
– Você viu... Você viu a cara deles?! – Disse ela quase sem ar de tanto rir.
– Venderia minha alma outra vez para reviver isso!
– Finalmente arranjei utilidade para as aulas de teatro que fiz aos 15 anos! – Cambaleávamos um se apoiando ao outro, como velhos amigos.
Começou a chover, ela me convidou para subir no seu novo apartamento, disse que tinha um bom vinho e cigarros não molhados, aceitei o convite.
– Antes que me esqueça, eu me chamo Lucille Hunt, pode me chamar de Lucy – Falou ela na porta do prédio – E você nobre e molhado cavalheiro, como se chama?
– John... John Constantine.
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Constantine/Hellblazer - Despedidas em vermelho
FanfictionLonge da caótica Londres, John Constantine se vê perdido em uma cidade que guarda vários fantasmas de seu passado, mesmo longe das correntes da magia o destino reserva planos para todos que o cercam. "Aqui estou eu novamente sem destino, longe de c...