Never Be Alone

Revenge

P.O.V. Igor

Estamos a caminho do hospital, os médicos tentam estabilizar Yan enquanto ele tosse sangue, sua respiração está ofegante e seu corpo treme, ele me olha o tempo todo até um dos médicos aplicar uma injeção em sua veia, eu aliso seu rosto dizendo que ficará tudo bem e ele fica desacordado. Seguimos por alguns momentos em silêncio, Jackson segura a mão de Yan e permanece de cabeça baixa, paramos na entrada de emergência do hospital e a porta da ambulância se abre, a maca com Yan é retirada e os médicos correm com ele, nós paramos na recepção e enquanto aguardamos notícias ligo pro meu tio, o barulho do telefone ecoa em minha cabeça e leva uma pequena eternidade até ele atender.

- Igor? - ele diz com sua voz grossa e calma - está tudo bem?

- Tio, uh... sim. Quer dizer, mais ou menos - eu gaguejo - estou no hospital, meu colega de quarto comeu camarão, ele tem alergia... Enfim, poderia vir me buscar depois? Talvez possa me levar de volta à Marshall.

- Não quer passar a noite em casa? - ele responde depois de um tempo em silêncio - posso te levar amanhã.

- Tudo bem - eu respondo.

Desligo o telefone e cubro o rosto com as mãos, tento segurar as lágrimas. Não quero que ninguém me veja chorando, não aqui, não novamente. O médico sai da sala em que Yan entrou e vem até nós, a essa altura Jackson também ligou pros pais e eles estão a caminho.

- Ele está bem - diz o senhor de cabelos brancos e alto - conseguimos estabilizar a crise, ele vai dormir o resto da noite. Ainda há riscos de complicações porque a intoxicação afetou sua garganta e cordas vocais, ele terá que ficar em casa por uns dias até se recuperar de vez. Vocês podem vê-lo.

Jackson suspira e dá uma gargalhada baixa, entra na sala e eu o sigo, antes de chegar na porta o médico me chama.

- Desculpe, garoto - ele diz - mas você é da família?

- Yan é meu... - eu suspiro - amigo.

- Lamento, mas só familiares, você terá que esperar ele receber alta.

Eu volto à minha cadeira, agora estou sozinho, um homem senta ao meu lado e passa a mão em meu cabelo, eu levanto a cabeça assustado e meu tio sorri e eu o abraço, esperamos Jackson sair do quarto, ele me mostra uma foto de Yan dormindo, ainda há manchas vermelhas em seu corpo, me despeço dele com um abraço e sigo em silêncio com o meu tio até o carro, entramos e ele dirige pra casa. Chegamos, eu passo pela sala - nada exagerado, apenas paredes brancas com duas poltronas azuis, uma tv na parede e um pequeno rádio na bancada - subo as escadas e ando por um pequeno corredor, abro a porta e volto ao meu antigo e pequeno quarto. Meus pôsters do Arctic Monkeys ainda colados na parede verde-claro, minha cama arrumada próxima a janela de vidro que dá uma vista para o quintal.

Procuso algo pra vestir e encontro uma calça de moletom e uma camisa pra dormir, tomo banho e visto a roupa, desço em direção a cozinha e ponho um pouco de cereal num recipiente com leite, sento em uma das poltronas da sala, logo meu tio vem e senta à minha frente.

- Ouça, Igor... - ele diz - sei que tem suas razões pra ficar zangado comigo, mas entenda...

- Tio, não tenho mágoas do senhor - eu digo respirando fundo - precisavamos de tempo e espaço pra entender o que aconteceu. Foi bom ter ido à Marshall, eu encontrei amigos de verdade lá, e eu encontrei o meu lugar. - eu sorrio

- Você pode voltar quando quiser, só ligar, ok? - ele sorri - a casa é sua

- Obrigado, Tio - eu digo - mas acho que ficarei lá até a Faculdade.

Voltamos ao silêncio, eu termino de comer e deito na minha cama, é horrível sentir falta do Yan me abraçando, da sua respiração perto de mim, seu cheiro... Demoro um tempo até conseguir pegar no sono, mas continuo vendo imagens dele em meus sonhos.

Horas depois

Acordo com o barulho dos pássaros cantando no quintal, já é de manhã. Levanto, tomo um banho rápido, pego o casaco que Yan me emprestou e visto. Desço e tomo café, o ônibus da Marshall para próximo a minha casa e eu entro, Jackson está na primeira fila, eu o abraço e ele me conta que Yan acordou tentando me chamar, mas sentiu muita dor. Eu fico corado e Jack ri, seguimos o resto da viagem conversando e eu penso sobre a minha suspeita de Cami ser a responsável pelo que eu chamei de sanduíches da morte, o ônibus para e seguimos até os nossos quartos, eu troco de roupa e vou pra sala de aula.

Ando pelo corredor com armários e cartazes colados na parede, chego na porta da sala de aula - é espaçosa, tem carteiras organizadas em duplas e as paredes brancas - sento na minha cadeira de sempre, Sean senta ao meu lado e o professor começa a dar aula, mas eu não consigp restar atenção. O assunto da noite passada martela a minha cabeça até o fim da aula, me levanto e saio sem esperar os meninos, ouço Jackson me chamar mas não dou ouvidos.

Vou até o refeitório e Cami está sentada com suas amigas.

- Cami, preciso falar com você - eu digo - é serio. Ela sai de perto das amigas e eu a puxo pro corredor.

- Me perdoe - eu digo - eu fui um idiota escolhendo o Autumn ao invés de você.

- Eu sabia que alguns sanduíches fariam você perceber isso, amor - ela me abraça - podemos ficar juntos, o que acha?

- Acho ótimo, mas que tal ficar mais sozinhos? - eu sussurro - me encontre no D2 daqui meia hora, vou te encontrar lá com uma surpresa - eu mordo sua orelha e nós nos beijamos.

Você criou o grupo "My boys" e adicionou Seea, Gayan e Jackshit

Igor: Boys, irei me vingar pelo que fizeram pelo Yan

Jackshit: Não faça nenhuma besteira, mate

Igor: talvez vocês me odeiem por isso 😂😂

Seea: O que quer dizer?

Igor: tenho que ir, até mais tarde!

Guardo o celular no bolso e saio do quarto, ando pela área externa do internato, escrevo um bilhete e jogo num dos Guardas que andam próximo aos corredores, em seguida sento num dos bancos e pego o celular

Igor para grupo "My boys"

Igor: meninos, venham até a área externa rápido, isso será divertido!

Jackson e Sean chegam logo, sentam ao meu lado e eu fico em silêncio, logo um barulho é ouvido e alguns alunos correm, nós vamos atrás e chegamos até o dormitório 2, um dos guardas segura Cami pelos braços e o Diretor sai do porão.

- Providências serão tomadas - ele grita - e você, senhorita Rodríguez, está expulsa desse colégio!

Cami chora e tenta dizer algo, ao passar por mim, eu apenas sorrio e mando um beijo pra ela. De volta ao meu quarto, Jackson e Sean perguntam se eu estou envoldido nisso, eu sento na cama rindo.

- Você não é assim, Igor! - Jackson diz

- Mas Yan é, e ele faria isso por mim também! - respondo - só mostrei como não se deve mexer com meus amigos.