Greg

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Felipe narrando.

Então ela planeja fugir...

Aurora narrando.

Felipe vem agindo estranho e Greg também, já fazem quatro dias que conversamos e nada, nenhum sinal de nenhuma das coisas que pedi pra ele. Ele não deve ter conseguido tudo, tenho que pensar positivo... Eu ele vai dar um jeito...

SUAS SEMANAS DEPOIS

-Aurora! Aurora!
Grita Greg. Depois de um tempo em que estávamos em um silêncio constrangedor, na sala, porque ninguém tinha coragem de falar alguma coisa sobre a fuga.
Me virei para Greg, que estava atrás de mim, e olhava para uma janela, de onde eu estava parecia normal, então me levantei e andei um pouco. Vi uma pedra no chão e o vidro estourado em mil cacos pela sala e cozinha. O volume da tv estava alto, BEM alto, por isso não ouvi.
-Se abaixa, eles vão atacar de novo!
-Eles quem?
-Eles!
Falou ele apontando para a janela onde um homem alto, pálido como uma parede, entrava pela janela e erguia sua arma procurando o alvo.
-Onde estão? Cadê o Felipe? Ou melhor, a florzinha Aurora?
Eu sinceramente odeio que me chamem de florzinha, me faz parecer delicada e indefesa. E não é certo, bom, não totalmente. Ficamos escondidos atrás de uma das poltronas da sala.
-Sei que estão aí! A televisão ainda está ligada!
-Eles não estão aqui!
Falou Greg saindo do nosso "esconderijo".
-Onde estão então?
-Eles foram no shopping, precisavam comprar mais roupas para Aurora.
-Esperto você... Mas não me engana. Cadê eles?
Ele apontou uma arma no pescoço de Greg. Fiz sinal que iria sair e me entregar mas Greg fez que não com o dedo, e um sinal para mim ir pra o quarto.
Parei pra pensar. O sótão!
Enquanto Greg distraía ele corri para o quarto de Felipe e entrei no sótão.
Eu estava fechando a porta, uma mísera fresta para trancar e ouvi um estouro. Tremi e deixei a escada cair, muito rápido puxei de volta, porém quase deu tempo de ele me ver.
Liguei a luz fraca, e vi todo aquele lugar, que mais parecia um quarto de um serial killer, fiz menos barulho possível já que ele estava no quarto logo em baixo de mim.
Analisei o lugar aos poucos, todos os cantos, em alguns vi umas fotos minhas que eu nem sabia que eu tinha tirado, umas de Jason... Ele estava lindo nelas, faz mais de um mês que não o vejo, tirando a vez que quase o vi sem memória, mas não conta. Ele estava diferente, olhar mais preocupado, seu olho mais azul, quase um verde. Senti saudade. E doeu.
Voltei ao mundo real quando ouvi mais uns tiros no andar de baixo, será que Greg está vivo? Eu quero tanto saber. Mas não posso arriscar descer. Uma parte de mim quer descer e ajudar, mas a outra me lembra do pedido dele, eu tenho que honrar seu último pedido e ficar aqui.
Cochilei. Acredito que quase 3 horas depois Felipe chegou.
Ouvi sua voz feito louco me chamando e logo que ele abriu o alçapão que revelou seu rosto sai.
-Você esta bem?
-Sim e Greg?
-Greg? Como você sabe o nome dele?
-Implorei pra ele me contar. Não gosto de não saber o nome das pessoas... E quem era aquele homem que invadiu?
-Um cara, que acha que eu devo muito dinheiro para ele.
-Dinheiro do que?
-Daquilo que você viu ali em cima...
-A propósito, o que é aquilo? Faz parte do que eu tentei esquecer?
-Sim.
-E Greg?
-Greg? Sim. Ele está bem.
-Esse bem não me convenceu, senti a mentira no seu tom de voz. Quero ver ele, afinal ele se arriscou por nós.
-Por nós?
-Sim aquele cara queria nos matar!
-Bom, ele está na sala.
Corri bem rápido e o vi jogado no chão, só vi seu pé.
Fiquei desesperada, corri e vi ele lutando para não morrer, o tiro acertou o pulmão direito, fatal.
-Eu vou morrer?
Perguntou ele fraco.
-Não vou mentir para você Greg. Você vai.
Vi uma lágrima rolar pelo rosto.
Ele está ficando sem ar, coloquei a minha mão no ferimento, mas era tarde demais, ele aguentou por muito tempo já.
Fiquei triste e comecei a chorar.
-Greg, obrigada por me dizer seu nome.
-Aurora, você vai encontrar a paz. Você vai!
-Vou sim Greg, e você vai para um lugar melhor! Onde você vai andar em nuvens de algodão doce! E terão jardins com rosas brancas onde você encontrará a luz, e o seu final feliz!
Acabei de falar em meio as minhas lágrimas, ele levantou a mão com o resto de força que tinha e enxugou meu rosto.
-Não vou dizer adeus, meu amigo, vou dizer, "até logo".
-Até mais.
E ele morreu.
Em pouco tempo eu já considerava ele como um irmão. Doeu perder ele.

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