Ah meu bem, saudade da tua barba penicando minha pele, do teu abraço estupidamente confortável e daquele teu olhar lindo de amparo quando me vê chegando. Ta difícil de aguentar tua falta, ontem ela se personificou e tomou umas taças de vinho comigo ao som de Fagner, dançamos e acabamos chorando juntinhas deitadas no tapete, por que sabemos que nenhuma música, bebida, sorvete, bar ou série vai tamponar essa tua ausência.
Porque quero é sentir o cheiro que passa da tua pele pra minha roupa, uma mistura de aventura com um leve aroma de casa. Ah, meu amor! Te escrevo porque ouvi tua voz sem poder te sentir perto vai me torturar mais ainda.
Parece que tô vendo aquele seu olhar debochado de quando me acha muito dramática ou muito exagerada, se você tivesse aqui ía me fazer corar com esse tal olhar e me tomar nos braços pra acalmar toda essa minha intensidade. Que não te afugenta, e eu sempre me surpreendo com isso.
Você não vai embora quando choro vendo aquele filme que já sei as falas decoradas, nem tem vergonha quando grito ao me assustar com uma folha que caiu do lado, você segura a minha mão quando quero porque quero andar no meio-fio, sabe o momento cronometricamente certo pra bagunçar meu cabelo quando começo a pensar besteira, me dá livros ao invés de bichinhos de pelúcia, ri das minhas plaquinhas ao te esperar no aeroporto, e faz aquela cara de quem sabe que o que escrevi ali é verdade e não liga pras pessoas que leem e se perguntam: "- Mas quem é esse tal de 'melhor dormidor de conchinha do mundo?"
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Contos Banais
Historia CortaMinha bagunça interna em forma de um amontoado de histórias aleatórias. Todas escritas na primeira pessoa, confissões de vozes graves, agudas, roucas e mudas.